Etiologia

A síndrome de Stevens-Johnson pode ser consequência de um processo de doença ou do uso de algum medicamento. Uma história detalhada é fundamental.

Existem vários fatores etiológicos.

1. Infecção

A síndrome de Stevens-Johnson pode ser uma sequela de diversas condições, inclusive:[19][20][21]

  • Infecções do trato respiratório superior

  • Faringite

  • Otite média

  • Pneumonia por micoplasma

  • Herpes

  • Vírus Epstein-Barr

  • Citomegalovírus.

2. Vacinação

  • A vacinação contra varíola, embora seja raramente aplicada, pode desencadear eritema multiforme ou síndrome de Stevens-Johnson.[22][23]

3. Medicamentos

Os medicamentos implicados com maior frequência na síndrome de Stevens-Johnson e na necrólise epidérmica tóxica são:[10][15][19][24][25][26][27][28][29][30][31][32][33][34][35][36][37][38][39]

  • Anticonvulsivantes (por exemplo, carbamazepina, fenobarbital, fenitoína, ácido valproico, lamotrigina)

  • Antibióticos (por exemplo, sulfonamidas, aminopenicilinas, fluoroquinolonas e cefalosporinas)

  • Antifúngicos

  • Antirretrovirais (por exemplo, nevirapina, abacavir) e antivirais (por exemplo, aciclovir)

  • Anti-helmínticos

  • Analgésicos (por exemplo, paracetamol)

  • Anti-inflamatórios não esteroidais e inibidores seletivos da COX-2

  • Antimaláricos

  • Azatioprina

  • Sulfassalazina

  • Alopurinol

  • Ácido tranexâmico

  • Corticosteroides

  • Agentes psicotrópicos

  • Clormezanona

  • Medicamentos anticâncer (por exemplo, bendamustina, bussulfano, clorambucila)

  • Terapia direcionada (por exemplo, rituximabe, imatinibe, vemurafenibe)

  • Retinoides.

Fisiopatologia

Embora haja um consenso geral de que a síndrome de Stevens-Johnson e a necrólise epidérmica tóxica resultam de uma resposta imunológica, não foi completamente revelada a fisiopatologia exata das interações entre medicamentos, seus metabólitos, vírus, citocinas, linfócitos, predisposição genética, farmacogenômica e apoptose de ceratinócitos.

Tanto a síndrome de Stevens-Johnson quanto a necrólise epidérmica tóxica são caracterizadas pelo descolamento da epiderme da derme papilar na junção derme-epiderme, manifestando-se como erupção cutânea papulomacular e bolhas como resultado da apoptose de ceratinócitos.[40][41][Figure caption and citation for the preceding image starts]: Histopatologia da síndrome de Stevens-Johnson/necrólise epidérmica tóxicaDo acervo pessoal do Dr. A. Kowal-Vern [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@36e5a78 A apoptose de ceratinócitos mediada por linfócitos T citotóxicos (CD8) na síndrome de Stevens-Johnson e na estimulação elétrica transcutânea do nervo (TENS) é modulada pelo fator de necrose tumoral-alfa e gamainterferona no plasma, os quais são elevados em pacientes com síndrome de Stevens-Johnson e necrólise epidérmica tóxica.[42][43] Atualmente, a hipótese é que esse processo ocorra por meio de 3 possíveis vias:[24][42][44][45][46][47]

  • Interação de ligantes Fas-Fas

  • Perforina/granzima B

  • Mediada por granulisina.

Acredita-se que a principal via seja a mediada por granulisina, mas a questão ainda é controversa e o envolvimento potencial de uma ou de várias vias ainda não foi resolvido.

Há marcadores sob investigação, que podem estar correlacionados com a gravidade da síndrome de Stevens-Johnson/necrólise epidérmica tóxica e atuam como possíveis mediadores e biomarcadores para o diagnóstico: uma proteína, galectina-7, e tirosina quinase 3 de interação com o receptor (RIP3).[48][49]

O progresso em delinear a fisiopatologia da síndrome de Stevens-Johnson/necrólise epidérmica tóxica abordou a possibilidade de interação de fatores de risco com células natural killer e T citotóxicas, como estrutura medicamentosa e metabolismo (citocromo P450) e as características imunogênicas das moléculas do antígeno leucocitário humano.[2]

Pode haver vias múltiplas em funcionamento, dependendo da predisposição genética do paciente e/ou do tipo de medicamento desencadeante da resposta imunológica.

Classificação

Espectro de Envolvimento Cutâneo - classificação clinicamente aceita[3]

Não há classificação formal. Considera-se que há um espectro de doenças esfoliativas, com a forma leve sendo o eritema multiforme major, a forma grave sendo a necrólise epidérmica tóxica e a síndrome de Stevens-Johnson o ponto intermediário. Atualmente, esta se tornou a definição e a classificação clinicamente aceitas do espectro da doença.

Eritema multiforme major

  • Lesões em alvo

Síndrome de Stevens-Johnson

  • <10% de envolvimento da área total de superfície corporal (ATSC)

Sobreposição síndrome de Stevens-Johnson/necrólise epidérmica tóxica

  • 10% a 30% de envolvimento da ATSC.

Necrólise epidérmica tóxica

  • >30% de envolvimento da ATSC.

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