Abordagem
Isquemia mesentérica aguda é uma emergência de risco de vida. Os médicos devem manter um alto índice de suspeita de isquemia intestinal, pois os sinais e sintomas são relativamente inespecíficos, mas a afecção tem considerável morbidade e mortalidade, particularmente se o diagnóstico for protelado.[30] O tempo é essencial para melhorar os desfechos; reconhecimento precoce, exames diagnósticos adequados e tratamento agressivo devem ser incentivados de maneira urgente e rápida.
Se não houver sinais e sintomas extremamente específicos ou definitivos, a história e o exame físico sozinhos geralmente não serão suficientes para dar o diagnóstico; normalmente o exame de imagem é necessário. No entanto, quando há presença de doença intestinal isquêmica fulminante, pode não ser adequado que o exame diagnóstico extensivo protele a intervenção cirúrgica apropriada.
Quando indicada clinicamente, as manobras de ressuscitação devem ser administradas em paralelo à investigação de diagnóstico para minimizar o risco de progressão da isquemia. A ressuscitação deve incluir a administração de oxigênio suplementar, a reposição adequada de fluidos e a correção de insuficiência cardíaca aguda ou arritmias.
Quadro clínico e história
O quadro clínico e a história podem variar muito, pois a isquemia intestinal engloba uma ampla gama de distúrbios.
A avaliação da história deve ser completa para permitir descartar outros diagnósticos em potencial com confiança. A história deve explorar as principais características da dor abdominal, usando o acrônimo SOCRATES:
Site (Local)
Onset (Início)
Character (Característica)
Irradiação
Associations (Associações) – náusea, vômitos e diarreia
Timing, duration, frequency (Tempo, duração e frequência)
Exacerbating and relieving factors (Exacerbação e fatores atenuantes)
Gravidade
Normalmente, os pacientes com isquemia aguda apresentam dor abdominal intensa desproporcional aos achados do exame físico.[17] A dor também pode ser difusa e ter início súbito.[17] Sintomas crônicos de dor abdominal vaga e difusa podem ser um indício de isquemia mesentérica crônica.[31] Os pacientes também podem relatar dor abdominal pós-prandial de longa duração e medo de comer.[17][31] Por outro lado, a isquemia colônica pode causar dor abdominal focal ou difusa e geralmente tem um início mais insidioso, ao longo de várias horas ou dias.
Outros elementos importantes a serem considerados incluem história de tabagismo, fatores de risco cardiovascular, comorbidades e história médica pregressa. Os achados sugestivos de cada um dos possíveis tipos de doença intestinal isquêmica são os seguintes.
Isquemia mesentérica aguda
A maioria dos pacientes apresenta dor abdominal súbita, normalmente periumbilical. A apresentação clássica é dor desproporcional aos achados do exame físico.[11][24] Geralmente, a dor persiste ou piora. À medida que a isquemia evolui para infarto, a dor pode se tornar mais difusa.[24] Náuseas e vômitos também podem estar presentes.
O paciente pode estar gravemente doente em uma apresentação tardia, em que a isquemia intestinal é extensa ou evoluiu para infarto.
Pacientes com êmbolo arterial podem descrever dor abdominal súbita e intensa, com evacuação intestinal forte e rápida, possivelmente com sangue. A embolia arterial é a causa mais comum de isquemia mesentérica aguda.[17] Deve-se suspeitar de isquemia mesentérica aguda decorrente de êmbolo arterial em pacientes que descrevem dor abdominal intensa e súbita com:[17]
Evacuação intestinal forte e rápida, possivelmente com sangue, e/ou
Alto risco de tromboembolismo.
Pacientes com trombose venosa mesentérica têm apresentações mais variáveis que pacientes com etiologia arterial.
A dor geralmente é tolerada no início.
Em geral, esses pacientes descrevem cólica abdominal por, em média, 5 a 14 dias antes da apresentação; 25% dos pacientes tiveram episódios de dor por >30 dias antes da apresentação.
Pacientes idosos com insuficiência cardíaca congestiva persistente, arritmias cardíacas, infarto do miocárdio recente, hipotensão ou doença vascular periférica apresentam risco mais alto de isquemia mesentérica aguda do que pacientes jovens.
Pacientes mais jovens podem ter história de doença vascular do colágeno, vasculite, estado hipercoagulável, medicamento vasoativo ou uso de cocaína.
