A maioria dos distúrbios é multifatorial por natureza, e a avaliação é mais bem abordada por uma equipe interdisciplinar, a qual pode incluir um pediatra para avaliação geral e do neurodesenvolvimento, um gastroenterologista pediátrico, um nutricionista, um psicólogo comportamental, um fonoaudiólogo e um terapeuta ocupacional.[2]Borowitz KC, Borowitz SM. Feeding problems in infants and children: assessment and etiology. Pediatr Clin North Am. 2018 Feb;65(1):59-72.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29173720?tool=bestpractice.com
O diagnóstico geralmente é realizado clinicamente. Na presença de um exame clínico normal, com avaliação de neurodesenvolvimento normal e medições antropométricas normais, exames diagnósticos raramente são necessários.
História geral
A história pré-natal deve ser analisada, verificando-se os resultados da ultrassonografia pré-natal e sinais de possíveis problemas neuromusculares (por exemplo, polidrâmnio, movimentação fetal reduzida). A prematuridade e a restrição do crescimento intrauterino aumentam o risco de distúrbios alimentares subsequentes, e a idade gestacional, o peso ao nascer, o ganho de peso subsequente e medições do crescimento linear (comprimento e perímetro cefálico) devem ser analisados de maneira cuidadosa. Eventos perinatais como o tempo gasto para eliminação do mecônio e o esquema de alimentação inicial (tipo de leite, duração da alimentação, intervalo da alimentação) devem ser esclarecidos.
É importante analisar o crescimento desde o nascimento e relacioná-lo a quaisquer alterações na alimentação. Por exemplo, os lactentes com doença celíaca podem não ganhar peso após o desmame.
Evidências de doenças e internações prévias devem ser investigadas. Doenças concomitantes podem afetar a capacidade do lactente de se alimentar (por exemplo, reserva respiratória insuficiente nos pacientes com cardiopatia congênita ou doença pulmonar crônica). Acredita-se que as intervenções clínicas, como intubação traqueal ou alimentação nasogástrica, aumentam a aversão sensorial à alimentação.[3]Rommel N, De Meyer AM, Feenstra L, et al. The complexity of feeding problems in 700 infants and young children presenting to a tertiary care institution. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2003 Jul;37(1):75-84.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12827010?tool=bestpractice.com
Problemas com a alimentação também podem ser a queixa de apresentação de afecções mais complexas, como paralisia cerebral, que se tornam aparentes somente à medida que o lactente se desenvolve. Idas regulares ao hospital também podem demonstrar estresse na família, o que pode causar ou resultar de dificuldades na alimentação.
Considere a história cirúrgica do lactente, para incluir correção das anormalidades nos tratos orofaríngeo e gastrointestinal, ressecção do trato gastrointestinal, formação de estoma e cirurgia cardíaca neonatal.
Obtenha informações sobre sintomas de:
Vômitos recorrentes com exame físico normal e crescimento normal são comuns na DRGE não complicada.[35]Rosen R, Vandenplas Y, Singendonk M, et al. Pediatric gastroesophageal reflux clinical practice guidelines: joint recommendations of the North American Society for Pediatric Gastroenterology, Hepatology, and Nutrition and the European Society for Pediatric Gastroenterology, Hepatology, and Nutrition. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2018 Mar;66(3):516-54.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5958910
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29470322?tool=bestpractice.com
Vômitos associados a dor abdominal, cólica e constipação podem ser observados na DRGE e na alergia à proteína do leite de vaca (APLV). O início súbito de vômitos em uma criança previamente saudável pode ser um sintoma de outras doenças, principalmente infecções como meningite e infecção do trato urinário, que devem ser consideradas e excluídas primeiro. Vômitos biliosos em um lactente nascido a termo indicam uma obstrução do trato gastrointestinal superior que geralmente requer intervenção cirúrgica. No entanto, este é um achado comum durante o estabelecimento da alimentação enteral em neonatos prematuros, e geralmente é tratado clinicamente nesta população. A regurgitação simples sem outros sintomas é fisiológica e não requer investigação ou tratamento.[36]National Institute for Health and Care Excellence. Gastro-oesophageal reflux disease in children and young people: diagnosis and management. October 2019 [internet publication].
