Abordagem
O principal aspecto para o diagnóstico das formas comuns de enxaqueca consiste em história e exame físico. Antes de iniciar um tratamento para a enxaqueca, é importante garantir que o paciente preencha os critérios da Classificação Internacional das Cefaleias, terceira edição (ICHD-3), para enxaqueca ou enxaqueca provável.[3] Um único paciente pode ter mais de um diagnóstico de cefaleia. O diagnóstico de enxaqueca não exclui o diagnóstico de outro distúrbio de cefaleia se os critérios forem atendidos.
História
A cefaleia é o principal achado da história que dá suporte ao diagnóstico de enxaqueca. Cefaleias recorrentes que interferem na capacidade do paciente desempenhar suas atividades habituais são frequentemente enxaquecas; porém, outras características de enxaqueca devem ser buscadas. A enxaqueca geralmente é unilateral, mas a cefaleia unilateral não é necessária para o diagnóstico de enxaqueca.
Os pacientes devem ser questionados sobre as principais características da história: sintomas de aura, dor pulsante/latejante, localização da dor, intensidade, agravamento com atividade física de rotina, fotofobia, fonofobia e náuseas ou vômitos.[3] Usar um diário ou calendário de cefaleias pode ajudar com isso.[39] Nem todas as características são necessárias para que os critérios relacionados à enxaqueca sejam atendidos. As cefaleias devem durar entre 4 e 72 horas. Consulte Critérios.
Testes diagnósticos
O principal objetivo dos testes diagnósticos em indivíduos com cefaleia é descartar causas preocupantes ou problemáticas a ela relacionadas, já que não há teste específico que revele as causas da dor na cabeça. Em muitos casos em que a história é compatível com um diagnóstico de enxaqueca e os exames neurológicos são normais, não há necessidade de testes.[39]
As características que podem aumentar a suspeita de uma cefaleia subjacente perigosa ou que mimetiza a enxaqueca podem ser resumidas pela regra mnemônica "SNOOP4":
Systemic symptoms (sintomas sistêmicos): febre, perda de peso
Sintomas neurológicos ou sinais anormais: confusão, atenção ou consciência prejudicadas
Onset (início): súbito, abrupto ou em frações de segundo
Older (idade): cefaleia inicial e progressiva, especialmente em pacientes com >50 anos de idade
4 "P"s
Pattern change - mudança de padrão (aumento na frequência)
Papilloedema - papiledema
Precipitating factors - fatores desencadeantes (Valsalva etc.)
Positional aggravation (Agravamento posicional)[40]
Exames por imagem
A neuroimagem não é necessária para pacientes com cefaleia consistente com enxaqueca que apresentam exame neurológico normal, sem características atípicas ou presença de sinais de alerta.[39][41][42][43][44]
Em quase todas as situações, a ressonância nuclear magnética (RNM, com contraste) é o teste recomendado para pacientes com cefaleias que causem preocupação. A tomografia computadorizada (TC) cranioencefálica (sem contraste) é recomendada para avaliação emergencial da cefaleia aguda e avaliação da hemorragia intracraniana. Em todas as outras situações, a RNM é o teste de escolha, a menos que haja contraindicações.[42]
O exame imagiológico vascular (TC, RNM, angiografia tradicional) pode ser apropriado para pacientes em relação aos quais haja preocupação quanto à possibilidade de aneurisma não roto, dissecção arterial ou oclusão venosa.[42]
Exames laboratoriais e sorologias
Exames de rotina laboratorial podem revelar anormalidades da tireoide, anemia ou anormalidades eletrolíticas que contribuem para um distúrbio de cefaleia e podem ser apropriados com base na história e nos cuidados médicos anteriores do paciente. A velocidade de hemossedimentação e a proteína C-reativa são apropriadas para descartar meningite e avaliar vasculite e arterite de células gigantes em pacientes idosos.[45]
Punção lombar
Geralmente, a punção lombar é recomendada para todos os pacientes submetidos a avaliação urgente de cefaleia de início abrupto, especialmente se a TC for negativa. A TC pode não ser eficaz para até 6% dos pacientes com uma hemorragia subaracnoide.[46]
Pacientes com cefaleia e febre ou cognição alterada requerem exames de imagem e punção lombar (PL) para avaliar a possibilidade de meningite ou encefalite.
Pacientes com papiledema devem ser submetidos a PL após exame de imagem para medir a pressão do líquido cefalorraquidiano.
Considere a PL para pacientes hospitalizados com cefaleias frequentes que não apresentam resposta clínica aos tratamentos padrão.
Punção lombar diagnóstica em adultos: vídeo de demonstraçãoComo realizar uma punção lombar diagnóstica em adultos. Inclui uma discussão sobre o posicionamento do paciente, a escolha da agulha e a medição da pressão de abertura e fechamento.
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