O abuso infantil geralmente é um processo continuado. Se o diagnóstico não for feito com agilidade, as crianças podem continuar sofrendo abusos mais graves, os quais podem ser fatais. Embora não haja um protocolo de rastreamento uniformemente aplicável para o abuso infantil, o rastreamento tem se mostrado útil para apoiar a identificação das crianças em alto risco de abuso.[57]Louwers EC, Affourtit MJ, Moll HA, et al. Screening for child abuse at emergency departments: a systematic review. Arch Dis Child. 1977 Jun;9(6):579-86.
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[58]Louwers EC, Korfage IJ, Affourtit MJ, et al. Accuracy of a screening instrument to identify potential child abuse in emergency departments. Child Abuse Negl. 2014 Jul;38(7):1275-81.
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Uma história detalhada, seguida por um exame físico meticuloso, é crucial para se realizar o diagnóstico de abuso infantil físico. O espectro de lesões causadas por abuso físico pode incluir hematomas, fraturas, lesões orais, mordidas, lesões cranianas ou na medula espinhal, lesões abdominais e queimaduras. O desafio para o médico é distinguir lesões intencionais daquelas que tiverem ocorrido acidentalmente. Encontrar uma ou mais das lesões acima em uma criança deve suscitar uma avaliação adicional completa em busca de outras lesões típicas de abuso.[10]Christian CW, Committee on Child Abuse and Neglect, American Academy of Pediatrics. The evaluation of suspected child physical abuse. Pediatrics. 2015 May;135(5):e1337-54.
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Muitas crianças que sofreram alguma forma de abuso são atendidas no pronto-socorro ou clínica; contudo, nenhum dos marcadores de rastreamento usados atualmente para identificar crianças que devem ser avaliadas em mais profundidade quanto a possível abuso ou negligência (por exemplo, atendimentos recorrentes, idade, tipo de lesão) foi considerado suficientemente preciso. Portanto, os médicos devem manter um alto nível de suspeita de abuso em crianças feridas que são atendidas no pronto-socorro ou em clínicas com ou sem essas características específicas de abuso.[59]Woodman J, Lecky F, Hodes D, et al. Screening injured children for physical abuse or neglect in emergency departments: a systematic review. Child Care Health Dev. 2010 Mar;36(2):153-64.
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Regras clínicas de predição estão sendo desenvolvidas para ajudar os profissionais a reduzir a variabilidade associada à forma como a implementação prática destas investigações de abuso afeta as crianças. Uma regra de predição clínica, a regra TEN-4, é altamente específica e sensível para a identificação de hematoma de alto risco que requer uma investigação de abuso em uma população pediátrica em terapia intensiva.[60]Pierce MC, Kaczor K, Aldridge S, et al. Bruising characteristics discriminating physical child abuse from accidental trauma. Pediatrics. 2010 Jan;125(1):67-74.
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Um hematoma no tronco, nas orelhas, no pescoço de uma criança ou em qualquer parte do corpo de um lactente <4 meses de idade (TEN-4) deve ser um indicador para a avaliação de abuso. Duas regras de predição clínica para trauma cranioencefálico violento foram validadas com especificidade e/ou sensibilidade impressionantes para detecção de trauma cranioencefálico violento.[61]Hymel KP, Armijo-Garcia V, Foster R, et al. Validation of a clinical prediction rule for pediatric abusive head trauma. Pediatrics. 2014 Dec;134(6):e1537-44.
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[62]Cowley LE, Morris CB, Maguire SA, et al. Validation of a prediction tool for abusive head trauma. Pediatrics. 2015 Aug;136(2):290-8.
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História sugestiva de lesão não acidental (LNA)
Determinar se as lesões foram causadas acidentalmente ou se representam abuso pode ser desafiador. Uma história detalhada deve incluir explicações para a lesão presente. As considerações a seguir podem ser úteis para realizar o diagnóstico de LNA:
Uma história de trauma inconsistente com as lesões, uma história mutável ou inconsistente, outras lesões coexistentes inexplicadas ou história pregressa de lesões.[2]Suniega EA, Krenek L, Stewart G. Child abuse: approach and management. Am Fam Physician. 2022 May 1;105(5):521-8.
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Lesões que não se enquadram na idade de desenvolvimento da criança (por exemplo, se as crianças ainda não têm independência de mobilidade, elas provavelmente não cairão sobre determinados objetos).[63]Sugar NF, Taylor JA, Feldman KW. Bruises in infants and toddlers; those who don't cruise rarely bruise. Puget Sound Pediatric Research Network. Arch Paediatr Adolesc Med. 1999 Apr;153(4):399-403.
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Os detalhes do mecanismo proposto para a lesão podem ajudar a determinar se a explicação é compatível com o tipo de lesão e o nível de desenvolvimento da criança.
Crianças conhecidas dos serviços sociais, principalmente se há presença de fatores de risco relacionados aos pais/cuidador.
Deficit no crescimento ou retardo do crescimento pôndero-estatural.[2]Suniega EA, Krenek L, Stewart G. Child abuse: approach and management. Am Fam Physician. 2022 May 1;105(5):521-8.
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[41]Block RW, Krebs NF, American Academy of Pediatrics Committee on Child Abuse and Neglect, et al. Failure to thrive as a manifestation of child neglect. Pediatrics. 2005 Nov;116(5):1234-7.
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Pouca ligação entre pais e filhos.
Tentativa dos pais de se isentar ou justificar a lesão inadequadamente ou culpar um irmão mais jovem ou animal de estimação.
Para excluir causas não violentas, o médico deve fazer perguntas sobre a história perinatal (incluindo trauma relacionado ao nascimento), qualquer história de prematuridade, fisioterapia e outras causas iatrogênicas possíveis e medicamentos. História médica pregressa de fraturas ou de doença hemorrágica é importante. Perguntas sobre a história familiar de fraturas, esclera azul e surdez podem ajudar a excluir osteogênese imperfeita.[64]Bishop N, Sprigg A, Dalton A. Unexplained fractures in infancy: looking for fragile bones. Arch Dis Child. 2007 Mar;92(3):251-6.
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Outra história familiar, como distúrbios de coagulação ou doença metabólica, também é importante.
É crucial apurar todas as informações relevantes sobre os familiares e/ou cuidadores da criança, incluindo presença prévia em atenção primária ou secundária, algum registro prévio nos serviços sociais e informações relevantes sobre outros adultos e crianças na residência. Qualquer história de dependência de drogas ou condenações prévias deve ser observada.
Traumatismos cranioencefálicos
A lesão cerebral é uma das consequências mais graves do abuso físico. O trauma cranioencefálico violento (TCV) é a causa mais comum de abuso físico fatal, com a mortalidade variando de 11% a 38%.[24]Vinchon M, Defoort-Dhellemmes S, Desurmont M, et al. Accidental and nonaccidental head injuries in infants: a prospective study. J Neurosurg. 2005 May;102(4 Suppl):380-4.
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[66]Kelly P, John S, Vincent AL, et al. Abusive head trauma and accidental head injury: a 20-year comparative study of referrals to a hospital child protection team. Arch Dis Child. 2015 Dec;100(12):1123-30.
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Até dois terços daqueles que sobrevivem às lesões ficam com incapacidade em longo prazo, mas esse desfecho foi relatado como ocorrendo em até 82%.[65]Chiesa A, Duhaime AC. Abusive head trauma. Pediatr Clin North Am. 2009 Apr;56(2):317-31.
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Algumas crianças morrem antes de chegarem ao hospital, e a primeira apresentação é ao patologista.
O TCV e lesões relacionadas podem resultar de várias forças biomecânicas, incluindo apenas agitação, agitação com impacto ou impacto somente.[15]Centers for Disease Control and Prevention. Child abuse and neglect prevention. Apr 2022 [internet publication].
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[21]Narang SK, Fingarson A, Lukefahr J, et al. Abusive head trauma in infants and children. Pediatrics. 2020 Apr;145(4):e20200203.
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As características de apresentação variam de comprometimento neurológico grave (coma) a sintomas como convulsões, letargia, irritabilidade, vômitos, baixa aceitação alimentar e aumento do perímetro cefálico. Identificar a criança que sofreu abuso que se apresenta com sintomas inespecíficos é particularmente desafiador, resultando em casos ignorados.[71]Jenny C, Hymel KP, Ritzen A, et al. Analysis of missed cases of abusive head trauma. JAMA. 1999 Feb 17;281(7):621-6.
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Distinguir o TCV do trauma cranioencefálico acidental envolve uma interpretação cuidadosa da história em associação com os sinais e sintomas presentes.[72]Maguire S, Pickerd N, Farewell D, et al. Which clinical features distinguish inflicted from non-inflicted brain injury? A systematic review. Arch Dis Child. 2009 Nov;94(11):860-7.