https://www.nice.org.uk/guidance/ng1
[37]Baird DC, Harker DJ, Karmes AS. Diagnosis and treatment of gastroesophageal reflux in infants and children. Am Fam Physician. 2015 Oct 15;92(8):705-14.
https://www.aafp.org/afp/2015/1015/p705.html
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26554410?tool=bestpractice.com
A cólica é definida como paroxismos de irritabilidade ou choro durando >3 horas por dia e ocorrendo >3 dias por semana.[38]Wessel MA, Cobb JC, Jackson EB, et al. Paroxysmal fussing in infancy, sometimes called colic. Pediatrics. 1954 Nov;14(5):421-35.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/13214956?tool=bestpractice.com
A cólica pode ocorrer isoladamente ou de maneira concomitante com a DRGE ou a alergia à proteína do leite de vaca.[39]Miller-Loncar C, Bigsby R, High P, et al. Infant colic and feeding difficulties. Arch Dis Child. 2004 Oct;89(10):908-12.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15383432?tool=bestpractice.com
Os lactentes com relatos de sintomas de cólica têm comportamentos alimentares mais desorganizados, sucção menos rítmica e menor responsividade durante a alimentação.[39]Miller-Loncar C, Bigsby R, High P, et al. Infant colic and feeding difficulties. Arch Dis Child. 2004 Oct;89(10):908-12.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15383432?tool=bestpractice.com
Tosse ou esforço para vomitar durante as refeições pode indicar dificuldades na deglutição e possível aspiração.[8]Arvedson JC. Assessment of pediatric dysphagia and feeding disorders: clinical and instrumental approaches. Dev Disabil Res Rev. 2008;14(2):118-27.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18646015?tool=bestpractice.com
A aspiração crônica pode causar pneumonia recorrente, mesmo na ausência desses sintomas. Isso acontece, particularmente, se o lactente for neurologicamente comprometido.[8]Arvedson JC. Assessment of pediatric dysphagia and feeding disorders: clinical and instrumental approaches. Dev Disabil Res Rev. 2008;14(2):118-27.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18646015?tool=bestpractice.com
[35]Rosen R, Vandenplas Y, Singendonk M, et al. Pediatric gastroesophageal reflux clinical practice guidelines: joint recommendations of the North American Society for Pediatric Gastroenterology, Hepatology, and Nutrition and the European Society for Pediatric Gastroenterology, Hepatology, and Nutrition. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2018 Mar;66(3):516-54.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5958910
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29470322?tool=bestpractice.com
[40]Bernard-Bonnin AC. Feeding problems of infants and toddlers. Can Fam Physician. 2006 Oct;52(10):1247-51.
https://www.cfp.ca/content/52/10/1247.full.pdf
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17279184?tool=bestpractice.com
[41]Arvedson JC. Feeding children with cerebral palsy and swallowing difficulties. Eur J Clin Nutr. 2013 Dec;67 (Suppl 2):S9-12.
