Monitoramento

Os pacientes com hepatite autoimune precisam de monitoramento vitalício, pois as crises e recidivas da doença são frequentes, mesmo após a remissão completa.[26] A evolução geralmente é monitorada pelos níveis de aminotransferases séricas, bilirrubina, tempo de protrombina, albumina e globulinas (total ou gamaglobulina). Quando a remissão é alcançada e o tratamento é suspenso, os pacientes devem ser monitorados rigorosamente para recidiva, com avaliações laboratoriais regulares durante os primeiros 12 meses e a cada 6-12 meses desse momento em diante.[1][26]​​​ O acompanhamento da biópsia hepática deve ser realizado se os níveis de alanina aminotransferase e/ou IgG aumentarem ou flutuarem. O acompanhamento da biópsia nem sempre é necessário para demonstrar a remissão histológica antes da supressão do tratamento, pois as chances de atividade inflamatória significativa que requer aumento da imunossupressão são muito baixas, quando os níveis de transaminases e IgG estiverem normalizados. Entretanto, é recomendado se houver probabilidade de uma alteração no manejo resultante do procedimento; é particularmente o caso em pacientes com resposta abaixo do ideal à imunossupressão, e em pacientes com efeitos colaterais do tratamento. A biópsia também é recomendada antes da supressão do tratamento para pacientes que tiveram apresentação inicial grave e baixa tolerância ao tratamento de indução, pois os achados histológicos são preditivos de evolução da fibrose e recidiva.[26] A biópsia hepática pré-supressão também é fortemente recomendada em crianças, para assegurar a resolução da inflamação.[1]

Os pacientes que recebem imunossupressores devem ser monitorados quanto a possíveis complicações da terapia com corticosteroide e azatioprina. Hemograma completo para monitoramento da leucopenia e trombocitopenia, níveis de glicose e testes da função renal devem ser realizados em intervalos regulares. Os pacientes que iniciaram terapia combinada om prednisolona/azatioprina devem ter os parâmetros clínicos e laboratoriais basais monitorados durante as primeiras quatro semanas. À medida que a dose do esteroide é reduzida gradualmente, os intervalos de monitoramento podem ser estendidos para 1-3 meses. Durante o tratamento de manutenção, os pacientes devem ser avaliados em intervalos de 3-6 meses.[26]

Exames oftalmológicos para catarata e glaucoma geralmente são recomendados em pacientes com corticoterapia de alta dose e/ou em longo prazo.

As diretrizes europeias recomendam que a avaliação da densidade mineral óssea (DXA) seja realizada, idealmente, em todos os pacientes com hepatite autoimune na apresentação, junto com o acompanhamento entre 1 e 5 anos, dependendo do desfecho e do risco geral de osteoporose.[26]​ As diretrizes dos EUA recomendam que a DXA seja realizada na linha basal em pacientes adultos com hepatite autoimune que apresentam fatores de risco para osteoporose, e repetida a cada 2-3 anos de tratamento contínuo com glicocorticoide.[1] Elas também recomendam que os níveis séricos de 25-hidroxivitamina D sejam determinados no diagnóstico e, em seguida, uma vez ao ano, com a insuficiência tratada conforme a necessidade. Ambas as diretrizes recomendam que os pacientes tomem suplementos de vitamina D e assegurem a ingestão adequada de cálcio durante a terapia com glicocorticoide. A terapia com bifosfonato é indicada para pacientes com hepatite autoimune e osteoporose documentada.[1][26]

Os pacientes com hepatite autoimune e cirrose devem ser submetidos a um rastreamento para carcinoma hepatocelular, com um exame de ultrassonografia a cada 6 meses, com ou sem medição da alfafetoproteína.[1][26]

As alterações no estado de saúde mental do paciente devem ser monitoradas durante o tratamento da hepatite autoimune, e suas necessidades psicossociais devem ser atendidas. Questionários estruturados e validados podem ser úteis.[1]​ A depressão e a ansiedade são mais comuns em pacientes com hepatite autoimune do que na população em geral, principalmente devido a preocupações sobre a evolução da doença.[1][26] A depressão é moderada em 19% dos pacientes e moderadamente grave em 10%, e está fortemente relacionada com a fadiga física.[1] Escores baixos nas avaliações de qualidade de vida relacionada à saúde foram fortemente associados com o uso de glicocorticoide. Problemas de saúde mental pré-tratamento, especialmente depressão, podem ser intensificados durante o tratamento com glicocorticoide.[80] O desenvolvimento ou agravamento de problemas de saúde mental pode justificar o aconselhamento direcionado, ajustes individualizados nas doses de glicocorticoides, ou antidepressivo adjuvante ou intervenções antiansiedade.​[1]

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