Primeiras etapas
Uma vez que uma preocupação significativa com a saúde do paciente seja levantada por um médico apropriado, a ação imediata deve incluir a remoção dos meios de suicídio e a garantia da segurança do paciente e de outrem, além do tratamento de qualquer transtorno psiquiátrico existente.
Considerações relevantes para os pacientes com lesões autoprovocadas
Se a função da autolesão for lidar com um evento de vida estressante, lidar com sentimentos opressivos ou afastar pensamentos de suicídio, pode não ser apropriado esperar que alguém para imediatamente de se lesionar. Para algumas pessoas, a lesão autoprovocada é uma estratégia de enfrentamento que elas simplesmente não conseguem "parar". No entanto, você ainda pode tentar mitigar quaisquer fatores de risco e questões subjacentes que contribuam para os danos autoinfligidos.
Aborde quaisquer questões psicossociais subjacentes, compartilhe estratégias de enfrentamento e melhore a saúde psicológica, tentando:
Envolver o indivíduo em buscar e aceitar ajuda para seus problemas subjacentes
Promover a resiliência e a desenvoltura produzindo juntamente com o paciente um plano de segurança, discutir estratégias de enfrentamento alternativas (como resolução de problemas) e abordar quaisquer questões sociais.
Se houver preocupação com ideação ou tentativa de suicídio em pacientes psiquiátricos pediátricos que se apresentam ao pronto-socorro, recomenda-se que o paciente seja submetido a uma revista pessoal e de seus pertences, vista roupas hospitalares e seja colocado em um ambiente o mais seguro possível (por exemplo, uma sala sem acesso fácil a equipamentos médicos) com supervisão rigorosa da equipe.[88]Chun TH, Mace SE, Katz ER, et al. Evaluation and management of children and adolescents with acute mental health or behavioral problems. Part I: common clinical challenges of patients with mental health and/or behavioral emergencies. Pediatrics. 2016 Sep;138(3):e20161570.
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Decida sobre o local de cuidado
Psicose, incerteza diagnóstica, risco iminente de suicídio e/ou falta de apoio social adequado podem sugerir a necessidade de internação hospitalar para avaliação detalhada e monitoramento permanente. Infelizmente, há pouca evidência de que a internação hospitalar isolada previna o suicídio e outras intervenções serão necessárias.
Um estudo mostrou que os pacientes que estão hospitalizados apresentam risco mais alto de morte por suicídio no início da internação, com o declínio mais lento do risco sendo observado nos pacientes com esquizofrenia.[143]Bowers L, Banda T, Nijman H. Suicide inside: a systematic review of inpatient suicides. J Nerv Ment Dis. 2010 May;198(5):315-28.
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O suicídio em pacientes hospitalizados foi associado aos números de admissões, comportamento suicida prévio, ausência de apoio e supervisão, desesperança, história familiar de suicídio e presença de conflito familiar.[143]Bowers L, Banda T, Nijman H. Suicide inside: a systematic review of inpatient suicides. J Nerv Ment Dis. 2010 May;198(5):315-28.
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Embora comumente empregada, não existem ensaios clínicos randomizados e controlados que deem suporte à observação formal durante internação psiquiátrica para a prevenção de suicídio e lesão autoprovocada nessa população.[145]Manna M. Effectiveness of formal observation in inpatient psychiatry in preventing adverse outcomes: the state of the science. J Psychiatr Ment Health Nurs. 2010 Apr;17(3):268-73.
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Uma revisão sistemática de estudos qualitativos demonstrou que, da perspectiva do paciente com pensamentos suicidas, sentir-se seguro pode depender do cumprimento de três necessidades específicas: sensação de conexão, proteção e controle.[146]Berg SH, Rørtveit K, Aase K. Suicidal patients' experiences regarding their safety during psychiatric in-patient care: a systematic review of qualitative studies. BMC Health Serv Res. 2017 Jan 23;17(1):73.
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Se a internação for necessária, é importante minimizar quaisquer restrições à autonomia e contatos com amigos ou família, e ajudar o paciente a se sentir seguro. Os procedimentos legais podem ser usados para internar involuntariamente um paciente que se recuse a ser internado ou que não tenha capacidade para concordar com a internação. Os médicos devem estar familiarizados com as questões legais referentes à internação involuntária em sua jurisdição.
