História e exame físico

Principais fatores diagnósticos

comuns

presença de fatores de risco

Os principais fatores de risco incluem o consumo prolongado de grandes quantidades de álcool, a presença de hepatite C e o sexo feminino.

dor abdominal

Desconforto na região superior direita do abdome é mais comum em pacientes com hepatite alcoólica aguda.

hepatomegalia

Pode estar presente em pacientes com esteatose alcoólica ou hepatite alcoólica. A hepatomegalia pode ser um sinal ominoso nos pacientes com cirrose, sugestivo da presença de carcinoma hepatocelular.

Incomuns

hematêmese e melena

Sinais de hemorragia digestiva, possivelmente relacionados a varizes esofágicas ou gástricas, irritação gástrica e coagulopatia.

veias acessórias

Veias paraumbilicais ingurgitadas (cabeça de medusa) presentes na DHRA.

esplenomegalia

Pode estar presente em pacientes com doença hepática avançada e hipertensão portal.

massa hepática

Sinal ominoso; pode indicar a presença de carcinoma hepatocelular.

icterícia

Comum na hepatite alcoólica grave e na cirrose alcoólica grave descompensada. Incomum na cirrose alcoólica compensada ou esteatose alcoólica. No entanto, colestase intra ou extra-hepática coexistente também deve ser considerada.

eritema palmar

Afeta as eminências tenar e hipotenar, mas não as partes centrais da palma. Pode estar presente nos pacientes com DHRA.

telangiectasia cutânea

Aranhas vasculares com arteríola central rodeada por vasos pequenos. Localizadas geralmente no tronco, face e membros superiores. Pode estar presente em pacientes com DHRA avançada.

asterixis (flapping)

Tremores nas mãos estendidas e dorsiflexionadas; teste rápido para avaliar o estado encefalopático. É uma das manifestações da encefalopatia hepática presentes na DHRA.

Outros fatores diagnósticos

comuns

ascite

Uma complicação clínica muito comum da cirrose. Ela pode ser avaliada pela presença de macicez móvel ou ondas de fluido no exame físico.

perda de peso

Níveis elevados de fator de necrose tumoral (TNF)-alfa e resposta inflamatória estão associados à DHRA e podem causar perda de apetite e do peso.[64]

ganho de peso

A ascite e/ou o edema podem causar ganho de peso gradual e não intencional nos pacientes com DHRA e hipertensão portal.

desnutrição e atrofia

Pode se manifestar como perda de peso e massa muscular ou como deficiência vitamínica.

anorexia

Níveis elevados de fator de necrose tumoral (TNF)-alfa e resposta inflamatória estão associados à DHRA e podem causar perda de apetite.[64][65]

fadiga

Comum nos pacientes com hepatite crônica coexistente. Pode ser causada pela ativação das vias periféricas entre o cérebro e o fígado, o que causa alterações na neurotransmissão cerebral.[66]

Incomuns

confusão

A encefalopatia hepática na cirrose avançada pode se manifestar como um comprometimento da atividade mental.[67]

Agitação, perda de concentração e cognição comprometida podem fazer parte da confusão mental.

A deficiência de tiamina associada à DHRA pode causar confusão mental e complicações neurológicas, como a síndrome de Wernicke-Korsakoff.

prurido

Presente em associação à icterícia, decorrente do acúmulo de sais biliares nas camadas da pele. O prurido pode ser significativo o suficiente para causar perturbações do sono.

febre

Uma febre baixa pode estar presente nos pacientes com hepatite alcoólica na ausência de infecção.[41]

náuseas e vômitos

Podem derivar de irritação gástrica decorrente de gastroparesia associada a cirrose ou álcool.

baqueteamento digital

Parte distal do dedo assume a aparência de uma baqueta.

Contratura de Dupuytren

Contratura e espessamento característicos da fáscia palmar associados à doença hepática grave.

edema dos membros inferiores

Edema periférico comum a doenças renais e hepáticas, decorrente de retenção de sais, hipoalbuminemia e alterações osmóticas.

aumento da glândula parótida

Infiltração gordurosa da glândula com fibrose e edema, provavelmente decorrentes da toxicidade extra-hepática do álcool.

ginecomastia

Presente em quase dois terços dos pacientes. Sintoma comum de doença hepática crônica, manifestação do metabolismo alterado dos hormônios sexuais.[68]

hipogonadismo

De natureza multifatorial, é um achado comum na DHRA avançada.

demência

Fundamenta a necessidade de uma avaliação detalhada para verificar a existência de deficiência de tiamina.

neuropatia periférica

Defeitos focais, inclusive reflexos alterados, podem estar presentes.

A neuropatia periférica pode estar associada ao efeito tóxico direto do álcool no tecido nervoso, mas está mais provavelmente associada a deficiências nutricionais.

Fatores de risco

Fortes

consumo de álcool prolongado e em grandes quantidades

A quantidade de álcool ingerida e a duração do consumo são os fatores de risco mais importantes para o desenvolvimento da DHRA.[1]

Embora a lesão hepática induzida por álcool seja um pouco dose-dependente, não há um limite definido de consumo de álcool que preveja com segurança o desenvolvimento da DHRA.​[1][13]​​ Uma metanálise relatou aumento do risco de DHRA com um consumo de bebidas alcoólicas ≥280 g/semana.[29]

A maioria dos etilistas nunca desenvolverá doença hepática clínica. Apenas cerca de 10% a 20% dos etilistas crônicos desenvolvem formas graves de DHRA, como hepatite ou cirrose relacionada ao álcool.[1][14][15]

hepatite C

Os pacientes com DHRA e infecção por hepatite C apresentam características histológicas mais graves, sobrevida menor, desenvolvimento da doença a idades mais jovens e uma maior incidência de carcinoma hepatocelular.[30][31]

sexo feminino

A DHRA se desenvolve mais rapidamente e ocorre com doses inferiores de álcool nas mulheres em comparação com os homens.[13][15][32][33]​​​​

No entanto, a maioria dos pacientes com DHRA é do sexo masculino.[29]

Fracos

tabagismo

A fibrose evolui mais rapidamente nos pacientes com DHRA que são tabagistas.[20][29]

obesidade

O risco de DHRA é, pelo menos, 2 vezes maior nos pacientes com obesidade que nos pacientes com índice de massa corporal normal.[1][18][19]​​​​​ Mesmo em abstinência, os indivíduos com obesidade têm um aumento do risco de doença hepática esteatótica. A obesidade parece ser um fator de risco independente tanto para a hepatite alcoólica quanto para a cirrose alcoólica.[18]

idade >65 anos

O metabolismo e a distribuição do álcool mudam conforme a idade. O fígado de uma pessoa idosa é mais suscetível à toxicidade relacionada ao álcool. No entanto, no espectro da DHRA, os sintomas e sinais são semelhantes em pacientes de todas as idades. O prognóstico da DHRA nos idosos (idade >65 anos) é desfavorável.[34]

etnia hispânica

Associada a uma maior prevalência de DHRA.[35][36]

predisposição genética

Vários polimorfismos dos genes de enzimas de metabolização de álcool e citocinas (fator de necrose tumoral-alfa 238G>A, polimorfismos do gene da interleucina-6, polimorfismo do gene da proteína 3 do domínio da fosfolipase tipo patatina rs738409 C>G) podem estar associados a um risco aumentado de DHRA.[22][23][24][15]

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