Rastreamento

As práticas de rastreamento podem diferir segundo os países. Em particular, as práticas em países desenvolvidos podem ser diferentes daquelas em países em desenvolvimento com instalações médicas limitadas. Devem ser seguidas as diretrizes locais.

No Reino Unido, o rastreamento deve ser considerado para pessoas com alto risco de infecção (por exemplo, usuários de drogas injetáveis). O exame é recomendado em pacientes que: receberam uma transfusão de sangue antes de 1991 ou um hemoderivado antes de 1986; compartilharam agulhas ou outro dispositivo para injetar drogas; passaram por tratamento médico ou dental no exterior em condições sem esterilização; fizeram tatuagem, piercing, acupuntura, eletrólise ou maquiagem semipermanente por meio de dispositivo não esterilizado; tiveram relação sexual desprotegida com alguém que tem (ou pode ter) hepatite C; ou compartilharam lâmina ou escova de dentes com alguém que tem (ou pode ter) hepatite C.[77]

Nos EUA, a American Association for the Study of Liver Diseases (AASLD) recomenda o rastreamento universal de uma única vez e de rotina voluntário em todos os adultos com 18 anos ou mais, seguido por testes periódicos para pessoas com atividades, exposições ou outras condições e circunstâncias de risco continuadas associadas a aumento do risco de infecção por hepatite C (veja abaixo). O rastreamento em uma única vez também é recomendado em pacientes menores de 18 anos com atividades, exposições ou outras condições e circunstâncias associadas a um aumento do risco de infecção por hepatite C. O teste anual é recomendado para todas as pessoas que usam drogas injetáveis, homens infectados por HIV que fazem sexo desprotegido com homens e homens que fazem sexo com homens recebendo profilaxia pré-exposição. Todas as gestantes devem ser testadas, de preferência no início dos cuidados pré-natais, em cada gestação.[66]

Atividades de risco

  • Uso de drogas intravenosas (história atual ou passada, inclusive aqueles que só injetaram uma vez)

  • Uso de substâncias ilícitas por via intranasal

  • Uso de crack em cachimbos de vidro

  • Envolvimento em sexo feito sob efeito de drogas (chemsex, ou sexo químico)

  • Homens que fazem sexo com homens.

Exposições de risco

  • Pessoas em hemodiálise de longo prazo (sempre)

  • Pessoas com exposições percutâneas/parenterais em um ambiente não confiável

  • Profissionais da saúde, de emergência médica e segurança pública após exposição a picada de agulha, objetos cortantes ou da mucosa por meio de sangue infectado pelo vírus da hepatite C (HCV)

  • Crianças nascidas de mulheres infectadas pelo HCV

  • Receptores de uma transfusão ou transplante de órgão prévio, incluindo aqueles que:

    • Foram notificados de que receberam sangue proveniente de um doador que depois apresentou resultado positivo para infecção por HCV

    • Receberam uma transfusão de sangue ou hemoderivados ou foram submetidos a um transplante de órgão antes de julho de 1992

    • Receberam concentrados de fator de coagulação produzidos antes de 1987

  • Pessoas que já foram presas.

Outras condições e circunstâncias

  • Infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV)

  • Pessoas sexualmente ativas prestes a iniciar profilaxia pré-exposição (PPrE) para HIV

  • Doença hepática crônica e/ou hepatite crônica, incluindo níveis inexplicavelmente elevados de alanina aminotransferase

  • Doadores de órgão sólido (vivos e falecidos) e receptores de transplante de órgão sólido.

O rastreamento universal de autoexclusão realizado no pronto-socorro pode identificar um grande número de infecções não reconhecidas anteriormente, em especial entre indivíduos nascidos depois de 1965. Um estudo retrospectivo de quatro pronto-socorros urbanos acadêmicos nos EUA constatou uma prevalência alta de infecções por HCV não reconhecidas previamente (5.7% dos adultos testados no geral, comparado com a taxa de prevalência geral dos EUA de 0.95%). Quase metade das infecções ocorreu entre pessoas nascidas depois de 1965.[78]

A US Preventive Services Task Force (USPSTF) também recomenda que todos os adultos com idades entre 18 e 79 anos sejam rastreados uma vez quanto à infecção por HCV, incluindo gestantes. O rastreamento pode ser considerado em pacientes fora dessa faixa etária se eles forem considerados de alto risco.[79]

Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) recomendam que todos os adultos com 18 anos ou mais sejam rastreados pelo menos uma vez e que todas as gestantes sejam rastreadas durante cada gravidez (exceto em ambientes onde a prevalência de infecção por HCV é <0.1%). Também recomenda testes de uma única vez, independentemente da idade ou da prevalência no ambiente, entre pessoas com condições ou exposições reconhecidas (por exemplo, infecção por HIV, pessoas que usam drogas injetáveis, pessoas com certas condições médicas, receptores anteriores de transfusões ou transplantes de órgãos), bem como testes periódicos de rotina para pessoas com fatores de risco contínuos.[80]

O CDC recomenda o rastreamento universal de rotina de todos os refugiados adultos recém-chegados com 18 anos ou mais. O rastreamento não é recomendado rotineiramente para crianças <18 anos, mas é recomendada para menores refugiados desacompanhados. O teste também é recomendado em crianças com fatores de risco e crianças nascidas de mães HCV-positivas. O rastreamento é recomendado em todas as gestantes durante cada gravidez.[81]

O American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG) recomenda fortemente que todas as pacientes sejam examinadas para detecção de anticorpos contra o vírus da hepatite C em cada gestação. O ACOG também recomenda fortemente o rastreamento pré-gestação para a infecção por vírus da hepatite C e o tratamento antes da gravidez, quando possível.[56]

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