História e exame físico

Principais fatores diagnósticos

comuns

febre/calafrios

Queixa inicial mais comum.[7]​​[21]​​ Os pacientes idosos ou imunocomprometidos podem ter uma apresentação atípica, sem febre.[7]​ A avaliação urgente para EI é importante para qualquer paciente que apresente febre em conjunto com cefaleia, sinais meníngeos, sintomas de AVC, dor torácica, dispneia ao esforço, ortopneia ou dispneia paroxística noturna; e para qualquer paciente com febre inexplicada que esteja em alto risco de EI (por exemplo, valvopatia congênita ou adquirida, EI prévia, valvas cardíacas protéticas, malformações cardíacas congênitas ou hereditárias, imunodeficiência, uso de medicamentos injetáveis).[20]

sudorese noturna, mal-estar, fadiga, anorexia, perda de peso, mialgias

Sintomas constitucionais inespecíficos

fraqueza

A natureza da fraqueza pode ser constitucional ou focal. Deve-se suspeitar de êmbolos sistêmicos se os pacientes apresentarem fraqueza assimétrica consistente com acidente vascular cerebral (AVC).

artralgias

Podem representar um sintoma constitucional ou podem ser secundárias aos êmbolos sépticos da articulação afetada.

cefaleia

Pode representar um sintoma constitucional ou pode ser secundária aos êmbolos sépticos.

dispneia

Dispneia ao esforço, ortopneia e dispneia paroxística noturna são características da insuficiência cardíaca congestiva.

Incomuns

sinais meníngeos

Secundários aos êmbolos sépticos.

sopro cardíaco

O clássico sopro cardíaco novo ou seu agravamento é raro. Os pacientes que desenvolvem novos sopros regurgitantes apresentam maior risco de desenvolver insuficiência cardíaca congestiva.

Lesões de Janeway

Placas hemorrágicas, maculares, indolores com uma predileção pelas palmas e solas.[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Lesões de JanewayDo acervo de Sanjay Sharma, St George’s University of London, Reino Unido; usado com permissão [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@1a47742f

Nódulos de Osler

Lesões nodulares, pequenas e dolorosas geralmente encontradas nos coxins dos dedos das mãos e dos pododáctilos.[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Nódulo de OslerDo acervo de Sanjay Sharma, St George’s University of London, Reino Unido; usado com permissão [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@7fcbaa9b

Manchas de Roth

Lesões retinianas ovais e pálidas, rodeadas por hemorragia e detectadas por fundoscopia.[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Manchas de RothDo acervo de Sanjay Sharma, St George’s University of London, Reino Unido; usado com permissão [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@69fc16b9

Outros fatores diagnósticos

Incomuns

hemorragias em estilhas

Podem ser observadas nas unhas dos membros superiores e inferiores. Elas são inespecíficas.

infartos cutâneos

Podem ser observados em membros distais. Elas são inespecíficas.[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Infartos cutâneosDo acervo de Sanjay Sharma, St George’s University of London, Reino Unido; usado com permissão [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@59122d69

dor torácica

Pode se manifestar com dor torácica isquêmica, secundária a insuficiência cardíaca descompensada em decorrência de regurgitação valvar aguda ou de êmbolos da artéria coronária.

dorsalgia

Pode representar discite decorrente de êmbolos sépticos.

petéquias palatais

Podem estar presentes.

Fatores de risco

Fortes

história prévia de endocardite infecciosa

Considerado uma das condições associadas ao mais elevado risco de desfecho adverso da endocardite.[6][7]

presença de valvas cardíacas protéticas artificiais

Considerado uma das condições associadas ao mais elevado risco de desfecho adverso da endocardite. O risco de EI derivada de implante transcateter da valva aórtica e substituição cirúrgica da valva aórtica foi similar.[37][38][39]

certos tipos de cardiopatia congênita

As condições que atendem aos critérios da American Heart Association de maior risco de desfecho adverso da endocardite incluem: cardiopatia congênita cianótica não reparada, incluindo shunts e condutos paliativos; defeito cardíaco congênito totalmente reparado com material protético ou dispositivo colocado por cirurgia ou intervenção por cateter, durante os primeiros 6 meses após o procedimento; cardiopatia congênita reparada com defeitos residuais no local ou adjacente ao local de um dispositivo protético (que inibe a endotelização); valva de artéria pulmonar cirúrgica ou transcateter ou colocação de conduto, como a valva Melody e o conduto Contegra.[40]