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Foram desenvolvidas regras de predição clínica para diminuir os casos não diagnosticados de trauma cranioencefálico violento (TCV). Baseadas nessas ferramentas validadas, as características que devem justificar uma preocupação grave para TCV incluem:
Hemorragias subdurais em crianças <1 ano de idade[20]Keenan HT, Runyan DK, Marshall SW, et al. A population-based study of inflicted traumatic brain injury in young children. JAMA. 2003 Aug 6;290(5):621-6.
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Hemorragia subdural bilateral ou inter-hemisférica[61]Hymel KP, Armijo-Garcia V, Foster R, et al. Validation of a clinical prediction rule for pediatric abusive head trauma. Pediatrics. 2014 Dec;134(6):e1537-44.
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Traumatismo cranioencefálico significativo sem nenhuma explicação de trauma ou com uma explicação envolvendo uma queda de local baixo (<150 cm) ou lesão trivial
Apneia coexistente ou alguma outra forma de comprometimento respiratório agudo[61]Hymel KP, Armijo-Garcia V, Foster R, et al. Validation of a clinical prediction rule for pediatric abusive head trauma. Pediatrics. 2014 Dec;134(6):e1537-44.
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[73]Maguire SA, Kemp AM, Lumb RC, et al. Estimating the probability of abusive head trauma: a pooled analysis. Pediatrics. 2011 Sep;128(3):e550-64.
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Hematoma coexistente na cabeça ou pescoço[61]Hymel KP, Armijo-Garcia V, Foster R, et al. Validation of a clinical prediction rule for pediatric abusive head trauma. Pediatrics. 2014 Dec;134(6):e1537-44.
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Hematoma coexistente no tronco[61]Hymel KP, Armijo-Garcia V, Foster R, et al. Validation of a clinical prediction rule for pediatric abusive head trauma. Pediatrics. 2014 Dec;134(6):e1537-44.
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Hemorragias retinianas[62]Cowley LE, Morris CB, Maguire SA, et al. Validation of a prediction tool for abusive head trauma. Pediatrics. 2015 Aug;136(2):290-8.
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Fraturas em osso longo ou de costela[62]Cowley LE, Morris CB, Maguire SA, et al. Validation of a prediction tool for abusive head trauma. Pediatrics. 2015 Aug;136(2):290-8.
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Fraturas de crânio que não uma fratura de crânio parietal linear simples[61]Hymel KP, Armijo-Garcia V, Foster R, et al. Validation of a clinical prediction rule for pediatric abusive head trauma. Pediatrics. 2014 Dec;134(6):e1537-44.
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Convulsão sem história prévia de transtorno convulsivo ou febre.[62]Cowley LE, Morris CB, Maguire SA, et al. Validation of a prediction tool for abusive head trauma. Pediatrics. 2015 Aug;136(2):290-8.
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As fraturas de crânio são prevalentes nas lesões acidentais e no abuso. O tipo mais comum de fratura nas duas situações é a fratura parietal linear.
Hemorragias retinianas em várias camadas da retina e que se estendem para a periferia são altamente específicas para o TCV, sendo observadas em até 85% dos casos.[22]Hobbs C, Childs AM, Wynne J, et al. Subdural haematoma and effusion in infancy: an epidemiological study. Arch Dis Child. 2005 Sep;90(9):952-5.
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[23]Kemp AM, Stoodley N, Cobley C, et al. Apnoea and brain swelling in non-accidental head injury. Arch Dis Child. 2003 Jun;88(6):472-6; discussion 472-6.
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[24]Vinchon M, Defoort-Dhellemmes S, Desurmont M, et al. Accidental and nonaccidental head injuries in infants: a prospective study. J Neurosurg. 2005 May;102(4 Suppl):380-4.
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[74]Bhardwaj G, Chowdhury V, Jacobs MB, et al. A systematic review of the diagnostic accuracy of ocular signs in pediatric abusive head trauma. Ophthalmology. 2010 May;117(5):983-92.e17.
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Poucas hemorragias retinianas confinadas ao polo posterior são consideradas inespecíficas.[22]Hobbs C, Childs AM, Wynne J, et al. Subdural haematoma and effusion in infancy: an epidemiological study. Arch Dis Child. 2005 Sep;90(9):952-5.
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[75]Bechtel K, Stoessel K, Leventhal JM, et al. Characteristics that distinguish accidental from abusive injury in hospitalized young children with head trauma. Pediatrics. 2004 Jul;114(1):165-8.
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Existem outras causas médicas de hemorragias retinianas (por exemplo, nascimento, distúrbios de coagulação, envenenamento por monóxido de carbono) que devem ser consideradas e podem ser confirmadas por testes diagnósticos.[76]Carpenter SL, Abshire TC, Killough E, et al. Evaluating for suspected child abuse: conditions that predispose to bleeding. Pediatrics. 2022 Oct 1;150(4):e2022059277.
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Hemorragias retinianas também foram registradas após traumas acidentais de alto impacto, o qual deve ficar evidente na história. Os lactentes <6 semanas de idade podem ter hemorragias retinianas menores após o nascimento, principalmente após um parto com uso de ventosa ou outro instrumento.[77]Hughes LA, May K, Talbot JF, et al. Incidence, distribution, and duration of birth-related retinal hemorrhages: a prospective study. J AAPOS. 2006 Apr;10(2):102-6.
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No entanto, hemorragias retinianas associadas a essas causas médicas têm características nitidamente diferentes daquelas observadas em trauma intencional e significativo.[78]Maguire SA, Watts PO, Shaw AD, et al. Retinal haemorrhages and related findings in abusive and non-abusive head trauma: a systematic review. Eye (Lond). 2013 Jan;27(1):28-36.
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Hemorragias subdurais são as lesões intracranianas mais comumente observadas em TCV, e podem ocorrer em combinação com outras hemorragias extra-axiais ou lesões do próprio cérebro. O abuso físico é a causa mais comum de hemorragia subdural em crianças <1 ano de idade.[20]Keenan HT, Runyan DK, Marshall SW, et al. A population-based study of inflicted traumatic brain injury in young children. JAMA. 2003 Aug 6;290(5):621-6.
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Elas ocorrem comumente na convexidade e na fissura intra-hemisférica.[26]Datta S, Stoodley N, Jayawant S, et al. Neuroradiological aspects of subdural haemorrhages. Arch Dis Child. 2005 Sep;90(9):947-51.
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Elas podem ter densidades diferentes ou mistas na tomografia computadorizada (TC) ou na ressonância nuclear magnética (RNM).[79]Vinchon M, Noulé N, Tchofo PJ, et al. Imaging of head injuries in infants: temporal correlates and forensic implications for the diagnosis of child abuse. J Neurosurg. 2004 Aug;101(1 Suppl):44-52.
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Outras hemorragias intracranianas, como hemorragia subaracnoide, podem ser observadas em associação com a hemorragia subdural em TCV.[25]Ewing-Cobbs L, Prasad M, Kramer L, et al. Acute neuroradiologic findings in young children with inflicted or noninflicted traumatic brain injury. Childs Nerv Syst. 2000 Jan;16(1):25-33.
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[26]Datta S, Stoodley N, Jayawant S, et al. Neuroradiological aspects of subdural haemorrhages. Arch Dis Child. 2005 Sep;90(9):947-51.
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Hemorragias epidurais, contudo, são mais comumente observadas com trauma cranioencefálico acidental.[80]Shugerman RP, Paez A, Grossman DC, et al. Epidural hemorrhage: is it abuse? Pediatrics. 1996 May;97(5):664-8.
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A lesão do próprio cérebro, como a lesão hipóxico-isquêmica (também chamada de edema citotóxico), é mais comumente observada no TCV do que no trauma cranioencefálico acidental.[27]Ichord RN, Naim M, Pollock AN, et al. Hypoxic-ischemic injury complicates inflicted and accidental traumatic brain injury in young children: the role of diffusion-weighted imaging. J Neurotrauma. 2007 Jan;24(1):106-18.
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Lesões na medula espinhal
Embora lesões na medula espinhal sejam incomuns em crianças com abuso físico, as consequências podem ser devastadoras.[82]Gabos PG, Tuten HR, Leet A, et al. Fracture-dislocation of the lumbar spine in an abused child. Pediatrics. 1998 Mar;101(3 Pt 1):473-7.
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[83]Katz JS, Oluigbo CO, Wilkinson CC, et al. Prevalence of cervical spine injury in infants with head trauma. J Neurosurg Pediatr. 2010 May;5(5):470-3.