https://www.nature.com/articles/ejcn2013224
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24301008?tool=bestpractice.com
Tosse recorrente, sibilo, estridor ou rouquidão do choro podem estar associados à DRGE.[35]Rosen R, Vandenplas Y, Singendonk M, et al. Pediatric gastroesophageal reflux clinical practice guidelines: joint recommendations of the North American Society for Pediatric Gastroenterology, Hepatology, and Nutrition and the European Society for Pediatric Gastroenterology, Hepatology, and Nutrition. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2018 Mar;66(3):516-54.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5958910
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29470322?tool=bestpractice.com
Apneia e bradicardia ao se alimentar podem refletir um problema central relacionado à coordenação entre respiração-sucção-deglutição, ou podem refletir DRGE.[8]Arvedson JC. Assessment of pediatric dysphagia and feeding disorders: clinical and instrumental approaches. Dev Disabil Res Rev. 2008;14(2):118-27.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18646015?tool=bestpractice.com
Frequência respiratória elevada e maior trabalho de respiração em repouso prejudicarão a capacidade de alimentação.[8]Arvedson JC. Assessment of pediatric dysphagia and feeding disorders: clinical and instrumental approaches. Dev Disabil Res Rev. 2008;14(2):118-27.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18646015?tool=bestpractice.com
Má coordenação, sucção fraca e sucção curta são descritas nos lactentes com displasia broncopulmonar grave.[24]Mizuno K, Nishida Y, Taki M, et al. Infants with bronchopulmonary dysplasia suckle with weak pressures to maintain breathing during feeding. Pediatrics. 2007 Oct;120(4):e1035-42.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17893188?tool=bestpractice.com
Alterações posturais durante a alimentação podem indicar desconforto.[2]Borowitz KC, Borowitz SM. Feeding problems in infants and children: assessment and etiology. Pediatr Clin North Am. 2018 Feb;65(1):59-72.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29173720?tool=bestpractice.com
O arqueamento do pescoço e o ato de virar a cabeça para um lado podem ser observados na síndrome de Sandifer, uma manifestação incomum da DRGE grave.
Erupção cutânea (especialmente eczema), rinite, diarreia e constipação podem ser sintomas de alergia à proteína do leite de vaca (APLV).[42]Koletzko S, Niggemann B, Arato A, et al. Diagnostic approach and management of cow's-milk protein allergy in infants and children: ESPGHAN GI Committee practical guidelines. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2012 Aug;55(2):221-9.
https://journals.lww.com/jpgn/Fulltext/2012/08000/Diagnostic_Approach_and_Management_of_Cow_s_Milk.28.aspx
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22569527?tool=bestpractice.com
Diarreia aquosa, distensão abdominal e flatulência sugerem intolerância à lactose.
Uma história familiar de atopia ou de problemas alimentares deve ser investigada. Famílias atópicas, principalmente aquelas com alergia à proteína do leite de vaca (APLV), têm maior probabilidade de terem filhos afetados com condições como APLV e esofagite eosinofílica.[43]De Greef E, Hauser B, Devreker T, et al. Diagnosis and management of cow's milk protein allergy in infants. World J Pediatr. 2012 Feb;8(1):19-24.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22282379?tool=bestpractice.com
Um padrão familiar é observado na estenose pilórica e na doença celíaca.[44]Galea R, Said E. Infantile hypertrophic pyloric stenosis: an epidemiological review. Neonatal Netw. 2018 Jul;37(4):197-204.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30567916?tool=bestpractice.com
[45]Singh P, Arora S, Lal S, et al. Risk of celiac disease in the first- and second-degree relatives of patients with celiac disease: a systematic review and meta-analysis. Am J Gastroenterol. 2015 Nov;110(11):1539-48.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26416192?tool=bestpractice.com
O risco de distúrbios alimentares é maior se os pais do lactente tiverem tido problemas alimentares na própria primeira infância.[46]Dahl M, Eklund G, Sundelin C. Early feeding problems in an affluent society. II. Determinants. Acta Paediatr Scand. 1986 May;75(3):380-7.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/3460308?tool=bestpractice.com
História alimentar e observação da alimentação
Uma história alimentar detalhada deve ser pesquisada, idealmente com a ajuda de um nutricionista pediátrico. A anamnese alimentar deve incluir:[8]Arvedson JC. Assessment of pediatric dysphagia and feeding disorders: clinical and instrumental approaches. Dev Disabil Res Rev. 2008;14(2):118-27.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18646015?tool=bestpractice.com
Dieta desde o nascimento
Quantidade de alimentos (observando ingestão excessiva ou inadequada, erros na preparação da alimentação artificial)
Tipos de alimentos (incluindo alterações na alimentação artificial e introdução de alimentos sólidos)
Intervalos de alimentação
Duração da alimentação. A alimentação eficiente geralmente dura <30 minutos por alimentação.