A internação em uma instalação psiquiátrica é recomendada para qualquer paciente psiquiátrico pediátrico que se apresente ao pronto-socorro se ele continuar a demonstrar desejo de morrer, permanecer agitado ou gravemente desesperançado ou não puder se envolver em uma discussão sobre planejamento de segurança. A internação também é recomendada se o paciente não tiver suporte social adequado, não puder ser monitorado adequadamente ou receber cuidados de acompanhamento, ou se tiver uma tentativa de suicídio de alta letalidade ou uma tentativa com clara expectativa de morte.[88]Chun TH, Mace SE, Katz ER, et al. Evaluation and management of children and adolescents with acute mental health or behavioral problems. Part I: common clinical challenges of patients with mental health and/or behavioral emergencies. Pediatrics. 2016 Sep;138(3):e20161570.
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O tratamento em ambulatório pode ser mais adequado para pacientes com ideação suicida crônica, mas sem história de tentativas significativas prévias de suicídio. Para que o tratamento em ambulatório tenha sucesso, uma forte rede de apoio e o acesso fácil às instalações de ambulatórios são necessários.
Trate as lesões físicas
Faça um plano de segurança
Uma discussão colaborativa com o paciente pode produzir um plano de segurança personalizado que inclua estratégias para lidar com o sofrimento, remoção do acesso aos meios e uma lista de pessoas e organizações a serem contatadas caso fiquem angustiadas ou se tornem suicidas no futuro. Este plano de segurança pertence ao paciente, idealmente com o médico (e outras pessoas importantes) mantendo uma cópia. O plano de segurança pode ser reavaliado regularmente como parte integrante das discussões de rotina e em pontos de mudança/transição. Os pacientes que indicarem um alto grau de intenção suicida, tiverem planos específicos ou escolherem métodos com alta letalidade devem ser atribuídos a um nível de risco mais alto e precisarão de apoio mais intenso e/ou encaminhamento para serviços de saúde mental especializados.
4 Mental Health: making a safety plan
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Psicoterapia e intervenções psicossociais
A psicoterapia é uma parte importante do processo de recuperação para a maioria dos pacientes com um alto risco de intenção suicida. No entanto, é limitada a viabilidade dos estudos de efetividade da intervenção para o suicídio que sejam suficientemente grandes e tenham um período de acompanhamento adequado. A maioria dos tratamentos de intervenção para o suicídio é testada quanto à sua eficácia na prevenção de um episodio de autolesão.[147]Hepp U, Wittmann L, Schnyder U, et al. Psychological and psychosocial interventions after attempted suicide: an overview of treatment studies. Crisis. 2004;25(3):108-17.
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As intervenções sociais que abordam diretamente os pensamentos suicidas e a lesão autoprovocada ("direta") parecem ser eficazes na redução da ideação suicida imediatamente após o tratamento e no longo prazo, enquanto que os tratamentos psicossociais que lidam com essas questões indiretamente parecem ser eficazes apenas no longo prazo.[148]Meerwijk EL, Parekh A, Oquendo MA, et al. Direct versus indirect psychosocial and behavioural interventions to prevent suicide and suicide attempts: a systematic review and meta-analysis. Lancet Psychiatry. 2016 Jun;3(6):544-54.
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Em ensaios clínicos randomizados e controlados (ECRCs), as intervenções de terapia cognitivo-comportamental (TCC) para indivíduos que tentaram o suicídio se mostraram efetivas na redução de tentativas repetidas.[147]Hepp U, Wittmann L, Schnyder U, et al. Psychological and psychosocial interventions after attempted suicide: an overview of treatment studies. Crisis. 2004;25(3):108-17.
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[150]Witt KG, Hetrick SE, Rajaram G, et al. Psychosocial interventions for self-harm in adults. Cochrane Database Syst Rev. 2021 Apr 22;(4):CD013668.
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Houve alguma evidência de que a psicoterapia reduziu as tentativas de suicídio subsequentes em adultos:de alto risco, mas não em adolescentes.[151]O'Connor E, Gaynes BN, Burda BU, et al. Screening for and treatment of suicide risk relevant to primary care: a systematic review for the U.S. Preventive Services Task Force. Ann Intern Med. 2013 May 21;158(10):741-54.
