Etiologia

O suicídio é um comportamento e as causas são multifatoriais e inter-relacionadas. Existem vários modelos teóricos de suicídio e os principais incluem a teoria interpessoal,[31] a teoria das três etapas[32] e o modelo motivacional-volicional integrado.[33]

O suicídio está associado a um conjunto de fatores psicológicos, biológicos, genéticos, sociais e ambientais, mas ainda não se tem certeza se esses fatores são causativos.

Fisiopatologia

A fisiopatologia exata do suicídio é mal compreendida e atualmente oferece pouca assistência na prática clínica. Fatores genéticos, sociais, pessoais, comportamentais, situacionais e ambientais estão envolvidos no aumento do risco de suicídio de uma pessoa.[34] Existe uma relação complexa entre lesão autoprovocada, pensamentos suicidas, comportamentos suicidas e suicídio. 4 Mental Health: relationship of self-harm to suicide Opens in new window

Estudos genéticos e neuroendócrinos sugerem que os fatores envolvidos nas vias de serotonina podem estar implicados na lesão autoprovocada.[35] Essas observações parecem ser independentes das anormalidades na serotonina encontradas na depressão. Outros fatores possíveis incluem envolvimento da função de resposta noradrenérgica, dopaminérgica e do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal.[36] Os achados estruturais no cérebro estão associados com lesão autoprovocada, incluindo redução da substância cinzenta no córtex (orbitofrontal, pré-frontal dorsolateral e cingulado anterior), a ínsula, o giro temporal superior e os gânglios basais, e com o aumento de volume da amígdala.[37][38][39][40] Esses achados apontam para o comprometimento do funcionamento da rede amígdala-orbitofrontal-cingulado,[41] (isto é, um córtex pré-frontal com atividade abaixo do comum não consegue responder adequadamente a estímulos não emocionais e um córtex pré-frontal hiperativo não consegue inibir o sistema límbico direcionado por emoção/ameaça)[37]

Classificação

Probabilidade de suicídio

Geralmente refere-se a quaisquer pensamentos ou ações associados a uma intenção implícita ou explícita de morrer, mas tem valor limitado porque cobre uma ampla gama de conceitos (incluindo a lesão autoprovocada) e os autores deste tópico recomendam que não seja utilizada.

Ideação suicida

Inclui pensamentos, sentimentos, ruminações ou preocupações com a morte, em geral, e o suicídio em particular, O risco de suicídio é influenciado por muitos fatores, incluindo a magnitude, clareza e persistência dos pensamentos suicidas; dor psicológica, e pensamento negativo associado, como desesperança, impotência, culpa, aprisionamento, sobrecarga e vergonha.

Intenção suicida

O desejo de morrer e a expectativa de morte por suicídio. A intenção suicida inclui perspectivas objetivas e subjetivas. O risco de morte por suicídio geralmente está relacionado com a força do intuito suicida, o que pode ser refletido mais pela crença na letalidade do método de suicídio escolhido do que pela real letalidade do método escolhido.

Planejamento e preparação do suicídio

Refere-se a ideias específicas sobre uma iminente tentativa de suicídio. Pode incluir a escolha do método, planos para acessar o método, crença sobre a letalidade do método, a hora ou o contexto do evento, escrever uma carta de despedida, preparar um testamento, doar os animais de estimação e os pertences pessoais ou propriedades. Em geral, os planos de suicídio premeditados, com poucas chances de serem descobertos, e que envolvem a escolha de um método altamente letal (por exemplo, arma de fogo ou enforcamento) geralmente indicam um risco de suicídio maior ou mais iminente. Algumas pessoas podem ensaiar aspectos da tentativa de suicídio e isso precisa ser levado seriamente em consideração.

Tentativa de suicídio

Qualquer ação propositada associada a uma intenção implícita ou explícita de morrer, independentemente da letalidade objetiva do método. História de tentativa de suicídio prévia aumenta o risco de morte por suicídio.[4] O termo parassuicídio é ambíguo e os autores deste tópico recomendam não usá-lo.

Lesão autoprovocada

Dano físico intencional por meio de lesão autoprovocada ou autoenvenenamento, independentemente da motivação.​[5]

Autolesão não suicida

Algumas pessoas controlam a angústia por meio de lesões autoprovocadas, especialmente se cortando, e relatam que suas ações não tem uma intenção suicida.[6][7] No entanto, a intenção relatada de episódios prévios de autolesão não parece ter correlação com a autolesão futura ou o suicídio.[4][8][9][10] Isto pode estar relacionado com o subrelato consciente ou inconsciente pelo indivíduo, ou pode porque a fisiopatologia da lesão autoprovocada é a mesma, independente da intenção consciente prévia. Além disso, também ocorre rotineiramente a mudança do método de lesão autoprovocada.[11] e embora possa não ser a motivação original, a intenção suicida pode se desenvolver com o tempo.

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