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Elas devem ser consideradas em qualquer criança pequena com lesões violentas graves (por exemplo, TCV). É difícil avaliar a prevalência real das lesões na medula espinhal com o TCV, pois os sintomas espinhais geralmente são mascarados pela perda da consciência. Fraturas instáveis na coluna vertebral, como a fratura do enforcado, podem ocorrer como consequência de abuso, e constituem uma emergência neurocirúrgica.[84]Oral R, Rahhal R, Elshershari H, et al. Intentional avulsion fracture of the second cervical vertebra in a hypotonic child. Pediatr Emerg Care. 2006 May;22(5):352-4.
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As lesões podem ser exclusivamente musculoesqueléticas, lesões da medula espinhal isoladas ou uma combinação das duas.[84]Oral R, Rahhal R, Elshershari H, et al. Intentional avulsion fracture of the second cervical vertebra in a hypotonic child. Pediatr Emerg Care. 2006 May;22(5):352-4.
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[85]Diamond P, Hansen CM, Christofersen MR. Child abuse presenting as a thoracolumbar spinal fracture dislocation: a case report. Pediatr Emerg Care. 1994 Apr;10(2):83-6.
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Lesões da medula espinhal podem ocorrer na coluna cervical, comumente em associação a traumatismo cranioencefálico violento em lactentes (idade média de 5 meses) ou na coluna toracolombar em crianças maiores (idade média de 14 meses).[86]Kemp AM, Joshi AH, Mann M, et al. What are the clinical and radiological characteristics of spinal injuries from physical abuse: a systematic review. Arch Dis Child. 2010 May;95(5):355-60.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19946011?tool=bestpractice.com
Crianças podem se apresentar com sensibilidade óssea no local da fratura vertebral ou com sinais neurológicos específicos referentes ao trato espinhal, como paraplegia, quadriplegia, incontinência ou ausência de sensação abaixo do nível da lesão medular. Cifose inexplicada em crianças maiores também pode levantar a suspeita de abuso prévio.[87]Cullen JC. Spinal lesions in battered babies. J Bone Joint Surg (Br). 1975 Aug;57(3):364-6.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/1158948?tool=bestpractice.com
Lesões abdominais
Embora lesões abdominais pareçam ser raras, elas carregam uma alta taxa de mortalidade e morbidade.[88]Barnes PM, Norton CM, Dunstan FD, et al. Abdominal injury due to child abuse. Lancet. 2005 Jul 16-22;366(9481):234-5.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16023514?tool=bestpractice.com
Elas são predominantemente observadas em crianças <5 anos de idade. Crianças com trauma abdominal violento geralmente não apresentam nenhuma história específica de trauma no abdome e podem apresentar sintomas inespecíficos como náuseas, vômitos, perda da consciência e/ou um abdome agudo. A demora para procurar atendimento é algo frequente. As lesões abdominais podem ocasionalmente ser mascaradas pelos sintomas e sinais de um traumatismo cranioencefálico. As lesões contusas mais específicas ao abdome como consequência de abuso são lesões de vísceras ocas, as quais geralmente estão associadas a outras lesões abdominais (por exemplo, lesão hepática e do intestino delgado) ou com hematomas, fraturas, frênulo rompido, traumatismo cranioencefálico, mordidas e queimaduras. As lesões de órgãos sólidos são comuns tanto no trauma abdominal intencional quanto no acidental.[28]Wood J, Rubin DM, Nance ML, et al. Distinguishing inflicted versus accidental abdominal injuries in young children. J Trauma. 2005 Nov;59(5):1203-8.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16385300?tool=bestpractice.com
Hematomas no abdome são observados somente em uma minoria dos casos.
Lesões abdominais acidentais geralmente acompanham acidentes com veículo automotor ou quedas significativas, e muitas vezes estão associadas a lesões de órgãos sólidos.[89]Wegner S, Colletti JE, Van Wie D. Pediatric blunt abdominal trauma. Pediatr Clin North Am. 2006 Apr;53(2):243-56.
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Fraturas
Até um terço das crianças <2 anos de idade que sofreram abuso infantil físico sofrem fraturas.[90]Belfer RA, Klein BL, Orr L. Use of the skeletal survey in the evaluation of child maltreatment. Am J Emerg Med. 2001 Mar;19(2):122-4
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[91]Leventhal JM, Thomas SA, Rosenfield NS, et al. Fractures in young children. Distinguishing child abuse from unintentional injuries. Am J Dis Child. 1993 Jan;147(1):87-92.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/8418609?tool=bestpractice.com
[92]Kemp AM, Dunstan F, Harrison S, et al. Patterns of skeletal fractures in child abuse: systematic review. BMJ. 2008 Oct 2;337:a1518.
https://www.bmj.com/content/337/bmj.a1518.long
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18832412?tool=bestpractice.com
Frequentemente elas são ocultas e não são suspeitadas clinicamente. As fraturas abusivas ocorrem predominantemente nos bebês e crianças pequenas; fraturas sofridas após acidentes, por outro lado, são mais frequentes nas crianças em idade escolar.[93]Worlock P, Stower M, Barbor P. Patterns of fractures in accidental and non-accidental injury in children: a comparative study. BMJ. 1986 Jul 12;293(6539):100-2.
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Qualquer fratura de osso longo em uma criança que ainda não se movimente sozinha deve ter uma explicação acidental clara e, se não tiver, o abuso deve ser ativamente excluído.
Fraturas abusivas foram registradas em todos os ossos ou grupos de ossos do corpo.
Fraturas nas costelas são os preditores mais fortes de abuso infantil em lactentes na ausência de trauma maior ou causas patológicas, e são decorrentes de compressão do tórax ou de um golpe direto.[29]Bulloch B, Schubert CJ, Brophy PD, et al. Cause and clinical characteristics of rib fractures in infants. Pediatrics. 2000 Apr;105(4):E48.
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Elas são caracteristicamente múltiplas e podem ocorrer em qualquer ponto das costelas.[29]Bulloch B, Schubert CJ, Brophy PD, et al. Cause and clinical characteristics of rib fractures in infants. Pediatrics. 2000 Apr;105(4):E48.
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[92]Kemp AM, Dunstan F, Harrison S, et al. Patterns of skeletal fractures in child abuse: systematic review. BMJ. 2008 Oct 2;337:a1518.
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[94]Barsness KA, Cha ES, Bensard DD, et al. The positive predictive value of rib fractures as an indicator of nonaccidental trauma in children. J Trauma. 2003 Jun;54(6):1107-10.
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[95]Garcia VF, Gotschall CS, Eichelberger MR, et al. Rib fractures in children: a marker of severe trauma. J Trauma. 1990 Jun;30(6):695-700.
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Fraturas de ossos longos em crianças que ainda não se movimentam sozinhas são muito preocupantes por indicarem abuso, mas ocasionalmente podem ser observadas em lesões acidentais. A história contada pelos cuidadores deve ser compatível com um mecanismo de fratura no cenário de lesão acidental.[30]Thomas SA, Rosenfield NS, Leventhal JM, et al. Long bone fractures in young children: distinguishing accidental injuries from child abuse. Pediatrics. 1991 Sep;88(3):471-6.
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[31]Flaherty EG, Perez-Rossello JM, Levine MA, et al; American Academy of Pediatrics Committee on Child Abuse and Neglect. Evaluating children with fractures for child physical abuse. Pediatrics. 2014 Feb;133(2):e477-89.
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As fraturas de ossos longos com uma história adequada da lesão em crianças que deambulam são mais comumente acidentais.
Lesões metafisárias clássicas (também chamadas de fraturas metafisárias, fraturas de canto ou fraturas em alça de balde) são altamente específicas para abuso em lactentes com menos de 1 ano de idade.[97]Kleinman PK. Diagnostic imaging of child abuse. Maryland Heights, MO: Mosby; 1998. Essas fraturas ocorrem pela torção por cisalhamento na metáfise devido a um movimento descontrolado vigoroso, puxão ou torção de um membro.[98]Kleinman PK. Problems in the diagnosis of metaphyseal fractures. Pediatr Radiol. 2008 Jun;38 Suppl 3:S388-94.
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Fraturas supracondilianas do úmero são muito mais comuns em quedas acidentais.[99]Farnsworth CL, Silva PD, Mubarak SJ. Etiology of supracondylar humerus fractures. J Pediatr Orthop. 1998 Jan-Feb;18(1):38-42.
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As fraturas cranianas lineares simples são igualmente prevalentes nas lesões abusivas e acidentais. No entanto, as fraturas cranianas diastáticas, complexas ou associadas a outras lesões são mais prevalentes nas lesões intencionais.[91]Leventhal JM, Thomas SA, Rosenfield NS, et al. Fractures in young children. Distinguishing child abuse from unintentional injuries. Am J Dis Child. 1993 Jan;147(1):87-92.