A isquemia mesentérica intestinal deve ser considerada se o quadro clínico não sugerir outra patologia abdominal.[33]
Isquemia mesentérica crônica
Normalmente, tem início insidioso, com episódios repetidos, leves e transitórios ao longo de muitos meses, ficando progressivamente mais grave ao longo do tempo. A dor é mal localizada. A dor geralmente ocorre depois das refeições, aliviando gradualmente em algumas horas.
Os pacientes podem relatar dor pós-prandial de longa duração e podem desenvolver medo de comer (sitofobia).[17][31]
Pode haver perda de peso significativa, deixando o paciente com uma aparência caquética.[31]
Os pacientes podem ter náuseas e diarreia associadas com ou sem sangue.[31]
A "tríade clássica" da isquemia mesentérica crônica é dor pós-prandial, perda de peso e sopro abdominal; no entanto, ela é encontrada apenas na minoria (cerca de 20%) dos pacientes.[31]
Infarto intestinal é incomum, pois a instalação insidiosa permite o desenvolvimento de alguma circulação colateral.
A isquemia mesentérica crônica geralmente ocorre em idosos. As mulheres são mais afetadas que os homens (razão 3:1).
Os pacientes frequentemente têm história de tabagismo pesado e outros sintomas associados à aterosclerose.
A síndrome de compressão celíaca é um tipo de isquemia mesentérica crônica que ocorre devido à compressão do eixo celíaco pelo ligamento arqueado mediano.[17]
Considere esse diagnóstico principalmente em pacientes mais jovens (em especial mulheres) com dor abdominal não explicada na vigência de endoscopia superior normal, bem como exames laboratoriais hepáticos, pancreáticos e gástricos normais, principalmente em pacientes que têm sopro abdominal (devido ao fluxo parcialmente obstruído no tronco celíaco).
Os pacientes podem dizer que sentem medo de comer (sitofobia).
Isquemia colônica
Logo depois do início da isquemia, geralmente ocorre dor com diarreia e e fezes sanguinolentas frequentes, refletindo lesões mucosas ou submucosas. No entanto, a transfusão de sangue raramente é necessária. A evacuação de sangue castanho ou vermelho do reto é particularmente característica da isquemia colônica.
Os pacientes costumam descrever dor leve a moderada, que geralmente é sentida de maneira periférica, em contraste com a dor da isquemia mesentérica aguda que costuma ser descrita como periumbilical. A isquemia normalmente ocorre nas áreas limítrofes do cólon (as áreas do cólon entre duas grandes artérias que fornecem sangue; consulte Fisiopatologia), portanto a dor costuma ocorrer no lado esquerdo. O desconforto à palpação do abdome sobre o intestino afetado ocorre no início da isquemia, em contraste à isquemia mesentérica aguda, em que o desconforto à palpação é um sinal relativamente tardio.
Os pacientes não costumam parecer gravemente doentes, a não ser que haja isquemia fulminante.
Se a isquemia colônica evoluir, a dor ficará mais contínua e difusa. O abdome fica mais distendido e flácido e não há ruídos hidroaéreos.
Se a isquemia evoluir ainda mais chegando à necrose, haverá um vazamento significativo de fluido, eletrólitos e proteína pela mucosa danificada, com choque e acidose metabólica.
Os fatores de risco importantes para isquemia colônica são:[27]
Idade >60 anos
Aproximadamente 90% dos casos ocorrem em pacientes com >60 anos
Hemodiálise
Hipertensão
Hipoalbuminemia
Diabetes mellitus
Medicamentos indutores de constipação
A isquemia colônica é identificada com frequência cada vez maior em pessoas mais jovens, associada a esforço físico extenuante e prolongado (por exemplo, corrida de longa distância), vários medicamentos (por exemplo, contraceptivos orais), uso de cocaína e coagulopatias (por exemplo, deficiência das proteínas C e S, deficiência de antitrombina III e resistência à proteína C ativada).[7]
A isquemia colônica também pode ocorrer:
Após a cirurgia aórtica ou de revascularização do miocárdio
Em associação a vasculites como lúpus eritematoso sistêmico ou poliarterite nodosa, infecções (por exemplo, citomegalovírus, Escherichia coli O157:H7), coagulopatias
Depois de qualquer grande episódio cardiovascular acompanhado por hipotensão
Com lesões obstrutivas ou possivelmente obstrutivas do cólon (por exemplo, carcinoma, diverticulite).
