Abordagem

O diagnóstico baseia-se na história e nos achados clínicos. Estudos de imagem geralmente não são necessários para o diagnóstico, mas são úteis na avaliação da extensão da doença e no planejamento do tratamento.

História e exame físico

Em geral, os pacientes apresentam perda auditiva ou zumbido. Uma história de, ou manifestação com, secreção auricular purulenta recorrente ou crônica, que pode não apresentar resposta clínica à antibioticoterapia, é comum no colesteatoma adquirido. A secreção é malcheirosa e pode ser escassa. Com menos frequência, os pacientes apresentam sintomas de otalgia, vertigem ou comprometimento do nervo facial (nervo craniano VII) (paladar alterado ou fraqueza facial). Estes sintomas geralmente indicam doença mais avançada.[1]

Deve-se investigar os pacientes quanto a alguma doença otológica preexistente ou causas de disfunção da tuba auditiva.[3][16]​ Um diagnóstico coexistente de fenda palatina, anomalias craniofaciais ou alterações cromossômicas aumenta o risco de colesteatoma adquirido.[4][8]​​​ Com menos frequência, os membros da família também podem ter tido doença da orelha média ou colesteatoma.[13][16][21]

No exame físico, pode haver evidência de uma otorreia. A otoscopia mostra tipicamente uma crosta ou queratina no ático (parte superior da orelha média), na pars flácida ou na pars tensa (aspecto geralmente póstero-superior), com ou sem perfuração da membrana timpânica.[22] Uma massa branca atrás de uma membrana timpânica intacta pode ser observada em colesteatoma congênito.


Como examinar a orelha
Como examinar a orelha

Como realizar um exame da orelha.


Se houver secreção auricular significativa, o paciente talvez precise passar por exame físico por otomicroscopia e microssucção da orelha. Um endoscópio de zero ou trinta graus também pode ser útil no exame físico da orelha. Isso pode ajudar a diferenciar uma bolsa de retração de colesteatoma.[23] Em pacientes nos quais é difícil fazer exames (por exemplo, crianças pequenas ou com dificuldades de aprendizagem), talvez seja necessário usar anestesia geral para examinar a orelha. Isso permite realizar a microssucção completa da orelha, determinar a causa da secreção (se é ou não uma perfuração ou se há uma bolsa de retração presente) e confirmar a presença de um colesteatoma.

Às vezes, um teste de fístula é realizado, usando timpanometria para aplicar pressão positiva e registrando os movimentos oculares. Um resultado positivo é nistagmo após pressão positiva, o que significa a presença de uma fístula de canal semicircular. No entanto, o teste pode gerar um resultado falso-negativo.[24][Figure caption and citation for the preceding image starts]: Bolsa de retração no ático (parte superior da orelha média)Do acervo pessoal de ensino da Dra. Susan Douglas [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@2008c873[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Colesteatoma no ático (parte superior da orelha média)Do acervo pessoal de ensino da Dra. Susan Douglas [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@603bd160

Audiologia

Audiometria deve ser realizada em todos os pacientes para determinar o estado auditivo do paciente. Uma audiometria pode estar normal, mas costuma demonstrar uma perda auditiva condutiva.[1]​ Pode haver um misto de perda auditiva condutiva e neurossensorial em pacientes com dano coclear ou naqueles com perda auditiva preexistente (por exemplo, congênita ou presbiacusia).

Exames por imagem

TC de alta resolução dos ossos petrosos temporais é recomendada como parte da investigação inicial de pacientes com colesteatoma na orelha média.[25][26]​ Ela pode confirmar a doença em pacientes com uma manifestação atípica, e pode ser usada para avaliar a orelha quanto à patologia do processo mastoide e complicações como comprometimento coclear, intracraniano ou do canal semicircular.[27]​ Em pacientes com colesteatoma, a TC mostra opacificação da orelha média ou do processo mastoide, com ou sem erosão do scutum, da cadeia ossicular, do labirinto, do canal facial, do tegmen ou da cápsula óssea do seio sigmoide. A TC dos ossos temporais sem meio de contraste intravenoso é geralmente suficiente na investigação de suspeita de colesteatoma e no planejamento cirúrgico. No entanto, a administração de meio de contraste intravenoso é útil para demonstrar a extensão em tecidos moles extraósseos, se houver preocupação clínica.[26]

A RNM é utilizada para caracterizar a patologia dos tecidos moles no colesteatoma, complementando a tomografia computadorizada, que define melhor o comprometimento ósseo. A RNM da cabeça com seções finas em todo o osso petroso temporal (para visualizar o canal auditivo interno por imagem), com e sem contraste intravenoso, é útil na definição da extensão de um colesteatoma da orelha média e na avaliação da extensão intracraniana, antes da intervenção cirúrgica.[26]

A RNM é a modalidade de exame de imagem preferida para certas complicações intracranianas do colesteatoma, entre elas meningoencefalite, formação de abscesso do lobo temporal e trombose do seio venoso.[4]

Uma RNM ponderada por difusão não ecoplanar é útil em pacientes que já passaram por cirurgia para descartar a recorrência da doença.[28][29][30][Figure caption and citation for the preceding image starts]: Colesteatoma, tomografia computadorizada (TC) coronalDo acervo pessoal de ensino da Dra. Susan Douglas [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@6c1ba0bf[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Colesteatoma, tomografia computadorizada (TC) axialDo acervo pessoal de ensino da Dra. Susan Douglas [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@13561234

Microbiologia

Culturas de orelha são obtidas principalmente em pacientes com uma secreção auricular sem resposta clínica a terapêuticas antimicrobianas. Swabs da orelha demonstram infecção bacteriana, normalmente Pseudomonas aeruginosa, e podem demonstrar outros patógenos como Staphylococcus aureus e bactérias anaeróbias.[31]

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