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[100]Meservy CJ, Towbin R, McLaurin RL, et al. Radiographic characteristics of skull fractures resulting from child abuse. AJR Am J Roentgenol. 1987 Jul;149(1):173-5.
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[101]Reece RM, Sege R. Childhood head injuries: accidental or inflicted? Arch Pediatr Adolesc Med. 2000 Jan;154(1):11-5.
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O diagnóstico diferencial de fraturas violentas inclui trauma acidental, osteogênese imperfeita, osteopenia da prematuridade, condições metabólicas raras que resultam em fragilidade óssea e lesão no nascimento.[102]Pandya NK, Baldwin K, Kamath AF, et al. Unexplained fractures: child abuse or bone disease? A systematic review. Clin Orthop Relat Res. 2011 Mar;469(3):805-12.
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Um cirurgião ortopédico e um pediatra especialista em abuso infantil devem estar envolvidos nos casos de suspeita de abuso infantil físico quando houver presença de fraturas em ossos longos, especialmente nos pacientes com fraturas com menos de 3 anos de idade, e principalmente nos menores de 1 ano de idade.[103]Sink EL, Hyman JE, Matheny T, et al. Child abuse: the role of the orthopaedic surgeon in nonaccidental trauma. Clin Orthop Relat Res. 2011 Mar;469(3):790-7.
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Lesões orais
Distinguir lesões orais acidentais das não acidentais pode ser difícil. A boca deve ser totalmente examinada, e qualquer dente ausente ou anormal deve ser registrado. Também é muito importante conhecer a dentição normal em uma criança e estar alerta a alterações sutis (por exemplo, alterações na coloração dos dentes). As lesões orais mais comumente descritas são hematomas ou lacerações dos lábios.[104]Naidoo S. A profile of the oro-facial injuries in child physical abuse at a children's hospital. Child Abuse Negl. 2000 Apr;24(4):521-34.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10798841?tool=bestpractice.com
[105]Becker DB, Needleman HL, Kotelchuck M. Child abuse and dentistry: orofacial trauma and its recognition by dentists. J Am Dent Assoc. 1978 Jul;97(1):24-8.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28343?tool=bestpractice.com
Outras lesões orais possíveis incluem:
Freio (ou frênulo) com ruptura
Quando encontrado, frequentemente está associado a lesões graves ou fatais (geralmente traumatismo cranioencefálico).[32]Thackeray JD. Frena tears and abusive head injury: a cautionary tale. Pediatr Emerg Care. 2007 Oct;23(10):735-7.
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[33]Cordner SM, Burke MP, Dodd MJ, et al. Issues in child homicides: 11 cases. Legal Medicine. 2001 Jun;3(2):95-103.
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[34]Maguire S, Hunter B, Hunter L, et al; Welsh Child Protection Systematic Review Group. Diagnosing abuse: a systematic review of torn frenum and other intra-oral injuries. Arch Dis Child. 2007 Dec;92(12):1113-7.
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http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17468129?tool=bestpractice.com
Qualquer hematoma não explicado nas bochechas, orelhas, pescoço ou tronco em associação a um freio labial com ruptura deve levantar suspeita de abuso, e uma investigação completa de proteção da criança é necessária. Um freio labial com ruptura pode ocorrer por forçar a alimentação de um lactente, embora isso só tenha sido relatado conclusivamente após um golpe direto.[34]Maguire S, Hunter B, Hunter L, et al; Welsh Child Protection Systematic Review Group. Diagnosing abuse: a systematic review of torn frenum and other intra-oral injuries. Arch Dis Child. 2007 Dec;92(12):1113-7.
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[35]Tate RJ. Facial injuries associated with the battered child syndrome. Br J Oral Surg. 1971 Jul;9(1):41-5.
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Ele é acompanhado por abundante sangramento aparente (mistura de saliva e sangue).
Um freio com ruptura "isoladamente" (ou seja, após exclusão de qualquer outra lesão oculta, como fratura ou traumatismo cranioencefálico, e na ausência de outros fatores de risco) nem sempre pode ser assumido como violento. Ele também pode ocorrer acidentalmente, devido a um golpe direto (por exemplo, balanço que atinge a boca, queda de face para o chão, lesão esportiva). Freio com ruptura foi descrito durante tentativa de intubação.[34]Maguire S, Hunter B, Hunter L, et al; Welsh Child Protection Systematic Review Group. Diagnosing abuse: a systematic review of torn frenum and other intra-oral injuries. Arch Dis Child. 2007 Dec;92(12):1113-7.
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Lesões dentárias
Se houver suspeita de alguma lesão dentária, é aconselhável procurar a opinião de um dentista pediátrico. Lesões dentárias violentas incluem intrusões forçadas, extrusões, remoção de dentes secundários saudáveis e microfraturas.[104]Naidoo S. A profile of the oro-facial injuries in child physical abuse at a children's hospital. Child Abuse Negl. 2000 Apr;24(4):521-34.
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[105]Becker DB, Needleman HL, Kotelchuck M. Child abuse and dentistry: orofacial trauma and its recognition by dentists. J Am Dent Assoc. 1978 Jul;97(1):24-8.
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[106]Schuman NJ, Hamilton RL. Discovery of child abuse with associated dental fracture in a hospital-affiliated clinic: report of a case with a four-year follow up. Spec Care Dent. 1982 Nov-Dec;2(6):250-1.
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Sabe-se que alguns pais usam de força para extrair dentes saudáveis de seus filhos como "punição".[37]Carrotte PV. An unusual case of child abuse. Br Dental J. 1990 Jun 9;168(11):444-5.
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Algumas lesões dentárias podem não ser imediatamente evidentes para o médico (por exemplo, descoloração cinza dos dentes decorrente de uma microfratura prévia ou ausência de dentição secundária).
Evitar levar uma criança ao dentista após lesões dentárias prévias, excesso de cáries não tratadas ou doença nas gengivas podem indicar negligência dentária e também devem levantar suspeita de abuso. Os pais podem subestimar a extensão da negligência dentária, mas esses problemas podem causar dor considerável à criança. Negligência dentária também pode ser um reflexo de alimentação inadequada.
Até 50% das crianças com lesões dentárias as sofrem acidentalmente, muitas vezes devido a quedas ou lesões esportivas.[107]Andreasen JO. Challenges in clinical dental traumatology. Endodont Dent Traumatol. 1985 Apr;1(2):45-55.
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Descoloração acinzentada dos dentes também pode ocorrer com dentinogênese imperfeita, particularmente quando associada à osteogênese imperfeita, uma condição que resulta em fraturas recorrentes.
Hematomas
Os hematomas são algumas das lesões acidentais mais comuns sofridas por crianças durante atividades diárias normais. Porém, os hematomas também são a manifestação mais comum de abuso físico.[108]McMahon P, Grossman W, Gaffney M, et al. Soft-tissue injury as an indication of child abuse. J Bone Joint Surg Am. 1995 Aug;77(8):1179-83.
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Distinguir entre essas causas é crucial.[109]Ward MG, Ornstein A, Niec A, et al; Canadian Pediatric Society. The medical assessment of bruising in suspected child maltreatment cases: a clinical perspective. Paediatr Child Health. 2013 Oct;18(8):433-42.
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Hematomas acidentais
Geralmente ocorrem em crianças com independência de mobilidade nas partes frontais do corpo e sobre proeminências ósseas.[63]Sugar NF, Taylor JA, Feldman KW. Bruises in infants and toddlers; those who don't cruise rarely bruise. Puget Sound Pediatric Research Network. Arch Paediatr Adolesc Med. 1999 Apr;153(4):399-403.
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[110]Carpenter RF. The prevalence and distribution of bruising in babies. Arch Dis Child. 1999 Apr;80(4):363-6.
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Os hematomas ocorrem predominantemente nas pernas e canelas. Hematomas são incomuns em áreas como costas, nádegas, antebraço, bochechas ou face, orelhas, abdome ou quadril, parte superior do braço, pés ou mãos.[111]Dunstan FD, Guildea ZE, Kontos K, et al. A scoring system for bruise patterns: a tool for identifying abuse. Arch Dis Child. 2002 May;86(5):330-3.
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Hematomas nas mãos são extremamente raros em crianças <2 anos de idade e, se encontrados, deve-se buscar uma explicação clara para a lesão.
Contusões acidentais na cabeça são mais comumente encontradas na testa, nariz, lábio superior ou queixo[112]Chang LT, Tsai MC. Craniofacial injuries from slip, trip, and fall accidents of children. J Trauma. 2007 Jul;63(1):70-4.