Quando a amamentação é o modo exclusivo de alimentação, detalhes sobre agarrar o peito, conscientização da produção de leite, tempo gasto na alimentação e dor no mamilo devem ser explicitados. As amamentações normalmente duram de 15 a 20 minutos, embora possam variar de 10 a 45 minutos em algumas ocasiões.
A idade ao desmame e a quantidade de sólidos ingeridos durante o dia devem ser averiguados nos lactentes mais velhos, pois uma menor ingestão de sólidos foi associada a deficit de crescimento neste grupo.[47]Emond A, Drewett R, Blair P, et al. Postnatal factors associated with failure to thrive in term infants in the Avon longitudinal study of parents and children. Arch Dis Child. 2007 Feb;92(2):115-9.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16905563?tool=bestpractice.com
A alimentação deve ser observada por 20 minutos para que se possa obter uma impressão precisa do padrão alimentar do lactente.[8]Arvedson JC. Assessment of pediatric dysphagia and feeding disorders: clinical and instrumental approaches. Dev Disabil Res Rev. 2008;14(2):118-27.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18646015?tool=bestpractice.com
O lactente deve ser observado para se avaliar a resposta a estímulos, o nível de alerta do lactente, a coordenação entre respiração-sucção-deglutição e a qualidade da alimentação (duração, quantidade, sintomas associados). As interações entre o cuidador e o lactente devem ser observadas, verificando-se as interações positivas (manter contato visual, fazer elogios por bons comportamentos, vocalização recíproca, responder a pistas indicativas de saciedade) e as interações negativas (forçar a alimentação, subornos, distrações).[40]Bernard-Bonnin AC. Feeding problems of infants and toddlers. Can Fam Physician. 2006 Oct;52(10):1247-51.
https://www.cfp.ca/content/52/10/1247.full.pdf
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17279184?tool=bestpractice.com
Problemas comportamentais e sociais
Um componente comportamental é encontrado em 80% dos distúrbios alimentares e é a causa primária do distúrbio alimentar em 10% dos casos.[3]Rommel N, De Meyer AM, Feenstra L, et al. The complexity of feeding problems in 700 infants and young children presenting to a tertiary care institution. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2003 Jul;37(1):75-84.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12827010?tool=bestpractice.com
[4]Burklow KA, Phelps AN, Schultz JR, et al. Classifying complex paediatric feeding disorders. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 1998 Aug;27(2):143-7.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9702643?tool=bestpractice.com
O diagnóstico é obtido principalmente com base na história (aversão alimentar, recusa alimentar, refeições estressantes). Um diário da alimentação documentando esses sintomas pode ser extremamente útil na avaliação inicial de um lactente com um distúrbio alimentar.
Observar a alimentação por 20 minutos para avaliar as interações entre cuidador e lactente dá suporte ao diagnóstico. As interações positivas incluem reforço positivo para aceitação do alimento, bom contato visual e elogio. As interações negativas incluem tentativa de forçar o lactente a se alimentar, persuadir o lactente ou usar técnicas de distração durante a alimentação.[6]Ramsay M, Gisel E, Boutry M. Non-organic failure to thrive: growth failure secondary to feeding-skills disorder. Dev Med Child Neurol. 1993 Apr;35(4):285-97.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/8335143?tool=bestpractice.com
[48]Piazza CC. Feeding disorders and behaviour: what have we learned? Dev Disabil Res Rev. 2008;14(2):174-81.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18646017?tool=bestpractice.com
A responsividade global e o temperamento do lactente também devem ser avaliados.[8]Arvedson JC. Assessment of pediatric dysphagia and feeding disorders: clinical and instrumental approaches. Dev Disabil Res Rev. 2008;14(2):118-27.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18646015?tool=bestpractice.com
Lactentes normais podem chorar uma média de 2 horas por dia, e o diário de alimentação pode ser útil para determinar a duração da irritabilidade e qualquer associação temporal com a alimentação.