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A terapia comportamental dialética (TCD) é uma intervenção intensiva e de longo prazo que apresenta uma combinação entre elementos comportamentais, cognitivos e de apoio desenvolvidos para tratar pacientes com transtorno de personalidade limítrofe. Embora os pacientes com transtorno de personalidade possam ter sido considerados particularmente difíceis de tratar no passado, a TCD pode ser eficaz na redução das tentativas suicidas em adultos e adolescentes com transtorno de personalidade limítrofe ou características de personalidade limítrofe.[150]Witt KG, Hetrick SE, Rajaram G, et al. Psychosocial interventions for self-harm in adults. Cochrane Database Syst Rev. 2021 Apr 22;(4):CD013668.
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O gerenciamento de casos e as intervenções de contato remoto não se mostraram capazes (em um estudo) de reduzir a repetição das tentativas de lesão autoprovocada.[150]Witt KG, Hetrick SE, Rajaram G, et al. Psychosocial interventions for self-harm in adults. Cochrane Database Syst Rev. 2021 Apr 22;(4):CD013668.
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Apesar disso, a American Academy of Pediatrics recomenda que a depressão em crianças ou adolescentes seja tratada com encaminhamento a um psicoterapeuta quando indicado, pois a depressão aumenta o risco de suicídio.[126]Hua LL, Lee J, Rahmandar MH, et al. Suicide and suicide risk in adolescents. Pediatrics. 2024 Jan 1;153(1):e2023064800.
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A pesquisa usando uma intervenção psicossocial particular chamada Youth-Nominated Support Team Intervention for Suicidal Adolescents-Version II para reduzir o suicídio é encorajadora.[154]King CA, Arango A, Kramer A, et al. Association of the youth-nominated support team intervention for suicidal adolescents with 11- to 14-year mortality outcomes: secondary analysis of a randomized clinical trial. JAMA Psychiatry. 2019 Feb 6 [Epub ahead of print].
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Outros terapias estão sendo testadas. Um ensaio clínico randomizado e controlado avaliando uma breve intervenção psicoterapêutica desenvolvida especificamente para aplicação em serviços de saúde mental especializados com indivíduos apresentando risco ultra-alto de suicídio demonstrou resultados positivos em uma coorte pequena de pacientes acompanhados ao longo de um período de 2 anos.[155]Gysin-Maillart A, Schwab S, Soravia L, et al. A novel brief therapy for patients who attempt suicide: a 24-months follow-up randomized controlled study of the attempted suicide short intervention program (ASSIP). PLoS Med. 2016 Mar 1;13(3):e1001968.
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Uma revisão de ensaios controlados randomizados de intervenções psicológicas e psicossociais após tentativas de suicídio observou que a terapia interpessoal psicodinâmica também pode ser efetiva para reduzir a ideação suicida, o comportamento habitual de lesão autoprovocada e as tentativas de suicídio entre os pacientes com transtorno de personalidade limítrofe.[147]Hepp U, Wittmann L, Schnyder U, et al. Psychological and psychosocial interventions after attempted suicide: an overview of treatment studies. Crisis. 2004;25(3):108-17.
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Essa revisão também enfatizou a importância da aliança terapêutica como um fator importante no sucesso de um programa, e a necessidade de auxílio para melhorar a adesão e a comparência pelos pacientes.[156]Motto JA, Bostrom AG. A randomized controlled trial of postcrisis suicide prevention. Psychiatr Serv. 2001 Jun;52(6):828-33.
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Evidências apoiam as intervenções comuns entre tratamentos psicológicos empiricamente suportados para os pacientes suicidas com as seguintes características: estrutura de tratamento clara; estratégia definida para manejar as crises suicidas; atenção focada no afeto; estilo ativo e participativo do terapeuta; uso de intervenções exploratórias e orientadas a mudanças.[157]Weinberg I, Ronningstam E, Goldblatt MJ, et al. Strategies in treatment of suicidality: identification of common and treatment-specific interventions in empirically supported treatment manuals. J Clin Psychiatry. 2010 Jun;71(6):699-706.
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Intervenções adicionais podem incluir um foco em desenvolver metas pessoais a longo prazo, identificar expectativas positivas e estender as perspectivas além do sofrimento imediato.
Existe incerteza sobre a segurança e a eficácia de contratos de não causar autolesão (acordos entre o paciente e o médico nos quais o paciente se compromete, geralmente por escrito, a não ferir a si mesmo), intervenções por correio, busca ativa (incluindo manejo de casos com intervenção de crise, treinamento para resolução de problemas, apoio motivacional e assistência para comparecer às consultas agendadas), contato terapêutico sistemático e uma variedade de breves intervenções de contato na redução da morte por suicídio ou das tentativas de suicídio.[158]Lewis LM. No-harm contracts: a review of what we know. Suicide Life Threat Behav. 2007 Feb;37(1):50-7.