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ao contrário dos hematomas violentos, encontrados nas bochechas, orelha, pescoço ou área periorbital.[111]Dunstan FD, Guildea ZE, Kontos K, et al. A scoring system for bruise patterns: a tool for identifying abuse. Arch Dis Child. 2002 May;86(5):330-3.
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Embora hematomas acidentais aumentem com a idade, o estágio de desenvolvimento é um parâmetro mais relevante. Menos de 1% dos bebês que ainda não engatinham ou não têm independência de mobilidade apresentam hematomas (geralmente relacionados a lesão no nascimento), em comparação com 17% daqueles que conseguem andar apoiando-se em móveis. Isso aumenta para 52% das crianças que caminham sem auxílio.[63]Sugar NF, Taylor JA, Feldman KW. Bruises in infants and toddlers; those who don't cruise rarely bruise. Puget Sound Pediatric Research Network. Arch Paediatr Adolesc Med. 1999 Apr;153(4):399-403.
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[110]Carpenter RF. The prevalence and distribution of bruising in babies. Arch Dis Child. 1999 Apr;80(4):363-6.
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Hematomas não acidentais
Nas crianças vítimas de abuso, a cabeça e o rosto são os locais mais comuns de hematomas, juntamente com hematomas nas nádegas e sobre tecidos moles.[111]Dunstan FD, Guildea ZE, Kontos K, et al. A scoring system for bruise patterns: a tool for identifying abuse. Arch Dis Child. 2002 May;86(5):330-3.
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[113]Atwal GS, Rutty GN, Carter N, et al. Bruising in non-accidental head injured children; a retrospective study of the prevalence, distribution and pathological associations in 24 cases. Forensic Sci Int. 1998 Sep 28;96(2-3):215-30.
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[114]de Silva S, Oates RK. Child homicide - the extreme of child abuse. Med J Aust. 1993 Mar 1;158(5):300-1.
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O couro cabeludo deve ser examinado cuidadosamente em busca de hematomas, pois estes podem estar associados à lesão cerebral traumática; 11% das crianças com traumatismos cranioencefálicos violentos apresentam hematomas na face ou no couro cabeludo.[115]Ghahreman A, Bhasin V, Chaseling R, et al. Nonaccidental head injuries in children: a Sydney experience. J Neurosurg. 2005 Sep;103(3 Suppl):213-8.
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A regra TEN-4 é altamente específica e sensível, além da regra de predição clínica, para a identificação de hematoma de alto risco. Ela requer uma investigação de abuso em uma população pediátrica em terapia intensiva.[60]Pierce MC, Kaczor K, Aldridge S, et al. Bruising characteristics discriminating physical child abuse from accidental trauma. Pediatrics. 2010 Jan;125(1):67-74.
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Um hematoma no tronco, nas orelhas, no pescoço de uma criança ou em qualquer parte do corpo de um lactente <4 meses de idade (TEN-4) deve ser um indicador para a avaliação de abuso.
Hematomas violentos geralmente ocorrem em aglomerados e podem mostrar um padrão de lesões defensivas (por exemplo, hematoma na parte externa do antebraço e das coxas).[10]Christian CW, Committee on Child Abuse and Neglect, American Academy of Pediatrics. The evaluation of suspected child physical abuse. Pediatrics. 2015 May;135(5):e1337-54.
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Os hematomas violentos podem refletir uma imagem padronizada positiva ou negativa do objeto usado (por exemplo, fivela de cinto, coleira de cachorro) ou podem ser intercalados com abrasões (por exemplo, lesão por corda).
Hematomas violentos tendem a ser maiores e mais numerosos que aqueles encontrados em crianças que não sofreram abuso. Petéquias em associação com hematomas estão significativamente associadas a abuso.[116]Nayak K, Spencer N, Shenoy M, et al. How useful is the presence of petechiae in distinguishing non-accidental from accidental injury? Child Abuse Negl. 2006 May;30(5):549-55.
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[117]Maguire S, Mann M. Systematic reviews of bruising in relation to child abuse-what have we learnt: an overview of review updates. Evid Based Child Health. 2013 Mar 7;8(2):255-63.
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Abuso grave, até mesmo fatal, decorrente de lesões abdominais ou na cabeça pode ocorrer sem qualquer evidência externa de hematoma.[118]Smith SM, Hanson R. 134 battered children: a medical and psychological study. Br Med J. 1974 Sep 14;3(5932):666-70.
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Fraturas não são necessariamente acompanhadas por algum hematoma externo.[119]Peters ML, Starling SP, Barnes-Eley ML, et al. The presence of bruising associated with fractures. Arch Pediatr Adolesc Med. 2008 Sep;162(9):877-81.
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Mordidas
Mordidas em crianças podem ser observadas com lesões acidentais (por exemplo, mordidas entre crianças pequenas) e com lesões violentas.[120]Baker MD, Moore SE. Human bites in children. A six-year experience. Am J Dis Child. 1987 Dec;141(12):1285-90.
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Qualquer adulto (ou adolescente) que morda uma criança o suficiente para deixar a marca dos seus dentes causou uma lesão violenta.
Mordidas violentas podem ocorrer em crianças pequenas nos braços, pernas, costas, ombros e nádegas.[121]Freeman AJ, Senn DR, Arendt DM. Seven hundred seventy eight bite marks: analysis by anatomic location, victim and biter demographics, type of crime, and legal disposition. J Forens Sci. 2005 Nov;50(6):1436-43.
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Adolescentes que são vítimas de abuso sexual podem ser mordidas nas mamas e no pescoço, como em ataques a adultos. Qualquer lesão oval ou circular com endentações que correspondam a marcas de dentes deve ser considerada uma possível marca de mordida.[122]American Board of Forensic Odontology. ID & bitemark guidelines: body identification information & guidelines. Feb 2017 [internet publication].
https://abfo.org/resources/id-bitemark-guidelines
Distinguir mordidas de crianças de mordidas de adultos é desafiador. Toda mordida com uma distância intercanina >3 cm é mais provavelmente causada por um adulto; uma distância intercanina <2.5 cm é mais provavelmente causada por uma criança pequena (dentes decíduos), embora alguns adultos com dentição anormal possam deixar uma marca pequena.[123]Levine LJ. Bite marks in child abuse. In: Sanger RG, Bross DC, eds. Clinical management of child abuse and neglect. Chicago, IL: Quintessence; 1984:53-9. No entanto, a dentição adulta é atingida por volta dos 12 anos de idade; por isso, distinguir agressores adultos de crianças mais velhas pode ser difícil.
Crianças podem morder a si próprias quando forçadas a reprimir o choro durante abuso. Uma criança abusada também pode morder o agressor; a marca da mordida pode potencialmente ser correspondida à sua dentição.[121]Freeman AJ, Senn DR, Arendt DM. Seven hundred seventy eight bite marks: analysis by anatomic location, victim and biter demographics, type of crime, and legal disposition. J Forens Sci. 2005 Nov;50(6):1436-43.
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Às vezes as crianças são mordidas por animais: mais comumente cachorros, gatos e furões. As mordidas de animais geralmente são lesões lacerantes. Se a lesão tiver feridas perfurantes (de dentes caninos) com lesões lacerantes em vez de compressão da carne, é mais provável que seja de um animal carnívoro.[124]Whittaker DK, MacDonald DG. Bitemarks in flesh. In: A colour atlas of forensic dentistry. London, UK: Wolfe Medical Publications; 1989:108.
Intoxicações
A intoxicação pode estar associada à doença fabricada ou induzida. Há suspeita de intoxicação intencional quando grandes quantidades de uma substância foram ingeridas, se a criança está intoxicada ou se não há história ou apenas uma história de ingestão de pequenas quantidades de veneno, inconsistente com o quadro clínico. Os agentes mais comuns de intoxicação intencional incluem medicamentos prescritos para membros da família (por exemplo, anticonvulsivantes, antidepressivos, ferro, laxantes ou insulina), além de sal, eméticos e drogas recreativas ilegais.[125]Yin S. Malicious use of pharmaceuticals in children. J Pediatr. 2010 Nov;157(5):832-6.e1
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Intoxicação acidental é caracterizada pela ingestão de pequenas quantidades de produtos domésticos ou medicamentos. A criança é apresentada imediatamente pelos pais ou cuidadores, que são capazes de fornecer uma história de ingestão ou de encontrar a criança próxima a um recipiente aberto de veneno.
Apresentações frequentes com suposta ingestão "acidental" devem levantar a suspeita de negligência à criança, em decorrência de supervisão inadequada ou falta de segurança na residência.
