Caso clínico

Caso clínico #1

Um homem de 43 anos sem história médica significativa chega ao pronto-socorro queixando-se de 3 dias de fadiga progressiva, dispneia ao esforço físico e ao permanecer deitado em posição supina, além de edema de membros inferiores. Ele relata ter tido, 2 semanas antes, uma doença semelhante à gripe, que consistiu em febre, mialgia, fadiga e sintomas respiratórios, que apresentou resolução espontânea. No exame físico, o paciente apresenta pressão venosa jugular elevada, estertores pulmonares bilaterais e frequência cardíaca de 104 bpm, com um ritmo de galope ventricular (B3) na ausculta cardíaca. Ele está levemente dispneico em repouso, mas se torna intensamente dispneico ao mínimo esforço físico.

Caso clínico #2

Uma criança de 4 anos com história de 4 anos de dor abdominal, vômitos e febre baixa comparece ao pronto-socorro com letargia. Seus pais relatam que, antes dessa doença, ele era uma criança totalmente saudável, com excelente nível de energia. No exame físico, o paciente apresenta taquicardia em repouso de 130 bpm, respiração ofegante, tônus enfraquecido, enchimento capilar lentificado e está muito letárgico. Ele apresenta B3 em galope e sopro sistólico precoce. São observados estertores leves nos campos pulmonares.

Outras apresentações

A manifestação clínica da miocardite é altamente variável, englobando desde anormalidades eletrocardiográficas assintomáticas até choque cardiogênico.[5]​​[15]​​ Quando o envolvimento cardíaco se manifesta clinicamente, o mesmo normalmente ocorre entre 7 e 10 dias após uma doença sistêmica. A dor torácica ocorre em 35% dos pacientes, podendo ser típica, atípica ou posicional em sua natureza.[4][16]​ Ocasionalmente, os pacientes apresentam dor torácica semelhante a uma doença isquêmica e elevações do segmento ST no ECG que mimetizam uma síndrome coronariana aguda. A disfunção ventricular esquerda tende a ser global em vez de regional, e a angiografia coronariana é normal.[17] Os pacientes com miocardite podem apresentar morte súbita cardíaca, geralmente em decorrência de arritmias ventriculares; a miocardite foi identificada em até 6% dos atletas jovens com morte súbita cardíaca nos EUA.[18]

É importante lembrar que, em crianças, a miocardite normalmente mimetiza doenças comuns da infância, com sintomas como dor abdominal, vômitos, febre, tosse e inapetência. Com frequência, os sintomas respiratórios aparecem depois. As crianças também podem apresentar nível reduzido de atividade como único achado persistente após um episódio de pródromo viral. Portanto, um alto índice de suspeita é essencial na miocardite pediátrica.

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