O diagnóstico é feito por colonoscopia ou tomografia computadorizada (TC) realçada por contraste.[7] Mais de 80% dos casos apresentam resolução espontânea ou são solucionados com medidas conservadoras, mas a cirurgia pode ser necessária em casos agudos, subagudos ou crônicos. Os preditores de desfechos desfavoráveis incluem falta de sangramento retal e isquemia do lado direito.[34]
Isquemia não oclusiva (mesentérica ou colônica)
Normalmente observada em pacientes com hipotensão subjacente e déficits de volume, que podem estar relacionados a insuficiência cardíaca congestiva, hipovolemia, sepse e arritmias cardíacas ou hemodiálise.[17][32] A hipotensão sistêmica causa vasoconstrição mesentérica e isquemia mesentérica não oclusiva. Em 95% dos casos, a isquemia colônica ocorre devido a uma redução súbita, porém transitória, do fluxo de sangue no cólon devido a causas não oclusivas.[7] Na maior parte do tempo, isso ocorre devido a doença dos pequenos vasos (doença do tipo I) e, raramente, devido à hipotensão sistêmica (doença do tipo II).
[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Comparação dos sintomas/sinais e investigações dos três tipos de doença intestinal isquêmicaDesenvolvido pelo BMJ Knowledge Centre, com a colaboração do Dr. Amir Bastawrous [Citation ends].
Exame físico
O exame deve começar com uma avaliação dos sinais vitais para determinar se medidas de ressuscitação imediata são necessárias. Isso deve ser seguido pelo exame completo de todos os sistemas, enfocando principalmente o abdome e o sistema cardiovascular, em busca de pistas que possam ajudar a confirmar o diagnóstico. Quando a isquemia intestinal está associada à vasculite ou a patologias específicas, podem estar presentes elementos dermatológicos, musculoesqueléticos ou outros achados característicos específicos da doença.
Exame abdominal
No início da isquemia mesentérica aguda, o abdome pode estar inocente, com desconforto à palpação mínimo ou ausente. Geralmente, os pacientes com isquemia mesentérica aguda relatam níveis de dor abdominal maiores que o esperado pelos achados físicos.[17]
Os pacientes com isquemia colônica podem ter desconforto leve a moderado à palpação em um estágio inicial na evolução da isquemia, que é sentido mais lateralmente, sobre as partes afetadas do cólon, em comparação com a dor e o desconforto da isquemia mesentérica aguda, que geralmente são mais periumbilicais.
Conforme a isquemia evolui em direção ao infarto, os pacientes desenvolvem sinais de peritonite, com rigidez e distensão abdominal, defesa e rebote, sensibilidade à percussão e perda do ruído hidroaéreo.
É fundamental considerar e diagnosticar ou descartar a isquemia mesentérica aguda em pacientes que apresentam dor abdominal grave com ausência de achados abdominais significativos. Os perigos do retardo no diagnóstico superam o risco de estudos invasivos precoces.[32]
A auscultação do abdome revela um sopro epigástrico (indicativo de fluxo turbulento em uma área de estenose vascular) em 48% a 63% dos pacientes.[23]
O exame retal pode demonstrar sangue macroscópico ou microscópico no reto após o teste de hemorragia oculta.
A peritonite indica intervenção cirúrgica urgente.
Exame cardiovascular, inclusive ECG
O ECG pode demonstrar arritmias que predispõem a complicações cardioembólicas, como fibrilação atrial ou flutter atrial, ou infarto agudo que pode ser a etiologia da isquemia intestinal.
O exame cardiovascular pode revelar sopro carotídeo à auscultação, além de alterações na pele, ausência de pelos e ausência de pulsos distais nos membros, compatíveis com doença aterosclerótica avançada.
Exames laboratoriais
O exame de sangue inicial deve incluir testes para direcionar a ressuscitação inicial, ajudar a avaliar a gravidade de qualquer isquemia e sugerir pistas para quaisquer diagnósticos alternativos.[35]
Hemograma completo
Mais de 90% dos pacientes com isquemia mesentérica aguda apresentarão contagem leucocitária anormalmente elevada.[11]
Perfil bioquímico incluindo proteína C-reativa[35]
Ajuda a avaliar a disfunção renal e a desidratação, frequentemente presentes em pacientes com doença intestinal isquêmica.
