Prevenção primária

São fracas as evidências de que a profilaxia antibiótica previne infecção após procedimentos dentários e instrumentação dos tratos respiratório, geniturinário e gastrointestinal.[51]​ Não foi constatado que o aumento na incidência de EI nos últimos anos esteja relacionado temporalmente às mudanças nas recomendações sobre o uso de antibióticos profiláticos.[51][52][53][54]​​​ Dados conflitantes sugerem que uma redução na bacteremia pode não resultar em redução na incidência de EI nos indivíduos de baixo risco.[55] O risco de bacteremia resultante de qualquer intervenção, tais como procedimentos odontológicos e instrumentação dos tratos respiratório, geniturinário ou gastrointestinal, é significativamente menor que o de atividades comuns do cotidiano, como escovar os dentes ou mastigar.[51][56]​​​​ Os dados indicaram que, mesmo se o tratamento com antibióticos profiláticos fosse 100% efetivo, apenas um pequeno número de casos seria prevenido. De fato, o risco de fatalidades decorrentes da anafilaxia resultante da profilaxia com antibióticos é maior que o benefício de impedir a endocardite.

Há consenso no sentido de que a profilaxia antibiótica deve ser amplamente reservada para os pacientes com o maior risco de desenvolverem endocardite e com alto risco de apresentarem desfechos adversos a partir dela.[20][40]​​[57][58]​​​​[59]​ As decisões sobre profilaxia antibiótica devem ser tomadas somente após avaliação cuidadosa das circunstâncias individuais do paciente, após discussão com o paciente, levando em consideração os valores e preferências do paciente e usando seu julgamento clínico.[57][58][60]

A American Heart Association, o American College of Cardiology e a European Society of Cardiology listam as seguintes características de alto risco:​​[6][7][20]

  • Valvas cardíacas protéticas, incluindo próteses implantadas transcateter e homoenxertos

  • Material protético usado para reparo de valva, como anéis de anuloplastia, cordas ou clipes

  • EI prévia

  • Cardiopatia congênita cianótica não reparada ou cardiopatia congênita reparada, com desvios residuais ou regurgitações valvares no local, ou adjacente ao local, de um adesivo ou dispositivo protético

  • Receptores de transplante cardíaco

  • Dispositivos de assistência ventricular

A profilaxia antibiótica é recomendada nesses pacientes de maior risco ao realizar procedimentos odontológicos que envolvam a manipulação dos tecidos gengivais ou da região periapical do dente, ou perfuração da mucosa oral.[20][40]

A causa mais comum de endocardite infecciosa (EI) após um procedimento dentário é o Streptococcus viridans (estreptococos alfa-hemolíticos). Os antibióticos para profilaxia são, portanto, direcionados a esse organismo e administrados em dose única 30 a 60 minutos antes do procedimento.[40]

A profilaxia antibiótica não é recomendada nos pacientes de alto risco para os seguintes procedimentos odontológicos: injeções de anestésico através de tecido não infectado, realização de radiografias dentárias, colocação de próteses removíveis ou aparelhos ortodônticos, ajuste de aparelhos ortodônticos, colocação de braquetes ortodônticos, remoção de dentes decíduos e sangramento devido a trauma nos lábios ou mucosa oral.[40]

A profilaxia antibiótica não é recomendada nos pacientes de alto risco submetidos a procedimentos não odontológicos (por exemplo, ecocardiografia transtorácica, endoscopia digestiva alta, colonoscopia ou cistoscopia) na ausência de infecção ativa.[20][40]

A profilaxia antibiótica não é recomendada nos pacientes com lesões de risco moderado.[20][40]

No Reino Unido, o National Institute for Health and Care Excellence (NICE) recomenda que pacientes de risco, submetidos a procedimentos intervencionistas, não devem receber profilaxia com antibióticos para endocardite infecciosa (EI). Entretanto, o instituto enfatiza que a antibioticoterapia ainda é necessária para tratar infecções ativas ou potenciais.[61] As recomendações da American Heart Association e do NICE podem não ser universalmente aceitas em outros países.

Prevenção secundária

Os pacientes com história pregressa de EI têm alto risco de um episódio posterior de endocardite. Esses pacientes devem receber profilaxia antibiótica para os procedimentos odontológicos que envolvam a manipulação dos tecidos gengivais ou da região periapical de dentes, ou perfuração da mucosa oral.​[20][40]​​

No Reino Unido, o National Institute for Health and Care Excellence (NICE) recomendou que pacientes de risco, submetidos a procedimentos intervencionistas, não devem mais receber profilaxia com antibióticos para EI. Entretanto, o instituto enfatiza que a antibioticoterapia ainda é necessária para tratar infecções ativas ou potenciais.[61] As recomendações da American Heart Association e do NICE podem não ser universalmente aceitas em outros países.

A EI pode significar uma neoplasia oculta. A relação entre infecção por Streptococcus gallolyticus (anteriormente Streptococcus bovis) e o câncer de cólon está bem documentada. A exclusão de um câncer de cólon oculto é recomendada nos casos de EI secundária à infecção com esses organismos. Uma colonoscopia anual é fortemente recomendada para os indivíduos em que não houver tumor detectado.[143]

Houve um aumento no número de indivíduos afetados por cardiopatias congênitas e a incidência de EI neste grupo é relatada como sendo de 15 a 140 vezes maior que na população em geral, embora o prognóstico permaneça melhor do que nas outras formas de EI .[144][145]​ A prevenção primária naqueles com cardiopatia congênita é fundamental, e a educação do paciente quanto à higiene oral, dental e cutânea e quanto a evitar tatuagens e piercings permanece crucial.[144][145]

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