A European Society of Cardiology classifica um paciente como de maior risco de desenvolver EI se apresentar cardiopatia congênita cianótica não tratada ou cardiopatia congênita que tenha sido reparada com um material protético (incluindo condutos com valvas ou shunts sistêmico-pulmonares).[7]

A prevalência da cardiopatia congênita em adultos tem aumentado como resultado de melhores opções de tratamento na infância.[41]

pós-transplante cardíaco (pacientes que desenvolvem uma valvulopatia cardíaca)

Considerado uma das condições associadas ao mais elevado risco de desfecho adverso da endocardite.[42]

pacientes imunocomprometidos

Pacientes com sistema imunológico comprometido são mais suscetíveis a infecções, incluindo EI. Muitas condições podem enfraquecer o sistema imunológico, incluindo idade avançada, diabetes mal controlado, doença renal, doença hepática, neoplasia maligna, uso crônico de esteroides e história de transplante de órgãos sólidos.[21][43][44]

Fracos

presença de dispositivo cardíaco eletrônico implantado ou cateteres intravasculares (por exemplo, para hemodiálise)

Pode estar associada a aumento do risco de desenvolver endocardite infecciosa (EI).[11][45]

Os fatores de risco para EI relacionada a dispositivos incluem insuficiência renal, hematoma no local do implante, diabetes mellitus e anticoagulação.[9][10][11]

doença valvar degenerativa adquirida

Há evidências de boa qualidade de que pacientes com estenose valvar aórtica bicúspide congênita apresentam maior risco; entretanto, há menos evidências disponíveis com relação à estenose valvar aórtica degenerativa.[7][21]​​​​​​​​ Evidências limitadas sugerem que a calcificação do anel mitral também pode atuar como um foco para EI.[46]

prolapso de valva mitral ou prolapso de valva bicúspide

A prevalência de prolapso da valva mitral (PVM) na população em geral é alta, e pacientes com PVM têm um risco de EI de três a oito vezes maior em comparação com pessoas com corações estruturalmente normais.[47]

Os pacientes com PVM e aqueles com prolapso de valva bicúspide têm uma maior incidência de EI devida a estreptococos do grupo viridans e EI com suspeita de origem odontológica do que os pacientes de alto risco.[47][48]​​​​ O PVM com regurgitação mitral concomitante coloca os pacientes em maior risco.[47]​ Há muita controvérsia sobre a eficácia da profilaxia nos pacientes com PVM sem regurgitação.[47]

cardiomiopatia hipertrófica

A cardiomiopatia hipertrófica está associada a um risco intermediário de EI.[7][49]

uso de substâncias por via intravenosa

Esses pacientes apresentam maior risco de desenvolver endocardite aguda por Staphylococcus aureus.[3] Uma em cada 10 infecções estafilocócicas invasivas nos Estados Unidos é atribuível ao uso de medicamentos intravenosos.[3]

Embora o envolvimento da tricúspide seja significativamente mais frequente na endocardite associada ao uso de substâncias por via intravenosa em comparação com o não uso, um estudo revelou que a endocardite do lado esquerdo ainda era mais comum que a do lado direito em ambos os grupos.[14]

Esses pacientes tiveram desfechos clínicos piores, independentemente do uso de drogas após a cirurgia.[14]

febre Q crônica

A endocardite é uma complicação grave da febre Q crônica. Ela geralmente afeta homens de meia-idade com história de exposição significativa a animais e, geralmente, ocorre em pacientes com valvopatia preexistente ou imunocomprometidos.[50]​ O quadro clínico da endocardite crônica por Coxiella burnetii deve ser fortemente considerado no diagnóstico diferencial de endocardite com cultura negativa. Um alto índice de suspeição em pessoas de risco com febre de origem desconhecida, combinado com testes sorológicos, garante um diagnóstico oportuno.[50]

O uso deste conteúdo está sujeito ao nosso aviso legal