Os dados globais sobre sepse em crianças são incompletos, mas estima-se que as infecções sejam responsáveis pela maioria das mortes de crianças abaixo de 5 anos de idade.[4]World Health Organization Global Health Observatory. Causes of child mortality. 2017 [internet publication].
https://www.who.int/data/gho/data/themes/topics/topic-details/GHO/child-mortality-and-causes-of-death
A mortalidade de crianças com sepse varia de 4% a 50%, dependendo da gravidade da doença, dos fatores de risco e da localização geográfica.[6]Weiss SL, Peters MJ, Alhazzani W, et al. Surviving Sepsis Campaign international guidelines for the management of septic shock and sepsis-associated organ dysfunction in children. Pediatr Crit Care Med. 2020 Feb;21(2):e52-e106.
https://www.doi.org/10.1097/PCC.0000000000002198
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/32032273?tool=bestpractice.com
Em 2017, a Organização Mundial da Saúde relatou as seguintes principais causas de morte entre crianças com menos de 5 anos: complicações do nascimento pré-termo, infecções respiratórias agudas, complicações relacionadas ao intraparto, diarreia e anomalias congênitas.[4]World Health Organization Global Health Observatory. Causes of child mortality. 2017 [internet publication].
https://www.who.int/data/gho/data/themes/topics/topic-details/GHO/child-mortality-and-causes-of-death
Em crianças pós-neonatais com menos de 5 anos de idade, as principais causas de morte foram infecções respiratórias agudas e diarreia.[4]World Health Organization Global Health Observatory. Causes of child mortality. 2017 [internet publication].
https://www.who.int/data/gho/data/themes/topics/topic-details/GHO/child-mortality-and-causes-of-death
O estudo Global Burden of Disease estimou que, em 2017, havia 20.3 milhões (intervalo de incerteza de 95% [IU] 14.0 a 29.7) casos incidentes de sepse em todo o mundo entre crianças menores de 5 anos e 4.9 milhões (3.5 a 7.0) casos incidentes de sepse entre crianças e adolescentes de 5 a 19 anos.[13]Rudd KE, Johnson SC, Agesa KM, et al. Global, regional, and national sepsis incidence and mortality, 1990-2017: analysis for the Global Burden of Disease Study. Lancet. 2020 Jan 18;395(10219):200-211.
https://www.doi.org/10.1016/S0140-6736(19)32989-7
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/31954465?tool=bestpractice.com
Dois grandes estudos de coorte descreveram a incidência anual de "sepse grave" em crianças (definidas como <20 anos de idade) em internações agudas em hospitais de sete estados norte-americanos.[14]Watson RS, Carcillo JA, Linde-Zwirble WT, et al. The epidemiology of severe sepsis in children in the United States. Am J Respir Crit Care Med. 2003 Mar 1;167(5):695-701.
http://www.atsjournals.org/doi/full/10.1164/rccm.200207-682OC#.UuJcfdjFJiw
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12433670?tool=bestpractice.com
[15]Hartman ME, Linde-Zwirble WT, Angus DC, et al. Trends in the epidemiology of pediatric severe sepsis. Pediatr Crit Care Med. 2013 Sep;14(7):686-93.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23897242?tool=bestpractice.com
Esses estudos mostraram um aumento da incidência anual de "sepse grave" entre 1995 e 2005 (0.56-0.89 casos/1000 crianças, respectivamente, em todas as faixas etárias).[15]Hartman ME, Linde-Zwirble WT, Angus DC, et al. Trends in the epidemiology of pediatric severe sepsis. Pediatr Crit Care Med. 2013 Sep;14(7):686-93.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23897242?tool=bestpractice.com
A incidência da "sepse grave" nessas coortes foi significativamente maior em faixas etárias mais jovens (a incidência na faixa etária neonatal e em lactentes <1 ano foi de 9.7 e 2.25 casos por 1000 crianças, em comparação com 0.23 a 0.52 em crianças de 1 a 19 anos de idade). A "sepse grave" foi também mais comum em crianças com comorbidades. Apesar da incidência crescente da "sepse grave", a taxa de letalidade caiu de 10.3% para 8.9%.[15]Hartman ME, Linde-Zwirble WT, Angus DC, et al. Trends in the epidemiology of pediatric severe sepsis. Pediatr Crit Care Med. 2013 Sep;14(7):686-93.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23897242?tool=bestpractice.com
Uma revisão sistemática estimou uma carga global de 1.2 milhão de casos de sepse infantil por ano.[16]Fleischmann-Struzek C, Goldfarb DM, Schlattmann P, et al. The global burden of paediatric and neonatal sepsis: a systematic review. Lancet Respir Med. 2018 Mar;6(3):223-230.
https://www.doi.org/10.1016/S2213-2600(18)30063-8
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29508706?tool=bestpractice.com
Estudos publicados também descreveram a prevalência da "sepse grave" entre pacientes internados em unidades de terapia intensiva pediátricas (UTIPs). Em um grande estudo multicêntrico de coorte usando dados de 42 UTIs dos EUA, relatou-se uma prevalência de "sepse grave" em 7.7% das internações. Isso é consistente com outros dados epidemiológicos dos EUA e confirma uma prevalência crescente de "sepse grave" associada a uma diminuição do risco de mortalidade.[17]Ruth A, McCracken CE, Fortenberry JD, et al. Pediatric severe sepsis: current trends and outcomes from the Pediatric Health Information Systems database. Pediatr Crit Care Med. 2014 Nov;15(9):828-38.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25226500?tool=bestpractice.com
Um grande estudo internacional de prevalência (Sepsis PRevalence, OUtcomes, and Therapies [SPROUT]) de "sepse grave" revelou que a prevalência global de "sepse grave" em UTIs pediátricas é de 8.2% (intervalo de confiança [IC] de 95%: 7.6% a 8.9%).[18]Weiss SL, Fitzgerald JC, Pappachan J, et al. Global epidemiology of pediatric severe sepsis: the sepsis prevalence, outcomes, and therapies study. Am J Respir Crit Care Med. 2015 May 15;191(10):1147-57.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4451622
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25734408?tool=bestpractice.com
No entanto, a verdadeira incidência de sepse em crianças provavelmente é subestimada, pois nem todos os casos são relatados e a forma como as infecções são codificadas clinicamente no hospital não corresponde à realidade.[19]Kissoon N, Uyeki TM. Sepsis and the global burden of disease in children. JAMA Pediatr. 2016 Feb;170(2):107-8.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26661465?tool=bestpractice.com