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Há supostas evidências de que pode existir uma diferença de gênero em resposta à terapia psicossocial para lesão autoprovocada.[164]Krysinska K, Batterham PJ, Christensen H. Differences in the effectiveness of psychosocial interventions for suicidal ideation and behaviour in women and men: a systematic review of randomised controlled trials. Arch Suicide Res. 2017 Jan 2;21(1):12-32.
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Identificação dos objetivos da intervenção
Use informações coletadas na historia para identificar metas específicas que precisam de intervenção, incluindo a presença de diagnósticos ou sintomas psiquiátricos subjacentes, situações com sofrimento psicossocial e dificuldades de personalidade.
Transtorno mental atual
Trate os transtornos psiquiátricos identificados usando as melhores intervenções baseadas em evidências disponíveis, tanto de natureza farmacológica quanto psicológica. Dados mostram que a descontinuação do tratamento de saúde mental aumenta o risco de suicídio.[165]Hor K, Taylor M, Hor K, et al. Suicide and schizophrenia: a systematic review of rates and risk factors. J Psychopharmacol. 2010 Nov;24(4 suppl):81-90.
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A eliminação ou redução do grau da doença associada aos transtornos mentais diminui as taxas de suicídio.
Transtorno bipolar e outros transtornos do humor
A eficácia de longo prazo do lítio para reduzir as tentativas de suicídio e os suicídios cometidos entre pacientes com transtornos bipolares e outros do humor, incluindo o transtorno esquizoafetivo, é bem estabelecida.[167]Cipriani A, Hawton K, Stockton S, et al. Lithium in the prevention of suicide in mood disorders: updated systematic review and meta-analysis. BMJ. 2013 Jun 27;346:f3646.
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[168]Smith KA, Cipriani A. Lithium and suicide in mood disorders: updated meta-review of the scientific literature. Bipolar Disord. 2017 Nov;19(7):575-86.
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A supressão do tratamento com lítio pode ser associada a uma taxa elevada de suicídio.[168]Smith KA, Cipriani A. Lithium and suicide in mood disorders: updated meta-review of the scientific literature. Bipolar Disord. 2017 Nov;19(7):575-86.
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Os pacientes que tentam o suicídio enquanto estão tomando lítio podem precisar de uma alteração no seu medicamento, devido à alta letalidade do lítio quando tomado em superdosagem. Os relatórios sobre a eficácia relativa do divalproato de sódio (uma combinação de valproato de sódio e ácido valproico em uma razão molar 1:1) na prevenção de tentativas de suicídio ou mortes por suicídio, em comparação com o lítio, são variados.[169]Yerevanian BI, Koek RJ, Mintz J. Bipolar pharmacotherapy and suicidal behavior. Part I: Lithium, divalproex and carbamazepine. J Affect Disord. 2007 Nov;103(1-3):5-11.
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O tratamento com divalproato de sódio não aumenta os pensamentos ou comportamentos suicidas.[171]Redden LP, Saltarelli M. Suicidality and divalproex sodium: analysis of controlled studies in multiple indications. Ann Gen Psychiatry. 2011 Jan 18;10(1):1.
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Transtornos no espectro da esquizofrenia
Um antipsicótico de segunda geração é uma terapia de primeira linha aguda comum para esquizofrenia e transtorno esquizoafetivo. Um estabilizador do humor é necessário frequentemente para o manejo em longo prazo do transtorno esquizoafetivo. A eficácia de longo prazo do lítio para reduzir as tentativas de suicídio e os suicídios cometidos entre pacientes com transtorno esquizoafetivo está bem estabelecida.[167]Cipriani A, Hawton K, Stockton S, et al. Lithium in the prevention of suicide in mood disorders: updated systematic review and meta-analysis. BMJ. 2013 Jun 27;346:f3646.
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A supressão do tratamento com lítio pode ser associada a uma taxa elevada de suicídio.[168]Smith KA, Cipriani A. Lithium and suicide in mood disorders: updated meta-review of the scientific literature. Bipolar Disord. 2017 Nov;19(7):575-86.
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Um estudo observou que o tratamento com o antipsicótico atípico clozapina é significativamente mais eficaz que a olanzapina para prevenir tentativas de suicídio nos pacientes com esquizofrenia e transtornos esquizoafetivos em alto rico de suicídio.[172]Meltzer HY, Alphs L, Green AI, et al. Clozapine treatment for suicidality in schizophrenia: International Suicide Prevention Trial (InterSePT). Arch Gen Psychiatry. 2003 Jan;60(1):82-91.