Queimaduras
Escaldaduras
As queimaduras mais comuns na infância, tanto violentas quanto acidentais, são escaldaduras. Leva apenas um segundo para que uma criança sofra uma escaldadura de espessura total por um líquido a 60 °C (140 °F).[126]Dressler DP, Hozid JL. Thermal injury and child abuse: the medical evidence dilemma. J Burn Care Rehabil. 2001 Mar-Apr;22(2):180-5.
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[127]Feldman KW. Help needed on hot water burns. Pediatrics. 1983 Jan;71(1):145-6.
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Meninos sofrem mais escaldaduras, tanto intencionais quanto acidentais.[128]Hobbs CJ. When are burns not accidental? Arch Dis Child. 1986 Apr;61(4):357-61.
https://adc.bmj.com/content/61/4/357
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[129]Yeoh C, Nixon JW, Dickson W, et al. Patterns of scald injuries. Arch Dis Child. 1994 Aug;71(2):156-8.
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Escaldaduras acidentais geralmente são o resultado de um evento de "derramamento" (por exemplo, a criança alcança e puxa uma xícara ou panela com líquido quente).[126]Dressler DP, Hozid JL. Thermal injury and child abuse: the medical evidence dilemma. J Burn Care Rehabil. 2001 Mar-Apr;22(2):180-5.
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[130]Daria S, Sugar NF, Feldman KW, et al. Into hot water head first: distribution of intentional and unintentional immersion burns. Pediatr Emerg Care. 2004 May;20(5):302-10.
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A história é essencial para diferenciar escaldaduras acidentais de violentas, e é importante entender as idades nas quais uma criança é capaz de realizar determinadas ações (por exemplo, entrar em uma banheira sem supervisão).[131]Allasio D, Fischer H. Immersion scald burns and the ability of young children to climb into a bathtub. Pediatrics. 1990 Mar;6(1):58-61.
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Acidentes incomuns realmente ocorrem e, embora um padrão particular de lesão possa parecer improvável, ele pode ser explicado pelo que a criança estava fazendo no momento (por exemplo, se a criança estava em um "andador", o ato de puxar um líquido pode causar lesões amplas).[132]Johnson CF, Ericson AK, Caniano D. Walker-related burns in infants and toddlers. Pediatr Emerg Care. 1990 Mar;6(1):58-61.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/2320488?tool=bestpractice.com
Escaldaduras acidentais por imersão também podem ocorrer raramente. Geralmente, uma escaldadura acidental tem as seguintes características:
Distribuição: escaldaduras acidentais geralmente afetam a face, a cabeça, o pescoço, a parte superior do tronco e 1 membro superior.[128]Hobbs CJ. When are burns not accidental? Arch Dis Child. 1986 Apr;61(4):357-61.
https://adc.bmj.com/content/61/4/357
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/3707186?tool=bestpractice.com
[133]Sheridan RL. Recognition and management of hot liquid aspiration in children. Ann Emerg Med. 1996 Jan;27(1):89-91.
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Padrão: profundidade mista, espessura superficial a parcial, com a queimadura mais profunda no primeiro local de contato (geralmente na face, no pescoço ou na parte superior do tronco) e mais superficial na parte inferior do corpo.[128]Hobbs CJ. When are burns not accidental? Arch Dis Child. 1986 Apr;61(4):357-61.
https://adc.bmj.com/content/61/4/357
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[133]Sheridan RL. Recognition and management of hot liquid aspiration in children. Ann Emerg Med. 1996 Jan;27(1):89-91.
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O contorno tende a ser irregular, sem margens definidas.[126]Dressler DP, Hozid JL. Thermal injury and child abuse: the medical evidence dilemma. J Burn Care Rehabil. 2001 Mar-Apr;22(2):180-5.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11302607?tool=bestpractice.com
Escaldaduras acidentais por água corrente provavelmente têm margens irregulares e envolvimento assimétrico dos membros.[134]Titus MO, Baxter AL, Starling SP. Accidental scald burns in sinks. Pediatrics. 2003 Feb;111(2):E191-4.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12563095?tool=bestpractice.com
Extensão: varia muito, o que depende predominantemente da quantidade de líquido envolvido e da velocidade e adequação dos primeiros socorros prestados.
Escaldaduras intencionais geralmente são lesões por imersão e são mais comumente causadas por água quente em oposição a outros líquidos.[126]Dressler DP, Hozid JL. Thermal injury and child abuse: the medical evidence dilemma. J Burn Care Rehabil. 2001 Mar-Apr;22(2):180-5.
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[130]Daria S, Sugar NF, Feldman KW, et al. Into hot water head first: distribution of intentional and unintentional immersion burns. Pediatr Emerg Care. 2004 May;20(5):302-10.
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Se houver suspeita de que uma queimadura seja de origem intencional, é crucial fazer investigações adicionais sobre a história médica/social mais ampla da criança.[129]Yeoh C, Nixon JW, Dickson W, et al. Patterns of scald injuries. Arch Dis Child. 1994 Aug;71(2):156-8.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1029951/pdf/archdisch00568-0056.pdf
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[130]Daria S, Sugar NF, Feldman KW, et al. Into hot water head first: distribution of intentional and unintentional immersion burns. Pediatr Emerg Care. 2004 May;20(5):302-10.
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[135]Zaloga WF, Collins KA. Pediatric homicides related to burn injury: a retrospective review at the Medical University of South Carolina. J Forensic Sci. 2006 Mar;51(2):396-9.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16566778?tool=bestpractice.com
Além disso, uma visita à residência pode fornecer informações essenciais (por exemplo, temperatura da água quente, altura da superfície que a criança supostamente alcançou/subiu). Todas as crianças <2 anos de idade com suspeita de uma queimadura intencional devem passar por uma radiografia de esqueleto completa, pois fraturas ocultas são bem descritas nas queimaduras intencionais.[136]Hicks RA, Stolfi A. Skeletal surveys in children with burns caused by child abuse. Pediatr Emerg Care. 2007 May;23(5):308-13.
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Geralmente, uma escaldadura intencional tem as seguintes características:
Distribuição: a distribuição típica é nos membros inferiores, incluindo ou não as nádegas ou o períneo.[130]Daria S, Sugar NF, Feldman KW, et al. Into hot water head first: distribution of intentional and unintentional immersion burns. Pediatr Emerg Care. 2004 May;20(5):302-10.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15123901?tool=bestpractice.com
[137]Maguire S, Moynihan S, Mann M, et al. A systematic review of the features that indicate intentional scalds in children. Burns. 2008 Dec;34(8):1072-81.
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Às vezes, as dobras atrás do joelho ou nas nádegas são poupadas porque a criança dobra as pernas com força para se proteger, ou as nádegas ficam pressionadas contra a superfície relativamente fria da banheira (sinal da "rosquinha").[138]Purdue GF, Hunt JL, Prescott PR. Child abuse by burning - an index of suspicion. J Trauma. 1988 Feb;28(2):221-4.
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[139]Stratman E, Melski J. Scald abuse. Arch Dermatol. 2002 Mar;138(3):318-20.
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Padrão: a profundidade geralmente é uniforme, com queimaduras de espessura parcial ou total e margens definidas. Envolvimento simétrico dos membros não é incomum.[129]Yeoh C, Nixon JW, Dickson W, et al. Patterns of scald injuries. Arch Dis Child. 1994 Aug;71(2):156-8.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1029951/pdf/archdisch00568-0056.pdf
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[135]Zaloga WF, Collins KA. Pediatric homicides related to burn injury: a retrospective review at the Medical University of South Carolina. J Forensic Sci. 2006 Mar;51(2):396-9.
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[137]Maguire S, Moynihan S, Mann M, et al. A systematic review of the features that indicate intentional scalds in children. Burns. 2008 Dec;34(8):1072-81.
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Extensão: queimaduras por imersão geralmente são extensas, envolvendo uma grande área total de superfície corporal, embora isso não seja uma característica diferenciadora.[130]Daria S, Sugar NF, Feldman KW, et al. Into hot water head first: distribution of intentional and unintentional immersion burns. Pediatr Emerg Care. 2004 May;20(5):302-10.
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[133]Sheridan RL. Recognition and management of hot liquid aspiration in children. Ann Emerg Med. 1996 Jan;27(1):89-91.
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[134]Titus MO, Baxter AL, Starling SP. Accidental scald burns in sinks. Pediatrics. 2003 Feb;111(2):E191-4.