A compreensão de qualquer estresse ou transtorno mental na família ajudará a fazer o diagnóstico inicial e a otimizar o tratamento. Distúrbios alimentares em lactentes foram associados a depressão em cuidadores adultos.[49]Wright CM, Parkinson KN, Drewett RF. The influence of maternal socioeconomic and emotional factors on infant weight gain and weight faltering (failure to thrive): data from a prospective birth cohort. Arch Dis Child. 2006 Apr;91(4):312-7.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2065961
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16397011?tool=bestpractice.com
Os cuidadores podem relatar que o momento da alimentação é estressante em virtude do tempo gasto na alimentação, do comportamento da criança durante a alimentação ou da dificuldade de dar a quantidade ou a variedade adequadas de alimentos.[7]Milnes SM, Piazza CC, Carroll-Hernandez TA. Assessment and treatment of pediatric feeding disorders. September 2013 [internet publication].
https://www.child-encyclopedia.com/pdf/expert/child-nutrition/according-experts/assessment-and-treatment-pediatric-feeding-disorders
[8]Arvedson JC. Assessment of pediatric dysphagia and feeding disorders: clinical and instrumental approaches. Dev Disabil Res Rev. 2008;14(2):118-27.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18646015?tool=bestpractice.com
[41]Arvedson JC. Feeding children with cerebral palsy and swallowing difficulties. Eur J Clin Nutr. 2013 Dec;67 (Suppl 2):S9-12.
https://www.nature.com/articles/ejcn2013224
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24301008?tool=bestpractice.com
Um distúrbio alimentar inicial pode ser agravado por respostas comportamentais adquiridas anormais a esses estressores.[7]Milnes SM, Piazza CC, Carroll-Hernandez TA. Assessment and treatment of pediatric feeding disorders. September 2013 [internet publication].
https://www.child-encyclopedia.com/pdf/expert/child-nutrition/according-experts/assessment-and-treatment-pediatric-feeding-disorders
Exame físico clínico
Medições cuidadosas de peso, comprimento e perímetro cefálico devem ser representadas em gráficos adequados e comparadas ao crescimento desde o nascimento.
A simetria da face e da mandíbula do lactente, os lábios e o palato, bem como o ritmo e a força da sucção não nutritiva e da sucção alimentar devem ser avaliados para descartar anormalidades craniofaciais como a sequência de Pierre Robin.[8]Arvedson JC. Assessment of pediatric dysphagia and feeding disorders: clinical and instrumental approaches. Dev Disabil Res Rev. 2008;14(2):118-27.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18646015?tool=bestpractice.com
Uma postura com boca aberta pode refletir obstrução nasal ou faríngea.[8]Arvedson JC. Assessment of pediatric dysphagia and feeding disorders: clinical and instrumental approaches. Dev Disabil Res Rev. 2008;14(2):118-27.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18646015?tool=bestpractice.com
Hipertrofia tonsilar deve ser considerada se a respiração bucal ou respiração estertorosa (ronco) pode ser ouvida.[8]Arvedson JC. Assessment of pediatric dysphagia and feeding disorders: clinical and instrumental approaches. Dev Disabil Res Rev. 2008;14(2):118-27.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18646015?tool=bestpractice.com
A anquiloglossia foi associada a dificuldade de sucção em lactentes.[28]Messner AH, Walsh J, Rosenfeld RM, et al. Clinical consensus statement: ankyloglossia in children. Otolaryngol Head Neck Surg. 2020 May;162(5):597-611.
https://journals.sagepub.com/doi/10.1177/0194599820915457
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/32283998?tool=bestpractice.com
[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Criança com anquiloglossiaShutterstock [Citation ends].
[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Criança com sequência de Pierre RobinReproduzido de https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/22300418/ sob licença CC BY 2.0; não foram feitas alterações na imagem [Citation ends].