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Em 2003, a Food and Drug Administration (FDA) dos EUA aprovou a clozapina para a redução do risco de suicídio na esquizofrenia. Os medicamentos antipsicóticos que tratam a hostilidade, impulsividade e depressão, sem criar efeitos colaterais inaceitáveis, podem ser importantes para reduzir o risco relacionado de suicídio.[173]Aguilar EJ, Siris SG, Aguilar EJ, et al. Do antipsychotic drugs influence suicidal behavior in schizophrenia? Psychopharmacol Bull. 2007;40(3):128-42.
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Depression
O tratamento antidepressivo para transtorno depressivo maior é associado a uma redução substancial no risco de suicídio.[174]Perroud N, Uher R, Marusic A, et al. Suicidal ideation during treatment of depression with escitalopram and nortriptyline in genome-based therapeutic drugs for depression (GENDEP): a clinical trial. BMC Med. 2009 Oct 15;7:60.
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Uma detecção melhor da depressão maior e a prescrição elevada de antidepressivos foram associadas a um declínio nas taxas de suicídio na Hungria e Suécia.[176]Rihmer Z, Barsi J, Veg K, et al. Suicide rates in Hungary correlate negatively with reported rates of depression. J Affect Disord. 1990 Oct;20(2):87-91.
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Da mesma forma, a redução da prescrição de inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRSs) para tratar a depressão em jovens foi associada a um aumento na taxa de suicídio nos EUA, no Canadá e na Holanda.[179]Gibbons RD, Hur K, Bhaumik DK, et al. The relationship between antidepressant prescription rates and rate of early adolescent suicide. Am J Psychiatry. 2006 Nov;163(11):1898-904.
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Os antidepressivos de primeira linha comumente usados incluem ISRSs. Eles são relativamente seguros em caso de superdosagem..[181]Hawton K, Bergen H, Simkin S, et al. Toxicity of antidepressants: rates of suicide relative to prescribing and non-fatal overdose. Br J Psychiatry. 2010 May;196(5):354-8.
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A FDA publicou uma advertência sobre a probabilidade de suicídio associada ao uso pediátrico de antidepressivos, em 2004. Permanece a controvérsia sobre o impacto proporcional e o potencial dos efeitos dos antidepressivos de promover suicídio em crianças, adolescentes e jovens com menos de 25 anos de idade.[182]Kraus JE, Horrigan JP, Carpenter DJ, et al. Clinical features of patients with treatment-emergent suicidal behavior following initiation of paroxetine therapy. J Affect Disord. 2010 Jan;120(1-3):40-7.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19439363?tool=bestpractice.com
[183]Tourian KA, Padmanabhan K, Groark J, et al. Retrospective analysis of suicidality in patients treated with the antidepressant desvenlafaxine. J Clin Psychopharmacol. 2010 Aug;30(4):411-6.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20631558?tool=bestpractice.com
Vale ressaltar que o objetivo desse aviso não foi desencorajar o uso dos antidepressivos em jovens, mas sim incentivar o acompanhamento/monitoramento rigoroso dos jovens que recebem esses medicamentos, especialmente nos primeiros meses de uso e após as mudanças de dosagem.[126]Hua LL, Lee J, Rahmandar MH, et al. Suicide and suicide risk in adolescents. Pediatrics. 2024 Jan 1;153(1):e2023064800.
https://www.doi.org/10.1542/peds.2023-064800
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/38073403?tool=bestpractice.com
Embora as análises sugiram que um pequeno número de pacientes pode desenvolver uma nova ideação suicida ou lesão autoprovocada durante o tratamento com um ISRS, em geral, o tratamento com ISRS diminui substancialmente as taxas e tentativas de suicídio;[184]Kutcher S, Gardner DM. Use of selective serotonin reuptake inhibitors and youth suicide: making sense from a confusing story. Curr Opin Psychiatry. 2008 Jan;21(1):65-9.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18281842?tool=bestpractice.com
[185]Brent DA. Selective serotonin reuptake inhibitors and suicidality: a guide for the perplexed. Can J Psychiatry. 2009 Feb;54(2):72-4.