Testes de função hepática[35]
Podem estar elevados, como consequência de choque séptico ou concomitante com a isquemia intestinal.
Gasometria arterial e lactato sérico
A acidose metabólica é um achado comum em pacientes com isquemia mesentérica aguda.[11]
Lactato sérico elevado não determina a presença ou ausência de intestino isquêmico ou necrótico; no entanto, pode ser usado para auxiliar no diagnóstico e na determinação da gravidade.[11]
Painel da coagulação, tipo e rastreamento, prova cruzada
Auxilia no diagnóstico de qualquer coagulopatia subjacente como fator de risco de trombose.[35] Permite a correção de qualquer discrasia de coagulação como parte do tratamento.
Tipo e rastreamento no preparo para a possibilidade de transfusão.
Amilase sérica
Amilase sérica elevada é encontrada em aproximadamente metade dos pacientes com isquemia mesentérica aguda.[11]
dímero D
Pode estar elevado na isquemia intestinal, mas seu uso é limitado, pois o dímero D é um teste muito inespecífico.[11] No entanto, se o dímero D for normal, a probabilidade de isquemia mesentérica é muito baixa.
Exames por imagem
Em caso de suspeita de isquemia mesentérica, deve-se realizar uma angiotomografia (ATG) do abdome e da pelve como investigação de primeira linha para diagnosticar isquemia, identificar a causa subjacente e detectar complicações ou diagnósticos alternativos.[17][24][31][36][37]
Caso a intervenção seja adequada, o exame de imagem também pode avaliar os vasos-alvo para revascularização, o grau e a natureza da estenose ou oclusão e potenciais abordagens para o acesso arterial.[17] O exame de imagem também pode informar o estadiamento patológico; o grau de comprometimento de cada camada do trato gastrointestinal (mucosa, submucosa, muscular e serosa) e pode ser usado para estimar a probabilidade de reversão da isquemia, ajudando, assim, a orientar o tratamento.[38]
Nos casos de isquemia aguda, se a TC não estiver prontamente disponível, a laparotomia exploratória imediata será indicada em pacientes com suspeita de doença intestinal isquêmica. A laparotomia sem exame de imagem prévio pode ser indicada em pacientes instáveis com sinais peritoneais.
ATG
A investigação de primeira linha preferida no diagnóstico de isquemia aguda.[17][36] Deve-se considerar o rastreamento mesmo na presença de comprometimento renal para salvar a vida e evitar o agravamento da lesão renal.[11][12][24][36]
Deve ser realizada nas fases sem contraste, arterial e venosa portal (conhecida como exame de três fases).[17]
Útil no diagnóstico de isquemia mesentérica aguda, mas os achados podem ser inespecíficos no início da isquemia; os sinais tardios indicam necrose intestinal, que requer intervenção cirúrgica imediata.[17] Os sinais iniciais incluem espessamento da parede intestinal e dilatação luminal.[17] Os sinais tardios incluem pneumatose (gás na parede do intestino) e gás venoso mesentérico ou portal, o que geralmente indica necrose intestinal.[17][32][39] Outros sinais tardios incluem intestino edematoso e realce variável do intestino cercado por líquido livre.[17] Também pode mostrar espessamento da parede do intestino com o sinal de impressão digital, indicando edema ou hemorragia da submucosa.[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Tomografia computadorizada (TC): espessamento colônico com pneumatose intestinalDo acervo da Dra. Jennifer Holder-Murray; usado com permissão [Citation ends].
[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Homem de 84 anos que apresenta sintomas sugestivos de doença intestinal isquêmica: (A) Tomografia computadorizada (TC) abdominal que revela uma formação de ar circunferencial maciça e em forma de faixas como pneumatose intestinal (setas) e edema pronunciado da gordura mesentérica (ponta de seta) ao redor das alças intestinais necrosadas; (B) Outra secção da TC abdominal mostrando pneumatose segmentar longa do intestino delgadoLin I, Chang W, Shih S, et al. Bedside echogram in ischaemic bowel. BMJ Case Reports 2009:bcr.2007.053462 [Citation ends].
[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Tomografia computadorizada (TC): espessamento circunferencial da parede do cólon transverso; as setas brancas mostram o sinal de impressão digitalDo acervo do Dr. Amir Bastawrous; usado com permissão [Citation ends].
