Caso clínico
Caso clínico #1
Uma mãe dependente de álcool está grávida de uma menina e entrou em trabalho de parto sem realizar cuidados pré-natais. O bebê é prematuro (35 semanas de gestação) e pequeno para a idade gestacional, com um baixo peso ao nascer (2kg). Ela é irritável e não se alimenta bem. Durante a verificação do neonato, o pediatra observa diversas anormalidades. O bebê tem perímetro cefálico de 30 cm (<10° percentil) e 40 cm de comprimento (<10° percentil). Ela tem um sopro cardíaco sistólico condizente com um defeito de septo ventricular, que foi confirmado posteriormente por ecocardiografia. Suas fendas palpebrais são curtas (1.4 cm de comprimento, <10° percentil), e ela tem um lábio superior fino (grau 5 na guia de filtro labial utilizada no código de diagnóstico de 4 dígitos) e filtro labial indistinto (achatado, grau 4), terço médio da face hipoplásico e queixo pequeno. Suspeita-se de síndrome alcoólica fetal.
Caso clínico #2
Um garoto de 6 anos de idade é levado ao consultório pela avó, sua tutora legal. Ela o descreve como um menino "difícil" e diz que ele agora está com problemas na escola, tem baixa concentração, é hiperativo e demonstra comportamento de alto risco A professora dele contou que ele perturba a aula, é difícil de disciplinar e está com dificuldade com letras e números. No exame físico, sua visão é normal, mas ele tem uma leve perda auditiva neurossensorial. A avó diz que ele teve um "desenvolvimento lento", mas que ela não se lembra de nada relevante porque ele morava com a mãe até os 4 anos de idade. Ele já fez terapia ocupacional anteriormente para tentar melhorar suas habilidades motoras finas. Sabe-se que a mãe fez uso esporádico intenso de álcool (binge drinking) e fumou cigarro durante a gestação, mas aparentemente não usou nenhum outro medicamento ou droga ilícita. Suspeita-se de transtorno do neurodesenvolvimento relacionado ao álcool.
Outras apresentações
Crianças assintomáticas podem ser levadas ao médico pelos pais/tutores preocupados com a exposição ao álcool durante a gestação e seus possíveis efeitos adversos. As crianças também podem apresentar malformações congênitas, deficit de crescimento pós-parto, problemas de saúde mental e uma variedade de problemas clínicos, sociais, comportamentais, de desenvolvimento e de aprendizagem. Algumas crianças são identificadas através de programas de rastreamento, incluindo antes da disponibilização para adoção. Outras são identificadas quando apresentam resultados insatisfatórios na escola, têm irmãos com TEAF, são reconhecidas ao nascer ou durante a gestação como vítimas de exposição ao álcool durante a gestação ou entram no sistema judiciário juvenil. Adolescentes e adultos podem apresentar problemas mentais e/ou relacionados a drogas e álcool, problemas de aprendizagem, comportamento sexual impróprio ou comportamento antissocial. O contato com policiais e/ou encarceramento também é comum.
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