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Os ISRSs podem ter menos impacto sobre a redução do suicídio nas crianças e jovens que nos adultos.[186]Gibbons RD, Brown CH, Hur K, et al. Suicidal thoughts and behavior with antidepressant treatment: reanalysis of the randomized placebo-controlled studies of fluoxetine and venlafaxine. Arch Gen Psychiatry. 2012 Jun;69(6):580-7.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/pmid/22309973
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22309973?tool=bestpractice.com
De acordo com uma declaração de consenso emitida pela World Psychiatric Association Section on Pharmacopsychiatry em 2008, "os antidepressivos, incluindo ISRSs, apresentam um pequeno risco de induzir pensamentos suicidas e tentativas de suicídio em faixas etárias abaixo de 25 anos de idade". No entanto, notam que "esse risco tem que ser equilibrado contra os conhecidos efeitos benéficos dos antidepressivos nos sintomas depresivos e outros sintomas, incluindo probabilidade de suicídio e comportamento suicida".[187]Moller HJ, Baldwin DS, Goodwin G, et al. Do SSRIs or antidepressants in general increase suicidality? WPA Section on Pharmacopsychiatry: consensus statement. Eur Arch Psychiatry Clin Neurosci. 2008 Aug;258(suppl 3):3-23.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18668279?tool=bestpractice.com
Várias metanálises e outros estudos chegaram à mesma conclusão, além de comentar sobre o foco dos reguladores em pensamentos suicidas em vez de morte por suicídio.[186]Gibbons RD, Brown CH, Hur K, et al. Suicidal thoughts and behavior with antidepressant treatment: reanalysis of the randomized placebo-controlled studies of fluoxetine and venlafaxine. Arch Gen Psychiatry. 2012 Jun;69(6):580-7.
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[188]Rucci P, Frank E, Scocco P, et al. Treatment-emergent suicidal ideation during 4 months of acute management of unipolar major depression with SSRI pharmacotherapy or interpersonal psychotherapy in a randomized clinical trial. Depress Anxiety. 2011 Apr;28(4):303-9.
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[189]Carpenter DJ, Fong R, Kraus JE, et al. Meta-analysis of efficacy and treatment-emergent suicidality in adults by psychiatric indication and age subgroup following initiation of paroxetine therapy: a complete set of randomized placebo-controlled trials. J Clin Psychiatry. 2011 Nov;72(11):1503-14.
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[190]Gibbons RD, Mann JJ, Gibbons RD, et al. Strategies for quantifying the relationship between medications and suicidal behaviour: what has been learned? Drug Saf. 2011 May 1;34(5):375-95.
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[191]Wightman DSF. Meta-analysis of suicidality in placebo-controlled clinical trials of adults taking bupropion. Prim Care Companion J Clin Psychiatry. 2010;12(5).
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Quando presente, esse risco parece estar relacionado com as primeiras semanas de tratamento, sugerindo a necessidade de monitoramento rigoroso quanto ao agravamento dos sintomas depressivos e o surgimento ou agravamento de pensamentos suicidas durante a fase inicial do tratamento.[192]Miller M, Swanson SA, Azrael D, et al. Antidepressant dose, age, and the risk of deliberate self-harm. JAMA Intern Med. 2014 Jun;174(6):899-909.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24782035?tool=bestpractice.com
[193]Gunnell D, Saperia J, Ashby D. Selective serotonin reuptake inhibitors (SSRIs) and suicide in adults: meta-analysis of drug company data from placebo controlled, randomised controlled trials submitted to the MHRA's safety review. BMJ. 2005 Feb 19;330(7488):385.
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[194]Saperia J, Ashby D, Gunnell D. Suicidal behaviour and SSRIs: updated meta-analysis. BMJ. 2006 Jun 17;332(7555):1453.
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Os resultados de uma grande metanálise sugerem que em adultos com idade inferior a 25 anos, o risco de surgimento e agravamento da probabilidade de suicídio pode ser aumentado nas semanas 3 a 6 do tratamento (mas não nas semanas 1 e 2), o que é posterior ao que foi sugerido por outros estudos.[195]Näslund J, Hieronymus F, Lisinski A, et al. Effects of selective serotonin reuptake inhibitors on rating-scale-assessed suicidality in adults with depression. Br J Psychiatry. 2018 Mar;212(3):148-54.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29436321?tool=bestpractice.com
Iniciar o tratamento com ISRS em doses mais elevadas pode aumentar o risco de autolesão, então os autores deste tópico recomendam uma abordagem de "começar baixo e ir devagar".[192]Miller M, Swanson SA, Azrael D, et al. Antidepressant dose, age, and the risk of deliberate self-harm. JAMA Intern Med. 2014 Jun;174(6):899-909.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24782035?tool=bestpractice.com
Um estudo observou que, independentemente da intervenção usada, as tentativas de suicídio diminuíram depois do início do tratamento para depressão, em comparação com um mês antes de iniciar o tratamento.[89]Simon GE, Savarino J. Suicide attempts among patients starting depression treatment with medications or psychotherapy. Am J Psychiatry. 2007 Jul;164(7):1029-34.
