Etiologia
A crioglobulinemia do tipo I geralmente está associada a distúrbios linfoproliferativos. Os tipos II e III (ou a crioglobulinemia mista [CM]) podem estar associados a distúrbios infecciosos ou autoimunes.[1][2] Apenas uma pequena subpopulação de pacientes com CM apresenta crioglobulinemia isolada, chamada de crioglobulinemia "essencial".
Distúrbios linfoproliferativos
A crioglobulinemia do tipo I está geralmente associada a mieloma múltiplo, macroglobulinemia de Waldenström, leucemia linfocítica crônica ou linfomas não Hodgkin de células B.[7]
Os distúrbios linfoproliferativos mais comumente associados à CM são os linfomas de Hodgkin e não Hodgkin. O linfoma não Hodgkin está associado a infecção pelo vírus da hepatite C (HCV) em 50% dos pacientes com crioglobulinemia.[9]
Infecção
A infecção por HCV pode representar 90% de todos os casos de crioglobulinemia mista.[10][11][12] As taxas mais altas de infecção por HCV na crioglobulinemia mista são encontradas na região mediterrânea.[13][14]
Em pacientes com infecção crônica por HCV, a crioglobulinemia pode estar presente em 20% a 56% dos casos, mas menos de um terço destes são sintomáticos.[2][4][15]
Estudos sobre crioglobulinemia em pessoas HCV-negativas revelaram que as associações virais não HCV comuns incluem infecção por hepatite B e vírus da imunodeficiência humana (HIV).[2][3] Raramente, a CM pode ser desencadeada por outras infecções bacterianas, parasitárias ou fúngicas.[7][16]
Distúrbios autoimunes
As doenças autoimunes mais comumente associadas à CM incluem síndrome de Sjögren, lúpus eritematoso sistêmico, esclerose sistêmica, doença do tecido conjuntivo não diferenciada e vasculite.[9][17]
Foi observada a sobreposição com infecção por HCV coexistente, especialmente com síndrome de Sjögren e poliarterite nodosa.
Fisiopatologia
Crioglobulinas do tipo I são anticorpos monoclonais produzidos por células B malignas autônomas. Essas crioglobulinas são compostas por apenas uma imunoglobulina (Ig) monoclonal. A paraproteína IgM é observada com mais frequência que a paraproteína IgG. O isotipo IgA raramente é observado.[2]
Na crioglobulinemia do tipo II, a IgM monoclonal forma um complexo com a IgG policlonal. No tipo III, IgMs policlonais formam complexos com IgGs policlonais. A IgM na crioglobulinemia mista (CM), mas não na tipo I, tem atividade de fator reumatoide (monoclonal no tipo II e policlonal no tipo III).[18]
Na crioglobulinemia mista, a crioprecipitação pode ocorrer devido a diversos fatores. Anticorpos do isotipo IgG 3 apresentam uma propriedade físico-química única que lhes permitem autoassociar via interações Fc-Fc, independentemente de suas especificidades. Essa propriedade pode ser necessária para conferir atividade de crioglobulina. No entanto, outros fatores como temperatura, pH, concentração de crioglobulina, ligação covalente e sialilação de resíduos também podem contribuir.[1][19] As crioglobulinas do tipo I, que geralmente são IgG ou IgM monoclonais, podem se autoagregar devido às propriedades físico-químicas das imunoglobulinas.[1]
A expressão patogênica da crioglobulinemia sintomática provavelmente se deve à deposição de imunocomplexos. No entanto, a expressão clínica não parece estar correlacionada a níveis de criócrito ou à concentração do fator reumatoide na CM.[1]
Classificação
Classificação de Brouet[5]
A crioglobulinemia é geralmente classificada em 3 tipos de acordo com a composição de Ig:
Tipo l: Igs monoclonais isoladas.
Tipo II: imunoglobulina monoclonal com atividade policlonal contra outras imunoglobulinas, geralmente imunoglobulina M (IgM) reativa à IgG.
Tipo III: imunoglobulina policlonal de mais de um tipo.
A crioglobulinemia mista engloba crioglobulinas do tipo II e III.
O immunoblotting revelou que pode haver uma subpopulação de pacientes com IgM oligoclonal que forma complexos com IgG. Foram descritos como pacientes com crioglobulinemia do tipo II-III.[4]
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