Prognóstico

O prognóstico para um distúrbio alimentar de lactente depende da etiologia. A maioria dos distúrbios tem natureza multifatorial, e seu manejo é melhor abordado por uma equipe multidisciplinar. Um estudo relatou que a intervenção da equipe multidisciplinar foi terapêutica em 73% dos pacientes (metade deles recebeu encaminhamento na primeira infância) após um acompanhamento de 2 a 5 anos.[3]

Distúrbios gastrointestinais

A doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) tende a apresentar resolução espontânea na maioria dos lactentes com neurodesenvolvimento normal; 88% dos lactentes acompanhados em um estudo apresentaram melhora em um período de 12 meses.[79] A reavaliação é aconselhada se os sintomas não melhorarem em até 24 meses.[80] Um estudo constatou que os lactentes que regurgitavam alimento frequentemente aos 6 meses cessaram aos 18 meses, mas a recusa alimentar foi mais comum nas crianças que apresentaram regurgitação na primeira infância, em comparação com os grupos de controle que não tiveram regurgitação infantil (razão de chances de 4.2).[80] A intensidade dos sintomas da DRGE não foi correlacionada ao grau de recusa alimentar na infância tardia.[81] Quando os sintomas persistem além de 18 meses, o lactente também é mais propenso a apresentar sintomas de DRGE quando adulto. Aproximadamente 86% das crianças submetidas à cirurgia antirrefluxo alcançam o alívio dos sintomas da DRGE.[82]

A alergia à proteína do leite de vaca tende a se resolver na primeira infância; a tolerância à proteína do leite de vaca ocorre em 45% das crianças com 1 ano, 60% aos 2 anos e 85% aos 3 anos.[83]Crianças atópicas com exame radioalergoadsorvente positivo para a proteína do leite de vaca demoram mais para se tornarem tolerantes que aquelas com resultados negativos.[42] Dietas de exclusão geralmente podem ser descontinuadas após 1 a 2 anos de idade sob supervisão pediátrica.

A doença celíaca é uma doença vitalícia que requer uma dieta sem glúten.

Anomalias anatômicas

O prognóstico geralmente é favorável após correção cirúrgica, embora o acompanhamento em longo prazo por uma equipe multidisciplinar possa ser necessário para detectar problemas que possam surgir à medida que o lactente se desenvolve e cresce.[51] Dependendo da idade na qual a cirurgia foi realizada, o lactente também pode desenvolver problemas comportamentais que precisam de apoio profissional.

Algumas complicações como DRGE, estenose, formação de fístulas e alteração da motilidade esofágica são descritas após um reparo cirúrgico do problema primário.[10][12]

A síndrome do intestino curto como uma complicação da ressecção intestinal (mais comumente após enterocolite necrosante) está associada a má absorção e ao crescimento linear deficitário. A necessidade de alimentação por sonda aos 18 meses e o risco de internação hospitalar recorrente são muito maiores nesses lactentes que naqueles com enterocolite necrosante tratada clinicamente.[33]

Anormalidades neuromusculares, neurológicos e do neurodesenvolvimento

Quando um lactente apresenta atraso grave no neurodesenvolvimento, a intervenção nutricional precoce ajuda no peso e crescimento linear.[75] Avaliações da qualidade de vida sugerem que pacientes e famílias respondem bem a intervenções nutricionais.[75]

Prematuridade, doenças cardíacas e doenças respiratórias

O prognóstico depende do grau de prematuridade e das complicações associadas, e da gravidade e natureza da doença cardíaca ou respiratória. Os pacientes devem ser rigorosamente monitorados por uma equipe interdisciplinar para otimizar a nutrição.

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