https://ajp.psychiatryonline.org/doi/full/10.1176/ajp.2007.164.7.1029
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17606654?tool=bestpractice.com
Transtornos de ansiedade
Uma revisão do tratamento agudo da ansiedade em pacientes deprimidos com sedativos/hipnóticos não revelou evidências de que seu uso, como adjuvante precoce ao tratamento antidepressivo, diminua o risco de suicídio.[196]Youssef NA, Rich CL. Does acute treatment with sedatives/hypnotics for anxiety in depressed patients affect suicide risk? A literature review. Ann Clin Psychiatry. 2008 Jul-Sep;20(3):157-69.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18633742?tool=bestpractice.com
Uma vez que existem evidências consideráveis de que os sedativos/hipnóticos produzem efeitos depressivos e/ou desinibidores em uma pequena proporção de pessoas, é melhor evitar sedativos/hipnóticos em pacientes suicidas.
Transtorno de personalidade borderline
Uma metanálise de 2011 concluiu que nenhum esquema medicamentoso melhora os sintomas globais do transtorno de personalidade limítrofe. Ela concluiu que os antipsicóticos podem melhorar a paranoia, dissociação, labilidade humoral, raiva e funcionamento global e que os antipsicóticos e o divalproato de sódio podem diminuir a raiva, ansiedade, depressão e impulsividade.[197]Parker JD, Naeem A. Pharmacologic treatment of borderline personality disorder. Am Fam Physician. 2019 Mar 1;99(5):Online.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30811158?tool=bestpractice.com
O National Institute for Health and Care Excellence do Reino Unido não recomenda a utilização de tratamento medicamentoso especificamente para transtorno de personalidade limítrofe ou sintomas associados ao transtorno, como a autolesão repetida. Os sedativos de curta duração podem ser apropriados para uma crise, o que pode envolver um aumento dos pensamentos e atos de lesão autoprovocada. O tratamento medicamentoso também pode ser associado a quaisquer condições de comorbidade, como depressão ou ansiedade.[198]National Institute for Health and Care Excellence. Borderline personality disorder: recognition and management. Jan 2009 [internet publication].
https://www.nice.org.uk/guidance/CG78
Uso indevido de substâncias
Uma revisão não encontrou critérios empiricamente baseados para a admissão no hospital de pessoas suicidas e dependentes de bebidas alcoólicas.[199]Modesto-Lowe V, Brooks D, Ghani M. Alcohol dependence and suicidal behavior: from research to clinical challenges. Harv Rev Psychiatry. 2006 Sep-Oct;14(5):241-8.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16990169?tool=bestpractice.com
Pacientes com abuso ou dependência de bebidas alcoólicas ou substâncias, que estejam apresentando ideação suicida ou mostraram comportamento suicida, devem receber atenção imediata e tratamentos específicos para a dependência química e/ou para qualquer transtorno comórbido.[199]Modesto-Lowe V, Brooks D, Ghani M. Alcohol dependence and suicidal behavior: from research to clinical challenges. Harv Rev Psychiatry. 2006 Sep-Oct;14(5):241-8.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16990169?tool=bestpractice.com
Isso pode incluir tratamentos de desintoxicação ou voltados aos sintomas como ansiedade, agitação, insônia e ataques de pânico.[199]Modesto-Lowe V, Brooks D, Ghani M. Alcohol dependence and suicidal behavior: from research to clinical challenges. Harv Rev Psychiatry. 2006 Sep-Oct;14(5):241-8.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16990169?tool=bestpractice.com
Considere tratar os transtornos do humor comórbidos, com antidepressivos como a fluoxetina.[200]Cornelius JR, Clark DB, Salloum IM, et al. Interventions in suicidal alcoholics. Alcohol Clin Exp Res. 2004 May;28(suppl 5):S89-96.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15166640?tool=bestpractice.com
Considere encaminhar o paciente para um centro de reabilitação apropriado. Aconselhe a família e os amigos a removerem os meios letais e monitorarem o progresso do paciente.
