Etiologia
Clostridium botulinum é um bacilo grande, Gram-positivo, estritamente anaeróbio que existe primariamente como um esporo até que haja condições ambientais adequadas para que ocorra a germinação (isto é, ambiente anaeróbio, pH entre 4.8-8.5).[22]A espécie é dividida em 4 grupos geneticamente distintos que partilham a capacidadede produzir toxina botulínica.[23][24] Sete neurotoxinas sorologicamente distintas são produzidas por C botulinum, identificadas pelas letras A a G. A doença humana é atribuída aos tipos de toxina A, B, E e, menos comumente, F. As toxinas são metaloproteinases dependentes do zinco, caracterizadas por uma cadeia pesada (100 kD) e uma cadeia leve (50 kD), unidas por uma única ponte de dissulfeto.[25][26]
Esporos de C botulinum são encontrados pelo mundo todo em amostras de solo e sedimentos marinhos.[27] Esses esporos são capazes de tolerar 100 °C (212 °F) a 1 atm por várias horas.[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Uma fotomicrografia da bactéria Clostridium botulinumCentros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) [Citation ends].
Fisiopatologia
O botulismo clínico resulta da entrada da toxina botulínica na circulação sistêmica e subsequente inibição da liberação da acetilcolina da terminação nervosa pré-sináptica. A toxina entra na circulação através da mucosa (botulismo de origem alimentar e inalatório) ou via rachaduras na pele (botulismo originado de ferida e iatrogênico). Em lactentes, a absorção ocorre em decorrência da ausência de concorrência por parte de uma flora normal.[28] Uma vez absorvida para a corrente sanguínea, a toxina é transportada para as sinapses dos nervos periféricos e cranianos. A cadeia pesada regula a ligação da toxina aos receptores pré-sinápticos, permitindo a endocitose mediada por receptor.[29]
A liberação de acetilcolina na junção neuromuscular é mediada por um complexo de fusão sináptico. Esse complexo consiste em 3 receptores de proteína de ligação à proteína de fusão solúvel (proteínas SNARE). A cadeia leve da toxina inibe a liberação de vesículas ao clivar as ligações peptídicas dessas proteínas SNARE.[30][31] As neurotoxinas botulínicas B, D, F e G clivam a sinaptobrevina.[32][33] As toxinas A, C e E clivam a proteína associada a sinaptossomas (SNAP)-25.[26][34] A toxina C afeta a sintaxina. Como resultado, a estimulação da célula pré-sináptica não produz a liberação de transmissor, resultando em paralisia motora ou disfunção autonômica quando as terminações nervosas parassimpáticas ou gânglios autonômicos estão comprometidos.
Classificação
Vias de colonização
Origem alimentar
Ingestão de alimentos contaminados com toxina botulínica.
Ferida
Contaminação de feridas por esporos de Clostridium botulinum.
Iatrogênica
Sintomas de botulismo como consequência do uso da toxina para fins cosméticos ou terapêuticos.
Inalatória
Inalação de toxina botulínica aerossolizada; não ocorre por natureza e sugere um ato de bioterrorismo.
Botulismo em lactentes
Resultado da exposição ao solo contaminado, poeira ou fontes alimentares no primeiro ano de vida.
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