Uma erupção cutânea (especialmente eczema) pode ser um sinal de alergia à proteína do leite de vaca (APLV).[42]Koletzko S, Niggemann B, Arato A, et al. Diagnostic approach and management of cow's-milk protein allergy in infants and children: ESPGHAN GI Committee practical guidelines. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2012 Aug;55(2):221-9.
https://journals.lww.com/jpgn/Fulltext/2012/08000/Diagnostic_Approach_and_Management_of_Cow_s_Milk.28.aspx
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22569527?tool=bestpractice.com
A avaliação do neurodesenvolvimento é de especial importância. Distúrbios alimentares são observados em até 80% das crianças com atraso no neurodesenvolvimento.[3]Rommel N, De Meyer AM, Feenstra L, et al. The complexity of feeding problems in 700 infants and young children presenting to a tertiary care institution. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2003 Jul;37(1):75-84.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12827010?tool=bestpractice.com
A falha em atingir marcos do desenvolvimento do processo de alimentação pode ser o sinal manifesto de atraso de desenvolvimento mais global. Deve-se prestar atenção à postura do lactente, à posição durante a alimentação, ao tônus troncular e ao movimento. Sialorreia pode ser um sinal de dificuldade na deglutição. A resposta do lactente a estímulos sensoriais também pode dar mais indícios sobre questões de desenvolvimento.[8]Arvedson JC. Assessment of pediatric dysphagia and feeding disorders: clinical and instrumental approaches. Dev Disabil Res Rev. 2008;14(2):118-27.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18646015?tool=bestpractice.com
Exames diagnósticos
Muitas vezes, os problemas alimentares podem ser diagnosticados com anamnese, avaliação alimentar e exame físico, sem necessidade de se realizarem testes. As condições que podem ser diagnosticadas clinicamente incluem simples superalimentação, prematuridade, DRGE, questões comportamentais e algumas condições craniofaciais, neurológicas e genéticas. Investigações podem ser necessárias para avaliar as complicações e orientar o tratamento.
Tentativa de mudanças alimentares
O diagnóstico de APLV é confirmado pela exclusão do leite de vaca da dieta por 2 a 4 semanas, seguida pela reintrodução da proteína do leite de vaca após a resolução dos sintomas. A recorrência de sintomas após a reintrodução do leite de vaca confirma o diagnóstico. Se os sintomas não melhorarem com a modificação da alimentação, o diagnóstico original deve ser reconsiderado.[42]Koletzko S, Niggemann B, Arato A, et al. Diagnostic approach and management of cow's-milk protein allergy in infants and children: ESPGHAN GI Committee practical guidelines. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2012 Aug;55(2):221-9.
https://journals.lww.com/jpgn/Fulltext/2012/08000/Diagnostic_Approach_and_Management_of_Cow_s_Milk.28.aspx
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22569527?tool=bestpractice.com
A intolerância à lactose é diagnosticada com a realização de uma tentativa terapêutica de alimentação sem lactose. Preparações com fórmula hipoalergênica estão disponíveis e são adequadas para uso nos lactentes com intolerância à lactose ou ao leite de vaca, que são úteis dada a sobreposição dos sintomas nesses distúrbios.
Exames laboratoriais
Os lactentes sintomáticos com suspeita de doença celíaca devem ser examinados medindo-se os anticorpos de imunoglobulina A (IgA) contra a transglutaminase tecidual e a imunoglobulina A (IgA) sérica total.[50]Husby S, Koletzko S, Korponay-Szabó I, et al. European Society Paediatric Gastroenterology, Hepatology and Nutrition guidelines for diagnosing coeliac disease 2020. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2020 Jan;70(1):141-56.
https://journals.lww.com/jpgn/Fulltext/2020/01000/European_Society_Paediatric_Gastroenterology,.24.aspx
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/31568151?tool=bestpractice.com
O exame radioalergoadsorvente para proteína do leite de vaca ou o teste alérgico cutâneo por puntura podem apoiar o diagnóstico de APLV, mas devem ser interpretados no contexto da história do paciente e da resposta à reintrodução do leite de vaca. Resultados negativos dos testes não descartam a APLV.[42]Koletzko S, Niggemann B, Arato A, et al. Diagnostic approach and management of cow's-milk protein allergy in infants and children: ESPGHAN GI Committee practical guidelines. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2012 Aug;55(2):221-9.
https://journals.lww.com/jpgn/Fulltext/2012/08000/Diagnostic_Approach_and_Management_of_Cow_s_Milk.28.aspx
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22569527?tool=bestpractice.com
Uma amostra fecal recente pode ser testada para substâncias redutoras nas fezes em caso de suspeita de intolerância à lactose. Um resultado positivo confirma o diagnóstico.