Transtorno de deficit de atenção com hiperatividade
Um grande estudo longitudinal sueco de etiologia farmacológica baseado em registro usando um esquema intra-sujeitos mostrou que o tratamento farmacológico do TDAH diminui o comportamento suicida.[201]Chen Q, Sjolander A, Runeson B, et al. Drug treatment for attention-deficit/hyperactivity disorder and suicidal behaviour: register based study. BMJ. 2014 Jun 18;348:g3769.
http://www.bmj.com/content/348/bmj.g3769.long
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24942388?tool=bestpractice.com
A psicoterapia deve estar disponível em todos os cenários clínicos para o TDAH em adultos como uma opção de tratamento viável.
Se houve qualquer abuso de substâncias no último ano, a medicação estimulante pode ser usada com cautela. É aconselhável usar estimulantes de ação mais longa, pois eles têm menos potencial para serem abusados.[202]Crunelle CL, van den Brink W, Moggi F, et al. International consensus statement on screening, diagnosis and treatment of substance use disorder patients with comorbid attention deficit/hyperactivity disorder. Eur Addict Res. 2018;24(1):43-51.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5986068
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29510390?tool=bestpractice.com
Obtenha uma história cardíaca cuidadosa e, nos casos onde houver sintomas ou antecedentes preocupantes, um ECG e uma consulta cardiológica antes de iniciar um estimulante.
Pessoas que conviveram com uma morte por suicídio
O suicídio afeta uma rede de pessoas conectadas ao falecido, incluindo cônjuges, pais, irmãos, amigos e conhecidos, colegas de trabalho e profissionais da saúde. Ofereça a esses indivíduos apoio no luto, mesmo que o apoio no luto não diminua o risco de suicídio nos enlutados.[203]Maple M, Cerel J, Sanford R, et al. Is exposure to suicide beyond kin associated with risk for suicidal behavior? A systematic review of the evidence. Suicide Life Threat Behav. 2017 Aug;47(4):461-74.
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[204]Szumilas M, Kutcher S. Post-suicide intervention programs: a systematic review. Can J Public Health. 2011 Jan-Feb;102(1):18-29.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21485962?tool=bestpractice.com
Os serviços de posvenção do suicídio são voltados aos indivíduos pessoalmente afetados por um suicídio recente. A intenção dos programas de posvenção é ajudar no processo de luto e reduzir a incidência de contágio do suicídio por meio de apoio no luto da perda e educação para os sobreviventes.[86]Pitman AL, Osborn DP, Rantell K, et al. Bereavement by suicide as a risk factor for suicide attempt: a cross-sectional national UK-wide study of 3432 young bereaved adults. BMJ Open. 2016 Jan 26;6(1):e009948.
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Foi mostrado que o fornecimento de auxílio para os sobreviventes da família na época do suicídio aumenta o uso dos serviços desenvolvidos para ajudar no processo de luto, quando comparado com a ausência de auxílio.[205]Cerel J, Campbell FR. Suicide survivors seeking mental health services: a preliminary examination of the role of an active postvention model. Suicide Life Threat Behav. 2008 Feb;38(1):30-4.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18355106?tool=bestpractice.com
As intervenções do grupo de apoio ao luto conduzidas por facilitadores treinados demonstraram capacidade para reduzir a intensidade do luto complicado.[206]Linde K, Treml J, Steinig J, et al. Grief interventions for people bereaved by suicide: a systematic review. PLoS One. 2017 Jun 23;12(6):e0179496.
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http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28644859?tool=bestpractice.com
Infelizmente, nem todos os que poderiam se beneficiar podem acessar necessariamente este apoio.[207]Pitman AL, Rantell K, Moran P, et al. Support received after bereavement by suicide and other sudden deaths: a cross-sectional UK study of 3432 young bereaved adults. BMJ Open. 2017 May 29;7(5):e014487.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5729987
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28554915?tool=bestpractice.com
Evidências fracas mostram que grupos de apoio para crianças e adolescentes enlutados pelo suicídio podem reduzir a depressão e ansiedade subsequentes.[208]Journot-Reverbel K, Raynaud JP, Bui E, et al. Support groups for children and adolescents bereaved by suicide: Lots of interventions, little evidence. Psychiatry Res. 2017 Apr;250:253-55.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28171792?tool=bestpractice.com