Complicações
A mucosite oral secundária a uma terapia contra câncer é uma inflamação aguda da mucosa oral em resposta à quimioterapia sistêmica e/ou à radioterapia em campos que envolvem a cavidade oral. O quadro clínico varia de uma estomatite eritematosa geral até lesões erosivas e ulceração manifesta. As lesões geralmente causam muita dor, podem comprometer a nutrição e a higiene bucal, além de que aumentam o risco de infecção local e sistêmica. Além disso, a mucosite oral grave pode ocasionar uma redução indesejável na dose de quimioterapia e/ou à interrupção da radioterapia.
O tratamento é sintomático e inclui higiene bucal e controle da dor.
O risco depende da dose total de radioterapia na mandíbula e do volume da mandíbula irradiada. Pacientes que recebem uma dose de radioterapia de ≥50 Gy na mandíbula têm risco de desenvolver osteorradionecrose.[131] Para pacientes que passam por quimiorradioterapia concomitante, o risco varia de 5% a 7%.[91][93][94] Para prevenção, todos os pacientes devem ser avaliados por um profissional de odontologia familiarizado com radioterapia antes de iniciar o tratamento.[131] Técnicas como radioterapia de intensidade modulada e terapia de prótons de intensidade modulada devem ser usadas para reduzir a exposição da radioterapia na mandíbula.[131] Os antibióticos e a oxigenoterapia hiperbárica são os principais tratamentos. Cirurgia pode ser necessária em casos refratários.
Secundário à fibrose da articulação temporomandibular (ATM) e dos músculos pterigoideos. O risco aumenta com a dose de radioterapia nessas estruturas. A IMRT pode diminuir a dose de radioterapia na ATM e reduzir o risco. Como não há definição uniforme para trismo, sua incidência após radioterapia para câncer orofaríngeo varia de 2% a 13%.[91][92]
A orofaringe exerce papel-chave na fonação. A cirurgia, mesmo com reconstrução, está associada à fala alterada, pois a qualidade da voz não é a mesma. Acredita-se amplamente que a cirurgia robótica transoral esteja associada a desfechos funcionais pós-operatórios significativamente melhores, relacionados à fala, deglutição e necessidade de traqueostomia.
Trata-se da complicação mais grave por causa do potencial para pneumonia por aspiração e morte; fato facilmente ignorado pelos médicos, pois metade dos pacientes têm reflexo de tosse suprimido após o tratamento.[124] Os pacientes podem tornar-se dependentes de alimentação por tubos de gastrostomia por tempo prolongado.[91][92][93]
A radioterapia geralmente danifica as glândulas salivares e induz xerostomia permanente, que afeta a qualidade de vida do paciente. A gravidade da xerostomia depende da dose nas glândulas parótidas. Novas técnicas de radioterapia, como a radioterapia de intensidade modulada, podem reduzir a dose de radioterapia nas glândulas parótidas (dose média <26 Gy) e permitir a recuperação do fluxo salivar.[125]
Pacientes que passam por quimioterapia e radioterapia correm particular risco porque a cisplatina isoladamente pode provocar danos na cóclea. Pacientes com mais de 40 anos e pacientes com déficit de audição preexistente apresentam aumento do risco.[126][127][128] O risco depende da dose de radioterapia na cóclea, sendo potencializado pela cisplatina. Uma dose de radioterapia tão baixa quanto 10 Gy pode produzir deficit de audição quando combinada com a cisplatina.[129] Todos os pacientes que passam por quimiorradioterapia devem ser submetidos a uma audiometria inicial antes e após a radioterapia. Próteses auditivas ou implantes cocleares podem melhorar a qualidade de vida se os pacientes desenvolvem deficit de audição após radioterapia.[130] Novos agentes estão sendo investigados para reduzir a ototoxicidade induzida pela cisplatina.[109]
A função tireoidiana deve ser monitorada rotineiramente, e os pacientes devem ser instruídos quanto aos sinais e sintomas do hipotireoidismo para reposição do hormônio tireoidiano.
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