Complicações
Os derrames pleurais são complicações comuns da IC congestiva crônica.
Uma razão comum para sintomas refratários é a síndrome cardiorrenal, um espectro de distúrbios que envolvem o coração e os rins em que a disfunção aguda ou crônica em um órgão pode induzir a disfunção aguda ou crônica no outro órgão.[287] Esses pacientes mostram uma resposta desfavorável aos diuréticos e aos IECAs e apresentam aumento do risco de efeitos adversos durante o tratamento com digoxina.[247][288][289] O comprometimento funcional renal persistente ou progressivo foi associado a um prognóstico desfavorável.[290][291] Os sintomas de IC nos pacientes com doença renal em estágio terminal podem ser exacerbados por um aumento nas condições de carga produzidas pela anemia e pelas fístulas implantadas para permitir a diálise.[292]
Consulte Abordagem de tratamento para obter mais informações sobre a doença renal crônica e IC.
Os pacientes com IC frequentemente apresentam anemia comórbida por uma variedade de motivos, a qual pode agravar os sintomas de IC. Vários estudos demonstraram desfechos piores nos pacientes com IC e anemia, como um risco 1.027 vez maior de mortalidade associada a um hematócrito 1% menor, após o ajuste em relação a outros fatores.[293][294] Não está claro se a anemia é a causa da menor sobrevida ou um marcador de uma doença mais grave. Vários pequenos estudos sugeriram o benefício do uso da eritropoetina e do ferro para o tratamento de anemia leve na IC, embora haja o aumento do risco de eventos tromboembólicos.[295][296][297] No entanto, um estudo maior não demonstrou benefícios clínicos do tratamento com alfadarbepoetina.[298]
Apesar do tratamento ideal, muitos fatores precipitantes, ou até mesmo novos eventos, podem provocar a descompensação aguda de um paciente previamente estável, causando, portanto, edema pulmonar (insuficiência retrógrada) ou choque cardiogênico (insuficiência anterógrada). As causas comuns incluem infarto do miocárdio e suas complicações mecânicas (ruptura do músculo papilar com regurgitação mitral aguda inicial, defeito do septo ventricular e ruptura ventricular), arritmias, embolia pulmonar, infecção, anemia, tamponamento, miocardite, insuficiência renal aguda ou até mesmo maior ingestão de sal, terapia medicamentosa inapropriada ou não adesão do paciente.
Os pacientes com descompensação aguda necessitam de estabilização hemodinâmica urgente e do diagnóstico da causa precipitante. A terapia farmacológica inclui diuréticos intravenosos, agentes inotrópicos positivos intravenosos, vasodilatadores intravenosos e vasopressores intravenosos. Modalidades de tratamento não farmacológicas serão necessárias: elaa incluem oxigenação, balão de contrapulsação, estimulação elétrica, cateterismo urgente ou cirurgia cardíaca urgente, ou suporte mecânico com dispositivo de assistência ventricular.
Os pacientes apresentam alto risco de evoluir para insuficiência renal aguda em qualquer ponto da sua evolução clínica, como resultado de perfusão renal inadequada (estado de débito cardíaco baixo) ou uso excessivo de medicamentos para tratar a IC (diuréticos, inibidores da enzima conversora da angiotensina [IECAs], antagonistas da aldosterona, antagonistas do receptor de angiotensina II). Além disso, o uso do carvedilol requer o monitoramento atento da função renal, pois ele poderia contribuir, com outros agentes, para desenvolvimento de lesão renal aguda. A incapacidade de se manter a perfusão renal adequada com a terapia oral pode levar à necessidade de infusão inotrópica intravenosa ou de ultrafiltração e hemodiálise urgentes.
A morte súbita cardíaca é comum nos pacientes com IC e representa aproximadamente 30% a 40% das mortes entre esses pacientes. Ela pode ser provocada por fibrilação ventricular e dissociação eletromecânica, e pode ocorrer em qualquer momento na evolução da doença, mesmo nos pacientes assintomáticos.
Em pacientes sobreviventes de um episódio de parada cardíaca, é indicada a inserção profilática de um cardioversor-desfibrilador implantável e o início da terapia antiarrítmica apropriada.
Pacientes com insuficiência cardíaca apresentam vários fatores que podem colocá-los em alto risco de hipercalemia; estes incluem fatores diretamente relacionados à doença (ou seja, comprometimento no aporte de sódio e água ao túbulo renal distal), comorbidades associadas (por exemplo, diabetes, DRC) e uso de medicamentos que causam hipercalemia.[7]
O uso de patiromer, um novo ligante de potássio, para controlar os níveis de potássio sérico e permitir o uso de doses alvo de inibidores do sistema renina-angiotensina-aldosterona (particularmente antagonistas da aldosterona) em pacientes com ICFER está sendo investigado.[299]
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