Abordagem

Introdução

As crianças com transtornos do espectro alcoólico fetal (TEAF) têm uma ampla variedade de dificuldades clínicas, comportamentais, de desenvolvimento e de aprendizagem. Cada criança tem uma manifestação única e, portanto, não existe nenhuma "mágica" para tratar as crianças afetadas e nenhum tratamento curativo.

Revisões sistemáticas destacam a falta de ensaios clínicos randomizados e controlados de boa qualidade e devidamente capacitados para avaliar as intervenções em casos de TEAF.[69][70]​ O tratamento depende totalmente das necessidades específicas da criança.

Avaliação individual

É provável que muitas crianças com TEAF não sejam formalmente diagnosticadas. Assim, a primeira etapa do tratamento requer reconhecimento das crianças expostas, diagnóstico e avaliação clínica e psicológica completa para determinar os pontos fortes e fracos específicos da criança. As intervenções devem ser recomendadas para abranger o perfil de pontos fortes e as vulnerabilidades específicas da criança.

Dificuldades acadêmicas ou de aprendizagem

Uma variedade de estratégias tem sido recomendada para crianças com dificuldades acadêmicas ou de aprendizagem. A terapia de controle cognitivo (que envolve posição, movimento e reconhecimento do corpo; atenção; e processamento, controle e classificação das informações) tem melhorado o comportamento em crianças com síndrome alcoólica fetal (SAF).[71]

Demonstrou-se que uma intervenção de linguagem e de alfabetização (isto é, uma combinação de fonoterapia, reconhecimento fonológico e treinamento em leitura feito por um fonoaudiólogo) melhora significativamente as habilidades de interpretação, leitura e fala.[72][73]

Demonstrou-se que uma intervenção matemática melhora o conhecimento em matemática, que se manteve no acompanhamento de 6 meses em crianças com SAF ou SAF parcial e um QI acima de 50.[74][75] A avaliação pré e pós-teste nessas crianças também sugeriu uma melhora no comportamento após essa intervenção. A intervenção matemática usada foi a Math Interactive Learning Experience (MILE), que se baseia na teoria de que existem funções cognitivas básicas que dão suporte a cognições matemáticas e afetam a realização acadêmica e as habilidades de funcionamento adaptativo.

Os jogos de realidade virtual também têm sido avaliados para ensinar crianças com SAF ou SAF parcial.[76] Os jogos de realidade virtual de computador podem ser desenvolvidos para ensinar uma nova habilidade para as crianças (por exemplo, segurança contra incêndio). Crianças que recebem a intervenção de realidade virtual demonstraram um aumento significativo de conhecimento, que se manteve no acompanhamento de 1 semana.[76]

Problemas de função executiva

Em um ECRC (n=78) uma intervenção em grupo para habilitação neurocognitiva melhorou a função executiva e as habilidades para resolver problemas em crianças com SAF e transtorno do neurodesenvolvimento relacionado ao álcool (TNRA) que viviam em lares para adoção.[77]

Deficits de habilidades sociais

O treinamento em habilidades sociais pode ser útil em crianças com esse tipo de deficit. O treinamento em amizade infantil, um programa de treinamento em habilidades sociais com base na teoria de aprendizagem social, mostrou uma melhora significativa no conhecimento de habilidades sociais em crianças com síndrome alcoólica fetal (SAF), SAF parcial ou transtorno de neurodesenvolvimento relacionado ao álcool (TNRA) que têm deficits de habilidade social e um QI verbal de 70 ou mais. Isso se manteve no acompanhamento de 3 meses.[78] Os pais relataram melhora das habilidades sociais e diminuição de comportamentos problemáticos. No entanto, os professores não relataram nenhuma diferença significativa.[78]

Problemas de externalização ou atenção

Os programas parentais como o Families Moving Forward Program têm sido avaliados em crianças com TEAF que têm problemas de externalização ou atenção e QI verbal de 70 ou mais.[79] Esse programa usa um modelo de baixa intensidade de consulta comportamental de suporte que dura de 9 a 11 meses e tem mostrado uma melhora significativa na eficácia dos pais e na demonstração de comportamentos de autocuidado, e uma diminuição nos comportamentos desafiadores e disruptivos.[79]

A habilitação neurocognitiva foi desenvolvida como uma intervenção sistemática para crianças com diagnóstico de síndrome alcoólica fetal (SAF) ou transtorno de neurodesenvolvimento relacionado ao álcool (TNRA) no sistema de adoção.[79] O programa fornece apoio e educação para as famílias e tem o objetivo de melhorar a função executiva das crianças, o que causa uma melhora nas medidas da função executiva.[79]

Transtorno de deficit da atenção com hiperatividade (TDAH)

O treinamento em processo de atenção, um programa desenvolvido para abordar atenção e concentração em pessoas com lesão cerebral por meio do processamento da atenção, tem melhorado significativamente as medidas de atenção sustentada e raciocínio não verbal, mas não as medidas de função executiva, em crianças com TEAF e TDAH.[80]

Os estimulantes do sistema nervoso central devem ser considerados em crianças com TEAF que têm sintomas de TDAH.[81] Os escores de hiperatividade e impulsividade melhoraram significativamente com o tratamento, mas a atenção não melhorou em crianças com diagnóstico de TDAH em associação com síndrome alcoólica fetal (SAF) ou SAF parcial.[82][83]​​​ Crianças com TDAH e TEAF podem responder melhor à dexanfetamina que ao metilfenidato.[84] Os não estimulantes (atomoxetina, guanfacina ou clonidina) podem ser úteis para crianças com sintomas de ansiedade ou se os estimulantes não forem eficazes.​[85]​ VerTranstorno de deficit da atenção com hiperatividade em crianças.

Malformações congênitas

A cirurgia talvez seja necessária; o tipo depende da malformação congênita específica.

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