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Queimaduras cáusticas e por contato
Queimaduras de contato intencionais são a causa mais comum de queimadura sem escaldadura descrita em abuso. Elas são observadas com mais frequência nas costas, ombros e nádegas; geralmente são bem demarcadas; e, em alguns casos, podem refletir precisamente o agente da queimadura (por exemplo, secador de cabelo ou acendedor de cigarro).[126]Dressler DP, Hozid JL. Thermal injury and child abuse: the medical evidence dilemma. J Burn Care Rehabil. 2001 Mar-Apr;22(2):180-5.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11302607?tool=bestpractice.com
[140]Darok M, Reischle S. Burn injuries caused by a hair-dryer: an unusual case of child abuse. Forensic Sci Int. 2001 Jan 1;115(1-2):143-6.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11056285?tool=bestpractice.com
[141]Grellner W, Metzner G. Child abuse caused by thermal violence - determination and reconstruction. Arch Kriminol. 1995 Jan-Feb;195(1-2):38-46.
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Queimaduras de contato acidentais nas mãos são comuns em crianças pequenas, geralmente pela ação de encostar em itens como ferro de frisar ou fogões quentes.
Apesar de queimaduras por cigarros serem uma queimadura de contato observada frequentemente em crianças, as verdadeiras características de queimaduras intencionais versus acidentais não são bem descritas. Queimaduras intencionais por cigarro são circulares, de espessura total, com aproximadamente 0.8 cm a 1 cm de diâmetro e estão em áreas nas quais a criança não tem possibilidade de receber uma queimadura acidental, embora faltem evidências publicadas para distinguir queimaduras acidentais e intencionais por cigarro.[142]Johnson CF. Symbolic scarring and tattooing: unusual manifestations of child abuse. Clin Pediatr. 1994 Jan;33(1):46-9.
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Queimaduras acidentais por cigarro são superficiais, podem não deixar padrão nem uma marca em forma de cone e ocorrem em áreas expostas da pele.
Crianças que sofrem abuso também podem ser submetidas a queimaduras cáusticas (ácido ou álcali colocados na boca, nos olhos ou na pele).[143]Kini N, Lazoritz S, Ott C, et al. Caustic instillation into the ear as a form of child abuse. Am J Emerg Med. 1997 Jul;15(4):442-3.
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[144]Telmon N, Allery JP, Dorandeu A, et al. Concentrated bleach burns in a child. J Forensic Sci. 2002 Sep;47(5):1060-1.
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Queimaduras cáusticas podem não causar dor inicialmente (ao contrário de escaldaduras, que são imediatamente muito dolorosas). Queimaduras cáusticas acidentais podem ser decorrentes de pilhas com vazamento ou cristais de sal.[145]Zurbuchen P, LeCoultre C, Calza AM, et al. Cutaneous necrosis after contact with calcium chloride: a mistaken diagnosis of child abuse. Pediatrics. 1996 Feb;97(2):257-8.
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[146]Winek CL, Wahba WW, Huston RM. Chemical burn from alkaline batteries - a case report. Forensic Sci Int. 1999 Mar 15;100(1-2):101-4.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10356777?tool=bestpractice.com
Uma história detalhada, seguida por um exame das roupas da criança, é necessária para encontrar o agente químico.
Investigações
Crianças <2 anos de idade estão em risco particular de formas graves de abuso. Elas podem ter uma lesão oculta e não são capazes de fornecer a sua própria história dos eventos. Portanto, uma investigação mais abrangente é necessária nessa faixa etária.
Investigações iniciais para todos os pacientes
Radiografia de esqueleto: uma radiografia do esqueleto de 22 filmes (incluindo incidências oblíquas das costelas) deve ser realizada em toda criança <2 anos de idade em que houver suspeita de abuso.[10]Christian CW, Committee on Child Abuse and Neglect, American Academy of Pediatrics. The evaluation of suspected child physical abuse. Pediatrics. 2015 May;135(5):e1337-54.
https://publications.aap.org/pediatrics/article/135/5/e20150356/33747/The-Evaluation-of-Suspected-Child-Physical-Abuse
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[31]Flaherty EG, Perez-Rossello JM, Levine MA, et al; American Academy of Pediatrics Committee on Child Abuse and Neglect. Evaluating children with fractures for child physical abuse. Pediatrics. 2014 Feb;133(2):e477-89.
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[147]The Royal College of Radiologists, The Society and College of Radiographers. The radiological investigation of suspected physical abuse in children. Dec 2018 [internet publication].
https://www.rcr.ac.uk/publication/radiological-investigation-suspected-physical-abuse-children
[148]American College of Radiology. ACR-SPR practice parameter for the performance and interpretation of skeletal surveys in children. 2021 [internet publication].
https://www.acr.org/-/media/ACR/Files/Practice-Parameters/Skeletal-Survey.pdf
Uma radiografia de esqueleto completa deve ser realizada em crianças com lesões abdominais se elas estiverem clinicamente estáveis. Mesmo quando a radiografia inicial do esqueleto for negativa ou ambígua, uma radiografia repetida do esqueleto realizada entre 11 a 14 dias após a investigação inicial fornece informações adicionais sobre os achados ambíguos, identifica fraturas adicionais e acrescenta informações sobre a idade de uma fratura.[10]Christian CW, Committee on Child Abuse and Neglect, American Academy of Pediatrics. The evaluation of suspected child physical abuse. Pediatrics. 2015 May;135(5):e1337-54.
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[149]Kemp AM, Butler A, Morris S, et al. Which radiological investigations should be performed to identify fractures in suspected child abuse? Clin Radiol. 2006 Sep;61(9):723-36.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16905379?tool=bestpractice.com
Em alguns países, um exame com radionuclídeos é uma abordagem alternativa. Nos EUA, no entanto, varreduras com radionuclídeos raramente são usadas em crianças.
Hemograma completo com contagem de plaquetas e perfil de coagulação se a criança tiver hematomas que sugiram abuso ou evidência de sangramento.[150]Anderst J, Carpenter SL, Abshire TC, et al. Evaluation for bleeding disorders in suspected child abuse. Pediatrics. 2022 Oct 1;150(4):e2022059276.
https://publications.aap.org/pediatrics/article/150/4/e2022059276/189510/Evaluation-for-Bleeding-Disorders-in-Suspected?autologincheck=redirected
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Uma urinálise para rastrear traumas no trato urinário e nos rins.[10]Christian CW, Committee on Child Abuse and Neglect, American Academy of Pediatrics. The evaluation of suspected child physical abuse. Pediatrics. 2015 May;135(5):e1337-54.
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TFHs, amilase sérica e lipase para rastrear lesões abdominais ocultas.[10]Christian CW, Committee on Child Abuse and Neglect, American Academy of Pediatrics. The evaluation of suspected child physical abuse. Pediatrics. 2015 May;135(5):e1337-54.
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[151]Fortin K, Wood JN. Utility of screening urinalysis to detect abdominal injuries in suspected victims of child physical abuse. Child Abuse Negl. 2020 Nov;109:104714.
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[152]Lane WG, Dubowitz H, Langenberg P. Screening for occult abdominal trauma in children with suspected physical abuse. Pediatrics. 2009 Dec;124(6):1595-602.
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[153]Bevan CA, Palmer CS, Sutcliffe JR, et al. Blunt abdominal trauma in children: how predictive is ALT for liver injury? Emerg Med J. 2009 Apr;26(4):283-8.
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Investigações do metabolismo ósseo para incluir os níveis de cálcio sérico, fósforo, fosfatase alcalina, paratormônio e 25-hidroxivitamina D, se for descoberto que a criança tem fraturas.[154]Servaes S, Brown SD, Choudhary AK, et al. The etiology and significance of fractures in infants and young children: a critical multidisciplinary review. Pediatr Radiol. 2016 May;46(5):591-600.
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No entanto, pode haver um nível elevado de fosfatase alcalina com fraturas curadas, o que não necessariamente indica doença óssea.[31]Flaherty EG, Perez-Rossello JM, Levine MA, et al; American Academy of Pediatrics Committee on Child Abuse and Neglect. Evaluating children with fractures for child physical abuse. Pediatrics. 2014 Feb;133(2):e477-89.
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Registro fotográfico de quaisquer lesões possíveis: é importante que fotografias adequadas sejam tiradas de hematomas, queimaduras, mordidas e quaisquer outras lesões cutâneas. Nos casos de suspeita de mordida, o padrão dentário pode ser reconstruído a partir de fotografias. Embora, a precisão da odontologia forense na identificação da "mordida" a partir de uma marca de mordida seja incerta, podem ser obtidas informações úteis com a análise de imagens de mordidas. As fotografias devem ser tiradas com um dispositivo de medição de ângulo reto e em pelo menos 2 planos, se a lesão estiver em uma superfície curva.[36]Fisher-Owens SA, Lukefahr JL, Tate AR, et al. Oral and dental aspects of child abuse and neglect. Pediatr Dent. 2017 Jul 15;39(4):278-83.