Pode identificar a causa subjacente de isquemia, complicações intestinais e outras causas de dor abdominal aguda.[17]
A embolia da artéria mesentérica superior (AMS) pode ser identificada por uma falha de enchimento oclusiva na AMS proximal.[17]
A trombose da AMS pode ser identificada por placa aterosclerótica calcificada envolvendo a aorta e suas principais ramificações, e oclusão do segmento curto proximal da AMS proximal.[17]
É difícil diagnosticar isquemia mesentérica não oclusiva (IMNO) usando ATG devido ao desafio de identificar vasoespasmo das ramificações arteriais mesentéricas.[17] O vasoespasmo pode ser identificado por uma aparência brocada dos vasos mesentéricos afetados, com estreitamento de múltiplas ramificações pequenas.[17] A ATG pode detectar o grau do intestino isquêmico, que pode aparecer como espessamento segmentar e descontínuo da parede do intestino e hipocontraste.[17] Além disso, os principais achados negativos, como patência dos vasos arteriais e ausência de aterosclerose, podem descartar causas de isquemia oclusiva.[17]
A trombose venosa mesentérica (TVM) pode ser identificada na fase aguda por falhas de enchimento expansíveis, com contraste periférico das veias portas mesentéricas. A ATG também pode mostrar ingurgitamento venoso mesentérico, acúmulo de gordura e edema.[17]
A isquemia mesentérica crônica pode ser identificada pelo estreitamento ou oclusão grave do óstio de, pelo menos, duas das três artérias mesentéricas.[17]
A ATG substituiu a angiografia convencional como prática padrão para avaliação da vasculatura mesentérica e diagnóstico de isquemia mesentérica aguda.[31][Figure caption and citation for the preceding image starts]: Angiotomografia: trombo agudo da artéria mesentérica superiorDo acervo da Dra. Jennifer Holder-Murray; usado com permissão [Citation ends].
[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Angiotomografia: reconstrução tridimensional com estenose da artéria mesentérica superior devida a placa arteriosclerótica grave em um paciente submetido a imagens de acompanhamento após reparo de aneurisma endovascularDo acervo da Dra. Jennifer Holder-Murray; usado com permissão [Citation ends].
Angiografia por ressonância magnética (ARM)
A ARM pode contribuir para o diagnóstico de isquemia mesentérica crônica. No entanto, é provável que a ATG seja um exame melhor que a ARM para o diagnóstico de isquemia mesentérica crônica devido a sua maior resolução e menor tempo de exame.
A ARM pode ser considerada com e sem contraste se houver suspeita de isquemia mesentérica aguda.[17] No entanto, em comparação com a ATG, a ARM tem menor probabilidade de identificar sinais de isquemia como pneumatose ou gás venoso portal; o tempo necessário para realizar o exame de ARM e a possível necessidade de estímulo intestinal com uma refeição limitam a utilidade da ARM no diagnóstico de isquemia mesentérica aguda.[17]
Radiografia abdominal
A radiografia abdominal tem um papel limitado no diagnóstico e na avaliação da isquemia mesentérica aguda.[11][24] A radiografia negativa não descarta o diagnóstico.[11]
As radiografias simples costumam estar normais no início da evolução da isquemia ou quando a isquemia é leve. Portanto, a radiografia abdominal não é recomendada para o diagnóstico de isquemia intestinal.[11]
Com o agravamento da isquemia, a radiografia simples pode mostrar alças intestinais disformes, íleo paralítico ou espessamento da parede do intestino com o sinal da impressão digital, indicando edema ou hemorragia da submucosa.[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Radiografia abdominal simples: demonstra espessamento acentuado da parede do cólon transversal compatível com o achado do sinal de impressão digital (setas brancas)Do acervo do Dr. Amir Bastawrous; usado com permissão [Citation ends].
radiografia torácica em posição ortostática
Pode mostrar ar subdiafragmático, indicativo de perfuração do intestino, o que exige a intervenção cirúrgica imediata.
Angiografia mesentérica[32]
Historicamente, esse tem sido o exame definitivo para diagnosticar isquemia mesentérica.[17][36] Na prática atual, ela geralmente é precedida de uma ATG em quadros agudos.
A sensibilidade é de 74% a 100%; a especificidade, 100%.[32]
A isquemia oclusiva demonstra um defeito proximal no angiograma sem preenchimento distal dos arcos mesentéricos.
