Etiologia
O vírus Epstein-Barr (EBV), também conhecido como herpesvírus humano do tipo 4, é o agente etiológico em aproximadamente 80% a 90% dos casos de mononucleose infecciosa (MI).[1][2] Nos casos restantes de EBV negativo, a síndrome de mononucleose pode ser causada por herpesvírus humano do tipo 6 (9%), citomegalovírus (5% a 7%), vírus do herpes simples-1 (6%) e, raramente, por Streptococcus pyogenes, Toxoplasma gondii, HIV-1, adenovírus, além de Corynebacterium diptheriae, Francisella tularensis, vírus da hepatite A e B, rubéola ou enterovírus. Essa síndrome também pode ser causada por doenças do tecido conjuntivo, neoplasias malignas e reações a medicamentos.[21][6][22] Frequentemente, a etiologia de casos de MI com EBV negativo permanece desconhecida.[21]
O EBV é mais comumente transmitido pela saliva, por isso o nome doença do "beijo". Em um estudo, todos os pacientes com mononucleose infecciosa (MI) causada pelo EBV liberaram vírus da orofaringe por 6 meses após o início da doença.[23] Em um estudo prospectivo, 22 de 24 indivíduos saudáveis com história prévia de infecção por EBV liberaram o vírus pela saliva por 15 meses.[24] Também há evidências de transmissão sexual do EBV.[25][26] Foi demonstrado que, em mulheres jovens, o risco de soroconversão do EBV aumenta com o número de parceiros sexuais.[27] Em um estudo, o risco de adquirir o EBV foi menor entre estudantes universitários que sempre usaram preservativo que entre aqueles que tiveram relação sexual sem usá-lo.[25] Como há níveis consideravelmente menores de EBV nas secreções genitais em comparação à saliva, a relação sexual provavelmente não é a rota mais importante de transmissão.[26] Entretanto, as secreções salivares e genitais são consideradas meios ineficientes de transmissão. Casos raros de transmissão do EBV por hemoderivados, transplante de órgãos e transmissão intrauterina têm sido relatados. O risco de adquirir infecção por EBV de uma transfusão sanguínea é extremamente baixo. Os seres humanos, e possivelmente os primatas, são a única reserva conhecida de EBV. É impossível identificar fatores de risco claros devido à alta prevalência da infecção (mais de 90% dos seres humanos são infectados até a idade adulta).
Fisiopatologia
O vírus Epstein-Barr (EBV) tem ciclos de vida líticos e latentes. A infecção primária precoce (lítica) provavelmente ocorre nas células B orofaríngeas quando o EBV acessa diretamente essas células via criptas tonsilares. Em seguida, as células B circulantes disseminam a infecção para o fígado, baço e linfonodos periféricos, estimulando respostas imunes celulares e humorais para o vírus.[3] Os anticorpos produzidos em resposta à infecção são direcionados contra as proteínas estruturais do EBV, como antígenos do capsídeo viral, antígenos precoces e antígeno nuclear de EBV; esses anticorpos são usados para o diagnóstico sorológico da infecção por EBV. Uma resposta celular rápida por células T é crucial para a supressão da infecção primária por EBV e determina a expressão clínica da infecção por EBV. A infecção primária sintomática por EBV geralmente é seguida por um estágio latente. A infecção latente é estabelecida pelo ácido nucleico extracromossômico autorreplicante, os epissomas. Em latência, o EBV imortaliza os linfócitos infectados; ou seja, ele faz com que os linfócitos humanos normais com expectativa de vida limitada in vitro formem linhas celulares contínuas. Em um adulto saudável soropositivo para EBV, aproximadamente 0.005% das células B circulantes estão infectadas com EBV.[28] É provável que, em latência, existam baixos níveis de replicação viral e de infecção de células B nos tecidos linfoides e tonsilares controladas pelas populações residuais de células T específicas para EBV. Um estudo observacional em pacientes com infecção primária assintomática sugere que os sintomas podem surgir de uma resposta imunológica hiperativa em vez de uma infecção viral em si.[29]
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