Radiografia torácica
Realizada quando houver suspeita de aspiração. A aspiração crônica pode causar pneumonia recorrente, mesmo na ausência de alguns sintomas de regurgitação ou tosse; isso acontece, particularmente, se o lactente for neurologicamente comprometido.[8]Arvedson JC. Assessment of pediatric dysphagia and feeding disorders: clinical and instrumental approaches. Dev Disabil Res Rev. 2008;14(2):118-27.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18646015?tool=bestpractice.com
[35]Rosen R, Vandenplas Y, Singendonk M, et al. Pediatric gastroesophageal reflux clinical practice guidelines: joint recommendations of the North American Society for Pediatric Gastroenterology, Hepatology, and Nutrition and the European Society for Pediatric Gastroenterology, Hepatology, and Nutrition. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2018 Mar;66(3):516-54.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5958910
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29470322?tool=bestpractice.com
[40]Bernard-Bonnin AC. Feeding problems of infants and toddlers. Can Fam Physician. 2006 Oct;52(10):1247-51.
https://www.cfp.ca/content/52/10/1247.full.pdf
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17279184?tool=bestpractice.com
Estudo de contraste do trato gastrointestinal superior
Usado para confirmar ou descartar anormalidades anatômicas.[35]Rosen R, Vandenplas Y, Singendonk M, et al. Pediatric gastroesophageal reflux clinical practice guidelines: joint recommendations of the North American Society for Pediatric Gastroenterology, Hepatology, and Nutrition and the European Society for Pediatric Gastroenterology, Hepatology, and Nutrition. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2018 Mar;66(3):516-54.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5958910
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29470322?tool=bestpractice.com
Avaliação videofluoroscópica da deglutição
Este exame fornece imagens dinâmicas das fases oral, faríngea e esofágica superior da deglutição.[8]Arvedson JC. Assessment of pediatric dysphagia and feeding disorders: clinical and instrumental approaches. Dev Disabil Res Rev. 2008;14(2):118-27.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18646015?tool=bestpractice.com
Pode fornecer informações sobre a resistência e a coordenação dos músculos na orofaringe, bem como a presença e o momento da aspiração. Essa informação é útil para determinar a posição ideal de alimentação, a taxa de alimentação e a textura do alimento.
Avaliação da deglutição por endoscopia de fibra óptica com testagem sensorial (FESST)
A FESST pode ser útil para determinar a função de deglutição faríngea. Ela não fornece visualização da fase oral da deglutição porque o acesso do endoscópio é por via transnasal.[8]Arvedson JC. Assessment of pediatric dysphagia and feeding disorders: clinical and instrumental approaches. Dev Disabil Res Rev. 2008;14(2):118-27.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18646015?tool=bestpractice.com
[25]Delaney AL, Arvedson JC. Development of swallowing and feeding: prenatal through first year of life. Dev Disabil Res Rev. 2008;14(2):105-17.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18646020?tool=bestpractice.com
A FESST é sem radiação e geralmente é bem tolerada, podendo ser repetida se necessário. Ela é um exame altamente especializado, em geral disponível somente em centros terciários.
Endoscopia digestiva alta
O encaminhamento para endoscopia digestiva alta e biópsia deve ser considerado para as crianças com DRGE se houver aversão à alimentação e história de regurgitação.[36]National Institute for Health and Care Excellence. Gastro-oesophageal reflux disease in children and young people: diagnosis and management. October 2019 [internet publication].
https://www.nice.org.uk/guidance/ng1
Este exame pode distinguir entre a DRGE e a esofagite eosinofílica. A biópsia duodenal pode confirmar um diagnóstico de doença celíaca.