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Suspeita de lesões da cabeça e/ou na medula espinhal (além da investigação inicial)
TC cranioencefálica: pode identificar sangramentos intracranianos, lesão esquelética e dos tecidos moles e lesão parenquimatosa com ou sem edema cerebral.[155]Kemp AM, Rajaram S, Mann M, et al; Welsh Child Protection Systematic Review Group. What neuroimaging should be performed in children in whom inflicted brain injury (iBI) is suspected? A systematic review. Clin Radiol. 2009 May;64(5):473-83.
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Essa investigação deve ser fortemente considerada em: crianças <1 ano de idade em todos os casos de suspeita de abuso físico; crianças com sintomas e/ou sinais neurológicos; e todas as crianças com traumatismo cranioencefálico. TC de crânio também deve ser considerada se for encontrada lesão abdominal violenta. Pesquisas sugerem que a TC de crânio sem contraste ajuda na identificação de traumatismo cranioencefálico oculto em crianças e é o padrão de cuidado para avaliação de primeira linha de possível TCV.[155]Kemp AM, Rajaram S, Mann M, et al; Welsh Child Protection Systematic Review Group. What neuroimaging should be performed in children in whom inflicted brain injury (iBI) is suspected? A systematic review. Clin Radiol. 2009 May;64(5):473-83.
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Os sinais que foram significativamente associados a trauma cranioencefálico violento incluem: hemorragia subdural múltipla ou bilateral nas convexidades parenquimatosas; hemorragias inter-hemisféricas; lesão hipóxica-isquêmica; e edema cerebral.[61]Hymel KP, Armijo-Garcia V, Foster R, et al. Validation of a clinical prediction rule for pediatric abusive head trauma. Pediatrics. 2014 Dec;134(6):e1537-44.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25404722?tool=bestpractice.com
[62]Cowley LE, Morris CB, Maguire SA, et al. Validation of a prediction tool for abusive head trauma. Pediatrics. 2015 Aug;136(2):290-8.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26216332?tool=bestpractice.com
[158]Kemp AM, Jaspan T, Griffiths J, et al. Neuroimaging: what neuroradiological features distinguish abusive from non-abusive head trauma? A systematic review. Arch Dis Child. 2011 Dec;96(12):1103-12.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21965812?tool=bestpractice.com
Se forem observadas anormalidades, deve-se realizar uma RNM do cérebro em 3 a 5 dias.[159]Paddock M, Choudhary AK, Jeanes A, et al. Controversial aspects of imaging in child abuse: a second roundtable discussion from the ESPR child abuse taskforce. Pediatr Radiol. 2023 Apr;53(4):739-51.
https://link.springer.com/article/10.1007/s00247-023-05618-5
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/36879046?tool=bestpractice.com
Fundoscopia dilatada: um oftalmologista deve conduzir um exame físico detalhado dos fundos dos olhos usando fundoscopia indireta com as pupilas dilatadas e RetCam (exame de imagem digital da retina pediátrica de campo amplo). Essas técnicas têm a capacidade de visualizar a periferia da retina, onde hemorragias retinianas em TCV são observadas com mais frequência.
RNM cranioencefálica (± RNM da medula espinhal): deve ser realizada em 3 a 5 dias se alguma anormalidade for encontrada na TC cranioencefálica.[159]Paddock M, Choudhary AK, Jeanes A, et al. Controversial aspects of imaging in child abuse: a second roundtable discussion from the ESPR child abuse taskforce. Pediatr Radiol. 2023 Apr;53(4):739-51.
https://link.springer.com/article/10.1007/s00247-023-05618-5
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/36879046?tool=bestpractice.com
O exame deve incluir a imagem ponderada por difusão (IPD), sequências ponderadas em T1 e T2, além da recuperação da inversão atenuada por fluidos (FLAIR). Isso permitirá o delineamento completo da extensão da lesão. As sequências de IPD também podem ajudar no prognóstico. A RNM deve ser ampliada para incluir a coluna vertebral se houver suspeita de lesão na medula espinhal.[155]Kemp AM, Rajaram S, Mann M, et al; Welsh Child Protection Systematic Review Group. What neuroimaging should be performed in children in whom inflicted brain injury (iBI) is suspected? A systematic review. Clin Radiol. 2009 May;64(5):473-83.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19348842?tool=bestpractice.com
Suspeita de lesão esquelética (além da investigação inicial)
Cintilografia óssea com radionuclídeos: em alguns países, ela pode ser realizada como alternativa à radiografia repetida de esqueleto em crianças com suspeita de fraturas quando a radiografia de esqueleto inicial é negativa ou duvidosa. Nos EUA, no entanto, varreduras com radionuclídeos raramente são usadas em crianças. Uma cintilografia óssea torna-se positiva em até 4 horas da ocorrência de uma fratura, mas permanece positiva por muitos meses, por isso não contribui para datar fraturas. Ela não tem valor na detecção de fraturas no crânio, e é menos sensível na identificação de lesões metafisárias. Radiografias simples também devem ser obtidas, e os testes podem confirmar fraturas observadas como focos. Entretanto, a cintilografia óssea apresenta alta sensibilidade para identificar fraturas de costela e pode ser considerada se houver suspeita de fraturas agudas de costela, uma vez que estas são de difícil detecção na radiografia simples antes da cura.[31]Flaherty EG, Perez-Rossello JM, Levine MA, et al; American Academy of Pediatrics Committee on Child Abuse and Neglect. Evaluating children with fractures for child physical abuse. Pediatrics. 2014 Feb;133(2):e477-89.
https://pediatrics.aappublications.org/content/133/2/e477.long
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24470642?tool=bestpractice.com
Lesões orais (além da investigação inicial)
Lesões abdominopélvicas (além da investigação inicial)
TFHs, amilase sérica e lipase se não tiverem sido realizados na investigação inicial.[152]Lane WG, Dubowitz H, Langenberg P. Screening for occult abdominal trauma in children with suspected physical abuse. Pediatrics. 2009 Dec;124(6):1595-602.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19933726?tool=bestpractice.com
[153]Bevan CA, Palmer CS, Sutcliffe JR, et al. Blunt abdominal trauma in children: how predictive is ALT for liver injury? Emerg Med J. 2009 Apr;26(4):283-8.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19307392?tool=bestpractice.com
Ultrassonografia abdominal: tem uma função limitada no rastreamento de lesões abdominais traumáticas.
TC de abdome/pelve: teste definitivo; delineia qualquer ruptura de órgão oco e detecta hematomas subcapsulares, rupturas do fígado ou baço e lesão renal.
Mordidas (além da investigação inicial)
É essencial que crianças com suspeita de mordidas de adultos sejam encaminhadas em tempo hábil para a American Board of Forensic Odontology ou British Association of Forensic Odontologists (equivalentes da Associação dos Odontólogos Forenses) para avaliação adicional.[122]American Board of Forensic Odontology. ID & bitemark guidelines: body identification information & guidelines. Feb 2017 [internet publication].
https://abfo.org/resources/id-bitemark-guidelines
Dentistas forenses podem realizar TC, reconstruções dentárias, recuperação de ácido desoxirribonucleico (DNA) ou exame de imagem ultravioleta (UV) digital para possivelmente identificar um agressor.[160]Fischman SL. Bite marks. Alpha Omegan. 2002 Dec;95(4):42-6.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12561715?tool=bestpractice.com
Swabs forenses para DNA também devem ser obtidos, pois ajudam na identificação do agressor.
Hematomas (além da investigação inicial)
Estudos da função plaquetária e estudos do fator de von Willebrand podem ser considerados para ajudar a descartar uma causa clínica dos hematomas.[76]Carpenter SL, Abshire TC, Killough E, et al. Evaluating for suspected child abuse: conditions that predispose to bleeding. Pediatrics. 2022 Oct 1;150(4):e2022059277.
https://publications.aap.org/pediatrics/article/150/4/e2022059277/189508/Evaluating-for-Suspected-Child-Abuse-Conditions?autologincheck=redirected
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/36120799?tool=bestpractice.com
[150]Anderst J, Carpenter SL, Abshire TC, et al. Evaluation for bleeding disorders in suspected child abuse. Pediatrics. 2022 Oct 1;150(4):e2022059276.
https://publications.aap.org/pediatrics/article/150/4/e2022059276/189510/Evaluation-for-Bleeding-Disorders-in-Suspected?autologincheck=redirected
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/36180615?tool=bestpractice.com
Intoxicações (além da investigação inicial)