A isquemia não oclusiva pode causar vasoconstrição de todos os arcos mesentéricos. Portanto, a angiografia mesentérica é capaz de diagnosticar a IMNO antes de ocorrer um infarto. Quatro critérios são usados para esse fim:
Estenose das origens das ramificações da AMS
Irregularidades nessas ramificações
Espasmos dos arcos mesentéricos
Preenchimento comprometido dos vasos intramurais.
Permite o tratamento por infusão de vasodilatadores ou agentes trombolíticos (que comprovadamente melhoram o desfecho). Geralmente é realizada com a intenção de proceder a uma intervenção.
Para o diagnóstico de isquemia mesentérica crônica decorrente de doença aterosclerótica, a angiografia precisa demonstrar oclusão grave de pelo menos 2 dos 3 vasos esplâncnicos, embora na ausência de sintomas apenas um resultado de angiografia anormal não seja suficiente para o diagnóstico.[36]
Sigmoidoscopia ou colonoscopia
Sigmoidoscopia ou colonoscopia com biópsia deve ser feita em até 48 horas para confirmar o diagnóstico de colite isquêmica.
Na colite isquêmica não gangrenosa, a colonoscopia pode mostrar um sinal altamente específico - uma úlcera linear única de maneira longitudinal ao à parede do cólon antimesentérico (sinal de faixa única no cólon). Sinais inespecíficos incluem eritema, fragilidade, edema na mucosa do cólon, erosões hemorrágicas dispersas, hemorragias petequiais dispersas com áreas pálidas, nódulo hemorrágico azulado devido a hemorragias submucosas e, raramente, lesão similar a uma massa que mimetiza neoplasia maligna.
Se for necessária uma intervenção cirúrgica urgente devido à condição do paciente, a cirurgia não deve ser protelada para realizar uma sigmoidoscopia ou colonoscopia.[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Colonoscopia: demarcação entre cólon isquêmico e normalDo acervo da Dra. Jennifer Holder-Murray; usado com permissão [Citation ends].
[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Colonoscopia: denudação da mucosa colônicaDo acervo da Dra. Jennifer Holder-Murray; usado com permissão [Citation ends].
[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Colonoscopia: descamação da mucosa e cólon provavelmente não viávelDo acervo da Dra. Jennifer Holder-Murray; usado com permissão [Citation ends].
Endoscopia digestiva alta
A endoscopia digestiva alta pode ser usada em pacientes com suspeita de isquemia mesentérica crônica para descartar diagnósticos alternativos que envolvem o trato gastrointestinal superior, como úlcera duodenal ou gástrica isquêmica refratária.
Ultrassonografia duplex mesentérica
Útil especialmente se a obstrução for proximal nos vasos mesentéricos, mas a ultrassonografia não pode avaliar o fluxo distal dos vasos sanguíneos mesentéricos e a etiologia não oclusiva da isquemia.[12] Usado principalmente em unidades vasculares para a avaliação da isquemia mesentérica crônica, e é a investigação de primeira linha escolhida.[40]
A ultrassonografia do intestino pode ser usada para diagnosticas colite isquêmica (desde que o usuário tenha a experiência adequada) e diferenciar entre doença do lado esquerdo e direito.[41] É um esquema alternativo para pacientes que não toleram o meio de contraste.[35] No entanto, não é considerada uma investigação de rotina e só deve ser realizada por um radiologista com experiência suficiente em ultrassonografia.
Como registrar um ECG. Demonstra a colocação de eletrodos no tórax e nos membros.
Como colher uma amostra de sangue venoso da fossa antecubital usando uma agulha a vácuo.
Novos exames
Uma metanálise de estudos realizados em neonatos, que avaliou o uso de espectroscopia de infravermelho próximo (NIRS) como marcador de isquemia intestinal em neonatos, mostrou que a NIRS detecta com precisão o desequilíbrio na oxigenação do tecido local, e pode ser usada para monitorar a oxigenação gastrointestinal e detectar isquemia intestinal nesse grupo de pacientes.[43] O baixo fluxo sanguíneo regional gastrointestinal foi consistentemente associado com a isquemia intestinal.[43] Investigações adicionais são necessárias para confirmar a utilidade da NIRS como biomarcador para isquemia intestinal em adultos.
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