Abordagem

História

Quase todas as pessoas afetadas são assintomáticas durante grande parte da sua vida.[2][28]

Alguns pacientes com variantes de classe I terão sintomas de longa duração: eles podem ter uma história familiar (com uma linhagem ligada ao cromossomo X característica), tipicamente descrevem icterícia neonatal e, geralmente, informam uma história de falta de energia e fadiga crônica, palidez e icterícia, além de frequentemente terem recebido transfusão sanguínea na infância. Eles podem ter exacerbações dos seus sintomas durante uma infecção, susceptibilidade elevada à infecção (às vezes até sangramento, devido à disfunção plaquetária) e catarata prematura. Eles podem ter dor abdominal e outros sintomas de cálculos biliares e doença calculosa da vesícula biliar, como consequência da anemia hemolítica crônica.[29]

Deve-se coletar uma história detalhada, incluindo a dieta e os medicamentos, sobretudo se a apresentação for aguda. Normalmente, há uma história de evento precipitante ao longo dos últimos 1 a 2 dias: por exemplo, a ingestão de um medicamento ou alimento oxidativo implicado (por exemplo, favas).[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Medicamentos e agentes conhecidos por causarem a hemólise em pessoas com deficiência de glicose-6-fosfato desidrogenase (G6PD)Criado pelo Professor Atul B. Mehta [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@343cad2 A infecção intercorrente significativa também é um fator precipitante.

O favismo (após a exposição às favas) e a hemólise induzida por medicamentos são geralmente intravasculares e extravasculares. A hemólise intravascular é geralmente associada a sintomas clínicos acentuados, como vômitos graves, cefaleia, prostração, dorsalgia e urina escura. A hemólise extravascular causa sintomas menos dramáticos (por exemplo, cansaço, icterícia e indiferença) e pode estar associada à esplenomegalia, embora na prática ela possa levar alguns dias para evoluir e seja observada apenas em pessoas com variantes de classe I.

Exame físico

Palidez e icterícia são os sinais principais.

A taquicardia e os sinais de circulação hiperdinâmica estão frequentemente presentes na anemia moderada a grave. Pode até haver uma alteração do nível de consciência. A esplenomegalia geralmente não é detectada, mas pode estar presente em pacientes com hemólise extravascular crônica.

Exames laboratoriais

Os exames iniciais a serem realizados são hemograma completo e contagem de reticulócitos, com análise do esfregaço do sangue periférico, perfil metabólico completo (CMP) e urinálise.

  • Hemograma completo e reticulócitos: mostra anemia (hemoglobina 40 a 100 g/L [4 a 10 g/dL], dependendo da gravidade) com aumento da concentração média de hemoglobina corpuscular (CHCM). Em geral, a contagem de reticulócitos é marcadamente elevada até >0.10 (>10%).

  • Esfregaço de sangue periférico: mostra alterações características de anisocitose com células "mordidas". Os corpos de Heinz (fragmentos de hemoglobina desnaturada) são observados na hemólise aguda. Os esferócitos não são uma característica proeminente nessa afecção.

  • CMP: os testes da função hepática mostram bilirrubina não conjugada elevada e lactato desidrogenase muito elevada em consequência da destruição dos eritrócitos e da liberação de hemoglobina. Os níveis de transaminases estão elevados e a função renal pode estar anormal devido à desidratação. A hemoglobinúria decorrente da hemólise intravascular também pode causar insuficiência renal aguda. A haptoglobina pode ser solicitada e está baixa por causa da hemólise intravascular.

  • Urinálise: mostra hemoglobinúria se houver presença de hemólise intravascular. O teste de fita reagente detecta urobilinogênio e proteína.

Exames por imagem

A ultrassonografia abdominal pode ser útil para avaliar a presença de esplenomegalia. Os cálculos biliares podem estar presentes em pacientes com hemólise crônica.

Exames específicos para a deficiência de G6PD

O teste de rastreamento para a deficiência de G6PD usa um teste de spot fluorescente.[25] No teste, a glicose-6-fosfato é oxidada pela G6PD para gerar 6-fosfogluconolactona, com redução concomitante de NADP (nicotinamida-adenina dinucleotídeo fosfato) a NADPH (nicotinamida-adenina dinucleotídeo fosfato reduzida). A NADPH fluoresce quando excitada com luz de 340 nm; o fato de amostras de sangue impregnado em papel filtro não fluorescerem sob a luz UV é indicativo de deficiência de G6PD.

O teste de descoloração com corante é um teste alternativo; a taxa de descoloração do corante pela NADPH fornece uma medida da atividade de G6PD.[25]

Os reticulócitos têm uma atividade mais alta que os eritrócitos maduros e, imediatamente após um episódio hemolítico, a reticulocitose pode elevar o nível de atividade medido para dentro da faixa normal. Todos os pacientes devem ser testados novamente após um episódio hemolítico de causa desconhecida, para garantir que a deficiência de G6PD não passe despercebida. A atividade final da G6PD deve ser interpretada à luz da contagem de reticulócitos medida na mesma amostra.[25]

Ensaio quantitativo

Um ensaio espectrofotométrico quantitativo deve ser realizado para confirmar ou descartar o diagnóstico se o teste de rastreamento for anormal ou limítrofe.[25][30][31]

Os testes de rastreamento não conseguem diagnosticar de forma confiável a deficiência de G6PD nas mulheres heterozigóticas.[25] Portanto, a atividade da G6PD deve ser medida por ensaio espectrofotométrico quantitativo como primeira linha nas pacientes do sexo feminino. Deve-se realizar um teste citoquímico se os resultados do ensaio quantitativo forem intermediários ou ambíguos ou se houver alguma razão clínica ou genética para suspeitar que a mulher é heterozigótica para deficiência de G6PD.[25][30][31]

Testes laboratoriais remotos

Os testes diagnósticos rápidos podem ser úteis em determinadas situações no local de atendimento (por exemplo, programas de triagem neonatal ou para determinar a segurança do tratamento com primaquina no contexto de programas de controle da malária por Plasmodium vivax), mas sua disponibilidade pode ser limitada.[25][32] Isso deve ser acompanhado pelo ensaio quantitativo definitivo da atividade da G6PD por espectrofotometria.

Diagnóstico molecular

A análise molecular pode ser considerada quando os testes iniciais forem ambíguos. Os candidatos para análise molecular incluem as mulheres heterozigóticas e os homens com síndrome de Klinefelter (que podem apresentar atividade de G6PD intermediária).[25]

As variantes da G6PD podem ser determinadas utilizando a reação em cadeia da polimerase.[33][34][35]

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