Etiologia

Estudos genômicos e estudos de coortes com familiares e gêmeos sugerem que há genes com variantes alélicas que de fato predispõem à dependência de estimulantes.[12][13]​ Neurônios ricos em dopamina no córtex do núcleo accumbens estão profundamente envolvidos no processo de dependência de todas as substâncias, e vários polimorfismos podem alterar o metabolismo, a sinalização e a regulação dos sinais dopaminérgicos.[14]​ Estudos de associação genômica ampla vincularam o gene FAM53B (família com similaridade de sequência 53, membro B) e o gene KCTD20 (domínio de tetramerização do canal de potássio) ao uso e à dependência da cocaína; no entanto, esses achados necessitam de replicação independente.[15][16]

Fisiopatologia

A cocaína exerce vários efeitos. Muitos deles são mediados pela prevenção da recaptação da noradrenalina, produzindo um estado hiperadrenérgico temporário. A cocaína impede a recaptação de todas as catecolaminas.

Tanto a cocaína quanto a metanfetamina ativam diretamente o DNA para produzir maiores quantidades de calmodulina-quinase II. Isso ocasiona hipertrofia miocárdica e um aumento do cálcio dentro do citosol dos cardiomiócitos.[17][18]​ Ambas ações favorecem a ocorrência de arritmias.[19] Uma elevação aguda das catecolaminas pode precipitar infarto agudo do miocárdio nos indivíduos com doença coronariana subjacente, e acidente vascular cerebral (AVC) naqueles com malformações cerebrais preexistentes.

A toxicidade aguda é mais ou menos relacionada à dose, mas a tolerância surge com a primeira dose. O uso crônico está associado a mudanças neuroquímicas e anatômicas que podem estar associadas a toxicidade ou, menos comumente, à morte. Geralmente aceita-se que não haja relação entre concentrações de cocaína no sangue medidas logo após a morte e níveis medidos na autópsia, e em nenhum dos casos há relação entre as concentrações de cocaína e os sintomas observados.

A maior parte da cocaína vendida hoje é adulterada com levamisol. O levamisol pode causar anemia aplásica, mas principalmente faz os pacientes irem ao pronto-socorro em decorrência de vasculopatia retiforme que pode ser acompanhada por neutropenia, agranulocitose, vasculopatia trombótica e púrpura restrita ao rosto e às orelhas.[20] Necrose dos lobos auriculares também foi relatada.

Classificação

Classificação internacional de doenças, 11a revisão (CID-11)[2]

Transtorno relacionado ao uso de cocaína

O diagnóstico primário de um transtorno relacionado ao uso de cocaína deve incluir um padrão de uso de cocaína, juntamente com o impacto do padrão de uso da cocaína.

Padrão de uso da cocaína:

  • Episódio de uso nocivo de cocaína

  • Padrão prejudicial de uso de cocaína

    • Padrão nocivo de uso de cocaína, episódico

    • Padrão nocivo de uso de cocaína, contínuo

    • Padrão nocivo de uso de cocaína, não especificada

  • Dependência de cocaína

    • Dependência de cocaína, uso no presente

    • Dependência de cocaína, remissão total inicial

    • Dependência de cocaína, remissão parcial sustentada

    • Dependência de cocaína, remissão total sustentada

    • Dependência de cocaína, não especificada

Impacto do padrão de uso de cocaína

  • Intoxicação por cocaína

  • Abstinência de cocaína

  • Delirium induzido por cocaína

  • Transtorno psicótico induzido por cocaína

    • Transtorno psicótico induzido por cocaína com alucinações

    • Transtorno psicótico induzido por cocaína com delírio

    • Transtorno psicótico induzido por cocaína com sintomas psicóticos mistos

    • Transtorno psicótico induzido por cocaína, não específicado

  • Determinados transtornos mentais ou comportamentais específicos induzidos pela cocaína

    • Transtorno do humor induzido por cocaína

    • Transtorno de ansiedade induzido por cocaína

    • Transtorno obsessivo-compulsivo ou relacionado induzido por cocaína

    • Transtorno do controle de impulsos induzido por cocaína

  • Outro transtorno específico relacionado ao uso de cocaína

  • Transtorno relacionado ao uso de cocaína, não especificado

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