Abordagem

Evidências sugerem que crianças e adultos devem ter um nível sérico de 25-hidroxivitamina D de >75 nanomoles/L (>30 nanogramas/mL) para obter o benefício máximo da vitamina D para a saúde e o bem-estar geral.[2] A quantidade de vitamina D necessária para tanto depende de diversos fatores, inclusive idade, 25-hidroxivitamina D na linha basal, índice de massa corporal (IMC), história de exposição ao sol e o uso de medicamentos capazes de afetar o metabolismo e a absorção intestinal da vitamina D.

A correção da insuficiência e deficiência de vitamina D em crianças promoverá o crescimento e a deposição de cálcio no esqueleto. As crianças com manifestações esqueléticas de raquitismo devem receber um tratamento agressivo. Quanto mais precoce a intervenção, maior a probabilidade de um prognóstico favorável, com a resolução de muitas deformidades esqueléticas associadas. Isso é especialmente verdadeiro para deformidades nas pernas. A correção da deficiência de vitamina D em adultos melhora a densidade mineral óssea e estimula a mineralização da matriz de colágeno, trazendo a resolução da dor óssea associada à osteomalácia.

Reposição de vitamina D

A base do tratamento é a provisão de vitamina D para corrigir a deficiência causadora. O objetivo é obter e manter um nível de 25-hidroxivitamina D sérica em crianças e adultos entre 75-250 nanomoles/L (30-100 nanogramas/mL).[1][2][73][88]​​Considera-se que uma criança ou adulto tenha insuficiência de vitamina D quando o nível de 25-hidroxivitamina D sérica está entre 52-72 nanomoles/L (21-29 nanogramas/mL) ou quando sua história sugere a falta de vitamina D diária adequada obtida de suplementos (400 unidades internacionais (UI) para crianças <1 ano de idade; 600 UI para crianças ≥1 ano de idade; e 1500-2000 UI para adultos), da dieta e/ou da exposição adequada ao sol.[2] Esses pacientes devem ser tratados com reposição de vitamina D da mesma forma que aqueles com deficiência.

A deficiência de vitamina D em adultos e crianças é corrigida pelo tratamento com vitamina D2 (ergocalciferol) ou vitamina D3 (colecalciferol) administrada por via oral por 6 a 8 semanas, seguida por uma dose menor de manutenção durante toda a infância e a vida adulta.[2][89][90]

Os pacientes com síndromes intestinais ou de má absorção de gordura (inclusive insuficiência hepática e obesidade), ou que tenham uma história de cirurgia de bypass gástrico, geralmente não respondem a pequenas doses de reposição de vitamina D. Por isso, geralmente são necessárias doses orais diárias mais altas.[2]​ Os pacientes que fazem uso de medicamentos antiepilépticos, glicocorticoides ou outros medicamentos que ativam receptores esteroides e xenobióticos (por exemplo, terapia antirretroviral altamente ativa, rifampicina, erva-de-são-joão) também podem precisar de doses mais altas de vitamina D. Faltam dados sobre a dose ideal para a deficiência de vitamina D na gestação.[91]​ Busque aconselhamento especializado antes de iniciar o tratamento se uma mulher estiver grávida.

Exposição razoável ao sol ou à radiação ultravioleta B (UV-B)

A exposição razoável e adequada ao sol é uma excelente fonte de vitamina D e deve ser recomendada a todos os pacientes para o tratamento e a prevenção da deficiência de vitamina D.[58][71]​ Geralmente, a exposição de braços e pernas (com proteção solar no rosto) por 5-30 minutos (depende do grau de pigmentação da pele, hora do dia, estação do ano, latitude e idade do paciente) entre as 10h e 15h duas vezes por semana é suficiente para estimular a produção cutânea de vitamina D. Há aplicativos disponíveis para smartphones que podem oferecer recomendações sobre exposição razoável à radiação solar, dar informações sobre a quantidade de vitamina D produzida pela pele durante a exposição à radiação solar atual e alertar o usuário sobre quando parar para prevenir queimaduras de sol.

Pacientes com má absorção de gordura, que são incapazes de absorver a vitamina D por via oral podem se beneficiar da exposição à radiação UV-B.[1] Isso geralmente é obtido usando uma câmara de bronzeamento artificial por 30% a 50% do tempo recomendado para o bronzeamento (deve-se aplicar filtro solar no rosto).[1] As câmaras de bronzeamento artificial também podem ser consideradas em climas com pouca luz solar.

Reposição de cálcio e fosfato

Como a ingestão inadequada de cálcio pode contribuir para a deficiência de vitamina D e os pacientes geralmente não atendem aos requisitos de cálcio diários exclusivamente por fontes alimentares, todos os pacientes devem receber suplementação de cálcio.[78][92]​ Os suplementos de cálcio, com ou sem vitamina D, são considerados seguros do ponto de vista cardiovascular.[93]

A suplementação de fosfato em geral é desnecessária a menos que haja um distúrbio hereditário ou adquirido causando a perda renal de fosfato, como raquitismo hipofosfatêmico ou osteomalácia oncogênica.​[4][5] Esses pacientes requerem a suplementação de fosfato em associação com a reposição de vitamina D e metabólito da vitamina D. É preciso ter cautela quando administrar suplementação de fosfato, pois altas doses dessa substância várias vezes ao dia causam uma redução no cálcio ionizado, resultando em um aumento na produção de paratormônio e em hiperparatireoidismo terciário. Por isso, deve-se administrar doses menores de fosfato com mais frequência ao longo do dia para manter um nível de fosfato sérico normal sem causar um hiperparatireoidismo significativo.

Distúrbios do metabolismo de vitamina D

Os pacientes com distúrbios hereditários ou adquiridos do metabolismo de 25-hidroxivitamina D em 1,25-di-hidroxivitamina D, ou um defeito no reconhecimento de 1,25-di-hidroxivitamina D, devem receber vitamina D junto com 1,25-di-hidroxivitamina D3 (calcitriol) ou um de seus análogos ativos (por exemplo, paricalcitol ou doxercalciferol), dependendo da causa da anormalidade.[1]

Os pacientes com doença renal crônica têm um nível de fosfato sérico normal-alto ou elevado e uma capacidade reduzida de produzir 1,25-di-hidroxivitamina D, que causa hiperparatireoidismo secundário. Por isso, eles precisam manter uma 25-hidroxivitamina D sérica entre 75-250 nanomoles/L (30-100 nanogramas/mL) e controlar o nível de fosfato sérico usando um quelante de fosfato (por exemplo, carbonato de cálcio). Além disso, se a taxa de filtração glomerular (TFG) estimada for <50% do normal, eles também podem precisar de 1,25-di-hidroxivitamina D3 ou um de seus análogos ativos (para tratar e evitar o hiperparatireoidismo secundário).[1][10]

O uso deste conteúdo está sujeito ao nosso aviso legal