Etiologia

Vários fatores de risco ou comorbidades estão associados com o desenvolvimento de um abscesso epidural espinhal (AEE). O mais comum é o uso de drogas intravenosas (UDIV), que foi relatado como algo associado com até 53% dos casos. As comorbidades associadas com o AEE incluem diabetes mellitus (21% a 42% dos casos); imunossupressão, como aquela relacionada com a infecção por HIV (até 22%) ou neoplasia maligna; doença hepática ou renal crônica; abuso de álcool; e trauma espinhal. A cirurgia da coluna vertebral e outros procedimentos invasivos (por exemplo, anestesia epidural ou cateter espinhal de longa duração) também estão associados com AEEs. Um paciente com AEE pode apresentar um ou mais desses fatores predisponentes, mas até 20% a 50% dos pacientes não apresentam nenhum deles.[2][9]

A disseminação da infecção que causa o AEE é hematogênica em até 50% dos casos (por exemplo, a partir da pele, boca, sistema urinário, sistema respiratório ou endocardite infecciosa). Dos AEEs, até 30% resultam de extensão direta de infecção local, como osteomielite vertebral, abscesso do psoas ou infecção de tecidos moles contígua. O restante pode ser atribuído à inoculação direta devido a uma cirurgia ou outros procedimentos invasivos.[9][17][18][19]

O patógeno mais comum em pacientes com AEE é o Staphylococcus aureus, associado a cerca de dois terços dos casos. Há um aumento no relato de MRSA, especialmente em pacientes com cirurgia ou implantes vertebrais. Outros organismos causadores incluem espécies de Pseudomonas (principalmente em pacientes que fazem uso de drogas injetáveis); outras bactérias Gram-negativas (principalmente em pacientes que fazem uso de drogas injetáveis e em homens idosos, com o trato urinário como uma fonte comum de infecção); Mycobacterium tuberculosis (especialmente em países em desenvolvimento); e espécies de Streptococcus. Patógenos fúngicos e parasitas causam AEEs menos comumente. No entanto, nenhum organismo causador é identificado em até 25% dos casos.[9][20][21]

Fisiopatologia

O espaço epidural espinhal fica entre a dura-máter e a coluna vertebral adjacente. O espaço epidural é maior posteriormente ao longo da medula espinhal; anteriormente, a dura-máter adere fortemente ao corpo vertebral. O espaço é preenchido por tecido adiposo, sangue e vasos linfáticos, e raízes espinhais. O plexo venoso epidural é uma série de veias com paredes finas indo do forame magno ao sacro. Essas veias avalvares e os vasos linfáticos oferecem um caminho pronto para a disseminação local de infecções. Lesões compressivas posteriores são mais frequentemente observadas em infecções hematogênicas, ao passo que o espaço anterior é muitas vezes o local de extensão direta de infecção contígua (por exemplo, de corpo vertebral).

Com o desenvolvimento do abscesso, o comprometimento neurológico ocorre como consequência de comprometimento vascular da medula ou das raízes espinhais e por pressão direta sobre esse tecido. A dor regional é resultado da ativação de fibras de dor no segmento vertebral (anel, placa terminal, ligamentos e raízes dorsais) e também pode estar associada com o espasmo muscular paraespinhal. Pode ocorrer a seguir um comprometimento neurológico adicional, como dor radicular e parestesias; fraqueza motora; perda sensitiva; disfunção esfincteriana; e, por fim, paralisia.

Classificação

Nível anatômico

O abscesso epidural espinhal (AEE) pode ser classificado com base no nível vertebral:

  • Lombar

  • Torácico

  • Cervical.

No entanto, a infecção pode envolver diferentes níveis anatômicos. Alguns pacientes apresentarão abscessos epidurais espinhais (AEEs) não contíguos.[3]

Estagiamento clínico

Quatro estágios clínicos que documentam o deficit neurológico progressivo foram descritos:

  1. Dor muscular e óssea localizada

  2. Dor radicular e parestesias

  3. Fraqueza muscular, perda sensitiva e disfunção do esfíncter

  4. Paralisia.

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