Prevenção primária

A suplementação com ácido fólico pode prevenir a deficiência de folato em estados de aumento de demanda (por exemplo, gravidez e lactação) e em condições com má absorção (por exemplo, doença celíaca) ou perda de folato (por exemplo, distúrbio hemolítico crônico).

Há evidências conclusivas de que a suplementação com ácido fólico pré-concepção e durante a gravidez reduz a incidência de defeitos do tubo neural (DTNs) fetais.[15][31][43]

Gestação e lactação

  • As diretrizes recomendam a suplementação de ácido fólico pré-concepção em doses de 400-800 microgramas/dia para a prevenção de DTNs em mulheres que planejem conceber ou sejam capazes de engravidar.[32][33][34] Doses mais altas (até 4 mg/dia) são recomendadas para determinados grupos de risco. O National Institute for Health and Care Excellence do Reino Unido recomenda 5 mg/dia em certos grupos de risco.[35][36] As diretrizes canadenses usam a seguinte estratificação para mulheres suscetíveis a defeito do tubo neural fetal ou outra anomalia congênita sensível ao ácido fólico:[32]

    • Baixo risco: sem história pessoal ou familiar de defeito do tubo neural fetal ou anomalias congênitas relacionadas ao folato.

    • Risco médio: história familiar de defeito do tubo neural fetal; história pessoal da paciente ou do parceiro do sexo masculino de anomalia congênita relacionada ao folato; ou história pessoal de diabetes, medicação teratogênica ou má absorção da paciente.

    • Alto risco: história pessoal de defeito do tubo neural fetal da paciente ou do seu parceiro do sexo masculino; ou filho anterior com defeito do tubo neural.

  • Nos Estados Unidos, a ingestão diária recomendada de folato durante a gestação e a lactação varia de 400-800 microgramas/dia dependendo de fatores como dieta, inclusão de alimentos fortificados com ácido fólico, status socioeconômico e história médica individual. US Department of Agriculture and US Department of Health and Human Services: dietary guidelines for Americans, 2020-2025 Opens in new window NIH: dietary supplement fact sheet - folate Opens in new window

  • A Organização Mundial da Saúde recomenda um nível de folato eritrocitário >906 nmol/L (400 nanogramas/mL) em mulheres em idade reprodutiva.[44]

    • Dados de ensaios clínicos randomizados sugerem que o nível de folato plasmático em 25.5 nanomoles/L (11 nanogramas/mL) corresponde ao nível de folato eritrocitário recomendado (≥906 nanomoles/L [≥400 nanogramas/mL]) na maioria das situações.[45] São necessários níveis mais altos de folato plasmático (34.6 nmol/L [15 nanogramas/mL]) em mulheres com deficiência de vitamina B12 (cobalamina).

    • Para proteção máxima contra defeitos do tubo neural fetal, o nível de folato na contagem eritrocitária calculada ideal é de 1000-1300 nmol/L (442-574 nanogramas/mL) ao final das primeiras 4 semanas de gestação, quando o fechamento do tubo neural é atingido.[46]

  • A US Preventive Services Task Force recomenda que o período crítico para iniciar a suplementação seja de pelo menos 1 mês antes da concepção.[33]

    • Mulheres em idade reprodutiva (sem fortificação de folato), randomizadas para suplementação de folato a 800 microgramas/dia, tiveram maior probabilidade de alcançar as concentrações desejadas de folato eritrocitário (≥906 nanomoles/L [≥400 nanogramas/mL]) após 4 semanas comparadas a mulheres que receberam 400 microgramas/dia.[47] Foram relatados resultados similares em um período de 8 semanas.

As evidências sugerem que a suplementação de ácido fólico durante a gravidez reduz a anemia megaloblástica nas mães. Embora não haja evidências conclusivas de que a suplementação evite nascimento prematuro, natimorto, mortalidade neonatal ou aborto espontâneo, os dados do estudo Screening for Pregnancy Endpoints (SCOPE) indicam que a suplementação de ácido fólico durante a gravidez está associada a um menor risco de bebês pequenos para a idade gestacional, sem aumentar o risco de bebês grandes para a idade gestacional.[48][49][50] [ Cochrane Clinical Answers logo ]

Em países de baixa e média renda, a suplementação materna de múltiplos micronutrientes com ferro e ácido fólico reduz o número de crianças nascidas com baixo peso ao nascer.[51]

Má absorção e perda de folato

  • A correção de uma causa subjacente e/ou a suplementação com ácido fólico pode prevenir a deficiência de folato em pacientes com distúrbios de má absorção, como espru tropical e doença celíaca (espru não tropical).

  • O aumento da perda de folato ocorre em pacientes com distúrbio hemolítico crônico (em virtude do aumento da renovação celular) e naqueles submetidos a diálise crônica (por causa da perda de ácido fólico no fluido de diálise). A suplementação diária com ácido fólico pode ser necessária nesses pacientes para prevenir a deficiência de folato.

  • Os pacientes que tomam medicamentos que interferem na absorção e no metabolismo do folato podem necessitar de suplementação com ácido folínico oral ou parenteral para prevenir a deficiência de folato. O ácido folínico, uma forma reduzida de ácido fólico, pode ser convertido em tetraidrofolato biologicamente ativo sem a ação da diidrofolato redutase, que é inibida por medicamentos como metotrexato, pirimetamina e trimetoprima.[52] A suplementação de ácido folínico pode reduzir o risco de hepatotoxicidade e efeitos colaterais gastrointestinais em pacientes com artrite reumatoide.[53] Em alguns casos, nos quais um medicamento apresentou redução da eficácia quando administrado com ácido folínico, pode ser necessária uma mudança para outro medicamento.

Prevenção secundária

A suplementação contínua de ácido fólico é necessária em determinadas afecções que envolvam uma baixa absorção ou perdas constantes de folato (por exemplo, doença celíaca, doença hemolítica crônica) e em estados de demanda elevada (por exemplo, gestação, lactação e prematuridade).

Em uma larga escala, os programas nacionais de fortificação alimentar podem prevenir a deficiência de folato.[99] Isso pode afetar positivamente os níveis de folato em grandes populações e, mais especificamente, em determinados grupos vulneráveis, como as gestantes e lactantes, e os idosos.

O uso deste conteúdo está sujeito ao nosso aviso legal