Estudo do pH esofágico de 24 horas/monitoramento combinado do pH e da impedância esofágicos
O estudo do pH esofágico ou o monitoramento combinado do pH e da impedância esofágicos podem ser úteis para correlacionar os sintomas com episódios de refluxo gastroesofágico.[35]Rosen R, Vandenplas Y, Singendonk M, et al. Pediatric gastroesophageal reflux clinical practice guidelines: joint recommendations of the North American Society for Pediatric Gastroenterology, Hepatology, and Nutrition and the European Society for Pediatric Gastroenterology, Hepatology, and Nutrition. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2018 Mar;66(3):516-54.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5958910
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29470322?tool=bestpractice.com
O relato preciso dos sintomas pelos pais é crucial.[35]Rosen R, Vandenplas Y, Singendonk M, et al. Pediatric gastroesophageal reflux clinical practice guidelines: joint recommendations of the North American Society for Pediatric Gastroenterology, Hepatology, and Nutrition and the European Society for Pediatric Gastroenterology, Hepatology, and Nutrition. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2018 Mar;66(3):516-54.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5958910
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29470322?tool=bestpractice.com
Os estudos do pH esofágico não conseguem detectar episódios de refluxo com pH >4.[35]Rosen R, Vandenplas Y, Singendonk M, et al. Pediatric gastroesophageal reflux clinical practice guidelines: joint recommendations of the North American Society for Pediatric Gastroenterology, Hepatology, and Nutrition and the European Society for Pediatric Gastroenterology, Hepatology, and Nutrition. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2018 Mar;66(3):516-54.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5958910
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29470322?tool=bestpractice.com
O monitoramento da impedância detecta episódios de refluxo líquido ou gasoso monitorando a dilatação do esôfago distal. Este exame deve ser considerado nos pacientes com problemas neurológicos ou neuromusculares associados, com suspeita de pneumonia por aspiração recorrente ou com apneias inexplicáveis.[36]National Institute for Health and Care Excellence. Gastro-oesophageal reflux disease in children and young people: diagnosis and management. October 2019 [internet publication].
https://www.nice.org.uk/guidance/ng1
O monitoramento da impedância pode detectar um refluxo não ácido (pH ≥4).[35]Rosen R, Vandenplas Y, Singendonk M, et al. Pediatric gastroesophageal reflux clinical practice guidelines: joint recommendations of the North American Society for Pediatric Gastroenterology, Hepatology, and Nutrition and the European Society for Pediatric Gastroenterology, Hepatology, and Nutrition. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2018 Mar;66(3):516-54.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5958910
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29470322?tool=bestpractice.com
Ele pode ser particularmente útil na detecção de refluxo nos lactentes prematuros e muito pequenos cuja alimentação é frequente e o refluxo não ácido é mais comum.[15]Lopez-Alonso M, Moya MJ, Cabo JA, et al. Twenty-four hour esophageal impedance-pH monitoring in healthy preterm neonates: rate and characteristics of acid, weakly acidic, and weakly alkaline gastroesophageal reflux. Pediatrics. 2006 Aug;118(2):e299-308.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16831894?tool=bestpractice.com
Outras investigações especializadas
Outros exames, como avaliação genética ou ecocardiografia, serão determinados pela síndrome clínica suspeitada. Muitos pacientes com necessidades complexas, como lactentes com fenda labial e fenda palatina terão ficado sob a análise de equipes multidisciplinares desde o nascimento.[51]Bessell A, Hooper L, Shaw WC, et al. Feeding interventions for growth and development in infants with cleft lip, cleft palate or cleft lip and palate. Cochrane Database Syst Rev. 2011 Feb 16;(2):CD003315.
https://www.cochranelibrary.com/cdsr/doi/10.1002/14651858.CD003315.pub3/full
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21328261?tool=bestpractice.com