Etiologia
A etiologia da hepatite autoimune é desconhecida. É provavelmente uma consequência de uma interação complexa entre vários fatores.
Predisposição genética
Os genes do antígeno leucocitário humano (HLA) do complexo principal de histocompatibilidade localizados no braço curto do cromossomo 6 parecem ter função dominante na predisposição à doença. A hepatite autoimune do tipo 1 associada ao HLA-DR3 (que é encontrado no desequilíbrio de ligação com HLA-B8 e HLA-A1) e ao HLA-DR4, e tipo 2 com HLA-DQB1 e HLA-DRB. A genotipagem confirmou uma alta frequência de HLA-DRB1*0301, HLA-DRB3*0101, DQA1*0501 e DQB1*020, e uma associação secundária ao HLA-DRB1*0401.[3][15] Também existe evidência para a função de outro loci não HLA que codifica fatores complementares, imunoglobulinas e receptores de célula T.
Agentes desencadeantes ambientais
Ainda são desconhecidos, mas podem incluir:[3][15][16][17]
Vírus: vírus do sarampo, citomegalovírus, vírus da hepatite (A, C, D) e vírus Epstein-Barr
Medicamentos: oxifenisatina, minociclina, ticrinafeno, di-hidralazina, metildopa, nitrofurantoína, diclofenaco, atorvastatina, interferona, pemolina, infliximabe e ezetimiba
Agentes fitoterápicos: cimicífuga e dai-saiko-to.
Autoantígenos
Os principais candidatos são: receptor de asialoglicoproteína (ASGP-R) para anticorpos contra ASGP-R, citocromo P450 2D6 (CYP2D6) para autoanticorpos antimicrossomais de fígado e rim tipo 1 (anti-LKM-1), família 1 de UDP-glucuronosiltransferase para autoanticorpos anti-LKM-3, proteína associada a supressor UGA tRNA e formiminotransferase ciclodeaminase para antiantígeno solúvel hepático/fígado-pâncreas (anti-SLA/LP) e autoanticorpos anticitosol hepático específicos (anti-LC1).[2][3]
Disfunção dos mecanismos imunorregulatórios
A hepatite autoimune pode se desenvolver como um componente da síndrome da poliendocrinopatia autoimune associada a candidíase e distrofia ectodérmica em 10% a 20% dos pacientes.[2][18] A poliendocrinopatia autoimune associada a candidíase e distrofia ectodérmica parece ser causada por mutação no gene regulador autoimune, representando a única doença autoimune conhecida com uma mutação monogenética.
Fisiopatologia
Acredita-se que em uma pessoa geneticamente predisposta, um agente ambiental pode desencadear um processo patogênico que causa necrose do fígado e fibrose.
Os autoantígenos têm sido implicados no início da cascata de eventos na hepatite autoimune. Se agentes ambientais estiverem envolvidos no desencadeamento da doença, o mimetismo molecular poderá entrar em jogo.[3] Isso parece ser um determinante de suscetibilidade comum no sulco de ligação do antígeno leucocitário humano (HLA) de classe II crucial para o reconhecimento do antígeno.[19] Há uma hipótese de que os polimorfismos que controlam a produção de citocina em favor do desenvolvimento da hepatite autoimune podem ser hereditários com os haplótipos HLA. Grande parte da evidência dá suporte a um papel central para uma alteração na função das células T, embora anormalidades na função das células B também possam ser importantes para o escape de mecanismos de supressão e o desenvolvimento do processo necroinflamatório da hepatite autoimune.[3]
Classificação
Classificação da hepatite autoimune de acordo com os autoanticorpos[2][3]
De acordo com o padrão de autoanticorpos presentes, a classificação da hepatite autoimune em 2 tipos foi proposta:
Tipo 1: fator antinuclear, anticorpo de músculo liso (AML), anticorpo anticitoplasma de neutrófilo com padrão perinuclear (p-ANCA) e/ou antiantígeno solúvel hepático/fígado-pâncreas (anti-SLA/LP) positivo
Tipo 2: antimicrossomal de fígado e rim tipo 1 (anti-LKM-1) e/ou anticitosol hepático (anti-LC1) específico positivo.
Classificação de variantes da hepatite autoimune[3]
As variantes da hepatite autoimune incluem:
Síndrome de sobreposição de cirrose biliar primária por hepatite autoimune
Características histológicas da hepatite autoimune, mas achados sorológicos de cirrose biliar primária (anticorpo antimitocondrial [AAM] positivo)
Características histológicas da cirrose biliar primária, mas achados sorológicos de hepatite autoimune (FAN ou AML positivo, AAM negativo). Às vezes considerada colangite autoimune ou cirrose biliar primária com AAM negativo.
Síndrome de sobreposição de colangite esclerosante primária por hepatite autoimune
Características sorológicas da hepatite autoimune, mas achados histológicos e anormalidades colangiográficas características de colangite esclerosante primária.
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