O prognóstico para um distúrbio alimentar de lactente depende da etiologia. A maioria dos distúrbios tem natureza multifatorial, e seu manejo é melhor abordado por uma equipe multidisciplinar. Um estudo relatou que a intervenção da equipe multidisciplinar foi terapêutica em 73% dos pacientes (metade deles recebeu encaminhamento na primeira infância) após um acompanhamento de 2 a 5 anos.[3]Rommel N, De Meyer AM, Feenstra L, et al. The complexity of feeding problems in 700 infants and young children presenting to a tertiary care institution. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2003 Jul;37(1):75-84.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12827010?tool=bestpractice.com
Distúrbios gastrointestinais
A doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) tende a apresentar resolução espontânea na maioria dos lactentes com neurodesenvolvimento normal; 88% dos lactentes acompanhados em um estudo apresentaram melhora em um período de 12 meses.[79]Campanozzi A, Boccia G, Pensabene L, et al. Prevalence and natural history of gastroesophageal reflux: pediatric prospective survey. Pediatrics. 2009 Mar;123(3):779-83.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19255002?tool=bestpractice.com
A reavaliação é aconselhada se os sintomas não melhorarem em até 24 meses.[80]Nelson SP, Chen EH, Syniar GM, et al. One-year follow-up of symptoms of gastroesophageal reflux during infancy. Pediatrics. 1998 Dec;102(6):E67.
https://pediatrics.aappublications.org/content/102/6/e67.full
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9832595?tool=bestpractice.com
Um estudo constatou que os lactentes que regurgitavam alimento frequentemente aos 6 meses cessaram aos 18 meses, mas a recusa alimentar foi mais comum nas crianças que apresentaram regurgitação na primeira infância, em comparação com os grupos de controle que não tiveram regurgitação infantil (razão de chances de 4.2).[80]Nelson SP, Chen EH, Syniar GM, et al. One-year follow-up of symptoms of gastroesophageal reflux during infancy. Pediatrics. 1998 Dec;102(6):E67.
https://pediatrics.aappublications.org/content/102/6/e67.full
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9832595?tool=bestpractice.com
A intensidade dos sintomas da DRGE não foi correlacionada ao grau de recusa alimentar na infância tardia.[81]Dellert SF, Hyams JS, Treem WR, et al. Feeding resistance and gastroesophageal reflux in infancy. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 1993 Jul;17(1):66-71.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/8350213?tool=bestpractice.com
Quando os sintomas persistem além de 18 meses, o lactente também é mais propenso a apresentar sintomas de DRGE quando adulto. Aproximadamente 86% das crianças submetidas à cirurgia antirrefluxo alcançam o alívio dos sintomas da DRGE.[82]Mauritz FA, van Herwaarden-Lindeboom MY, Stomp W, et al. The effects and efficacy of antireflux surgery in children with gastroesophageal reflux disease: a systematic review. J Gastrointest Surg. 2011 Oct;15(10):1872-8.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3179590
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21800225?tool=bestpractice.com
A alergia à proteína do leite de vaca tende a se resolver na primeira infância; a tolerância à proteína do leite de vaca ocorre em 45% das crianças com 1 ano, 60% aos 2 anos e 85% aos 3 anos.[83]Salvatore S, Vandenplas Y. Gastroesophageal reflux and cow milk allergy: is there a link? Pediatrics. 2002 Nov;110(5):972-84.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12415039?tool=bestpractice.com
Crianças atópicas com exame radioalergoadsorvente positivo para a proteína do leite de vaca demoram mais para se tornarem tolerantes que aquelas com resultados negativos.[42]Koletzko S, Niggemann B, Arato A, et al. Diagnostic approach and management of cow's-milk protein allergy in infants and children: ESPGHAN GI Committee practical guidelines. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2012 Aug;55(2):221-9.
https://journals.lww.com/jpgn/Fulltext/2012/08000/Diagnostic_Approach_and_Management_of_Cow_s_Milk.28.aspx
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22569527?tool=bestpractice.com
Dietas de exclusão geralmente podem ser descontinuadas após 1 a 2 anos de idade sob supervisão pediátrica.
A doença celíaca é uma doença vitalícia que requer uma dieta sem glúten.
Anomalias anatômicas
O prognóstico geralmente é favorável após correção cirúrgica, embora o acompanhamento em longo prazo por uma equipe multidisciplinar possa ser necessário para detectar problemas que possam surgir à medida que o lactente se desenvolve e cresce.[51]Bessell A, Hooper L, Shaw WC, et al. Feeding interventions for growth and development in infants with cleft lip, cleft palate or cleft lip and palate. Cochrane Database Syst Rev. 2011 Feb 16;(2):CD003315.
https://www.cochranelibrary.com/cdsr/doi/10.1002/14651858.CD003315.pub3/full
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21328261?tool=bestpractice.com
Dependendo da idade na qual a cirurgia foi realizada, o lactente também pode desenvolver problemas comportamentais que precisam de apoio profissional.
Algumas complicações como DRGE, estenose, formação de fístulas e alteração da motilidade esofágica são descritas após um reparo cirúrgico do problema primário.[10]Kovesi T, Rubin S. Long-term complications of congenital esophageal atresia and/or tracheoesophageal fistula. Chest. 2004 Sep;126(3):915-25.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15364774?tool=bestpractice.com
[12]Jadcherla SR, Gupta A, Stoner E, et al. Neuromotor markers of esophageal motility in feeding intolerant infants with gastroschisis. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2008 Aug;47(2):158-64.
https://journals.lww.com/jpgn/Fulltext/2008/08000/Neuromotor_Markers_of_Esophageal_Motility_in.8.aspx
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18664867?tool=bestpractice.com
A síndrome do intestino curto como uma complicação da ressecção intestinal (mais comumente após enterocolite necrosante) está associada a má absorção e ao crescimento linear deficitário. A necessidade de alimentação por sonda aos 18 meses e o risco de internação hospitalar recorrente são muito maiores nesses lactentes que naqueles com enterocolite necrosante tratada clinicamente.[33]Cole CR, Hansen NI, Higgins RD, et al. Very low birth weight preterm infants with surgical short bowel syndrome: incidence, morbidity and mortality, and growth outcomes at 18 to 22 months. Pediatrics. 2008 Sep;122(3):e573-82.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2848527
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18762491?tool=bestpractice.com
Anormalidades neuromusculares, neurológicos e do neurodesenvolvimento
Quando um lactente apresenta atraso grave no neurodesenvolvimento, a intervenção nutricional precoce ajuda no peso e crescimento linear.[75]Schwarz SM, Corredor J, Fisher-Medina J, et al. Diagnosis and treatment of feeding disorders in children with developmental difficulties. Pediatrics. 2001 Sep;108(3):671-6.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11533334?tool=bestpractice.com
Avaliações da qualidade de vida sugerem que pacientes e famílias respondem bem a intervenções nutricionais.[75]Schwarz SM, Corredor J, Fisher-Medina J, et al. Diagnosis and treatment of feeding disorders in children with developmental difficulties. Pediatrics. 2001 Sep;108(3):671-6.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11533334?tool=bestpractice.com
Prematuridade, doenças cardíacas e doenças respiratórias
O prognóstico depende do grau de prematuridade e das complicações associadas, e da gravidade e natureza da doença cardíaca ou respiratória. Os pacientes devem ser rigorosamente monitorados por uma equipe interdisciplinar para otimizar a nutrição.