Etiologia
O vírus chikungunya é transmitido por artrópodes (arbovírus) e pertence à família Togaviridae e ao gênero Alphavirus. O vírus está relacionado ao complexo antigênico Semliki Forest, um grupo de vírus que podem estar associados a sintomas articulares nos seres humanos.[22] Várias espécies de mosquitos Aedes podem transmitir o vírus; no entanto, os vetores mais comuns são o Aedes aegypti e o Aedes albopictus. Esses mosquitos podem ser identificados pelas listras e pela posição em que permanecem, com o corpo reto. Somente a picada do mosquito fêmea é considerada infecciosa, pois o repasto sanguíneo é necessário para a formação de ovos.
O vírus é mantido na natureza por 2 ciclos: silvático e urbano. No ciclo silvático, os mosquitos Aedes transmitem a doença para primatas, roedores e pássaros. Os humanos são infectados ao viajarem por áreas com florestas. No ciclo urbano, os mosquitos transmitem a doença entre os humanos.[23]
O vírus da chikungunya é um vírus de ácido ribonucleico (RNA) que inclui 3 linhas filogeneticamente separadas. Existem as linhagens Asiática e Oeste Africana, mas a linhagem Leste-Centro-Sul da África é responsável pelo maior número de casos, a partir da epidemia na Ilha Reunião.[22]
O A aegypti, o mosquito responsável pela transmissão da febre amarela e da dengue, era o vetor principal do vírus antes de 2005. Desde então, o A albopictus (também conhecido como mosquito tigre asiático) passou a ser o vetor mais comum. Isso ocorreu principalmente em virtude de uma mutação única no gene da proteína do envelope E1-A226V, que permitiu que o vírus se adaptasse ao A albopictus, um mosquito que prospera nas regiões temperadas com uma distribuição global mais ampla, incluindo as áreas urbanas na Europa e EUA.[24]
Nos EUA, o A aegypti está distribuído no sudeste e em alguns pontos nos estados que fazem fronteira com o México. Esse mosquito é comumente encontrado em ambientes internos, com as larvas se reproduzindo em recipientes dentro dos lares. O A albopictus também tem uma distribuição predominante no sudeste dos EUA, mas a faixa é mais ampla, estendendo-se até Illinois, Nova York e Pensilvânia. Esse mosquito é encontrado principalmente em ambientes externos. Tanto o A aegypti quanto o A albopictus picam agressivamente, atacando durante o dia, com um pico ao entardecer.[25]
É possível a coinfecção com os vírus da dengue e da Zika.
Fisiopatologia
A forma mais comum de transmissão do vírus chikungunya é por picadas de mosquito e, menos comumente, por transferência materno-fetal. A transmissão via transfusão de sangue é apenas teórica, embora um caso de possível transmissão por sangue tenha sido documentado em uma instituição de longa permanência, em um paciente com infecção importada.[26][27] Após um período de incubação de cerca de 2 a 4 dias (intervalo total de 1-12 dias), os sintomas da fase aguda se desenvolvem. As manifestações clínicas estão correlacionadas a uma alta carga viral que pode chegar a 10⁸ partículas virais/mL de sangue, e a uma alta concentração de interferonas do tipo I e outras citocinas e quimiocinas pró-inflamatórias.
O vírus infecta fibroblastos e outras células via endocitose. O ácido ribonucleico (RNA) de fita simples é liberado no citoplasma das células infectadas e transformado em RNA de fita dupla (dsRNA) usando uma replicase e uma RNA polimerase viral. Esse dsRNA tem a capacidade de interagir com vários receptores do tipo Toll (3, 7 e 8) e o receptor do tipo gene I induzível por ácido retinoico (RIG-I). O inflamassoma resultante causa a liberação de interferonas do tipo I.
A resposta inflamatória inata inicial é seguida, 1 semana mais tarde, por imunidade adaptativa com respostas mediadas por anticorpos e células T.[28] Essa resposta coincide com a infiltração de células imunes nas articulações infectadas e nos tecidos adjacentes.[10]
A maioria dos casos remite após a fase inicial; no entanto, um subgrupo significativo de pacientes pode desenvolver doença crônica com artrite e artralgias.[29] Especula-se que isso seja consequência de uma infecção inicial massiva com monócitos/macrófagos que acabam migrando para os tecidos sinoviais e causam infecção viral crônica e desencadeamento contínuo da resposta inflamatória.[30]
Classificação
Classificação pela Universal Protein Resource (UniProt)
A árvore taxonômica do vírus da chikungunya é:
Vírus: vírus ssRNA: SSRNA vírus de cadeia positiva, sem estágio de DNA: Togaviridae: Alphavirus: Complexo SVF: CHIKV.[1][2]
Classificação filogenética
Existem 3 cepas filogeneticamente distintas do CHIKV:
O genótipo Leste-Centro-Sul da África (ECSA), do qual um subtipo, a linhagem Oceano Índico (IOL), é responsável pelo maior surto
O genótipo Asiático
O genótipo Oeste Africano.[3]
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