Abordagem

Na grande maioria dos casos, a doença da altitude aguda (DAA), o edema pulmonar por grande altitude (EPGA) e o edema cerebral por grande altitude (ECGA) podem ser evitados subindo-se lentamente acima das altitudes >2500 m.[29]​ Nos pacientes com propensão à DAA, ou que precisem subir rapidamente, é possível administrar acetazolamida ou dexametasona de forma profilática.[37][38][39]​ Embora ambas tenham se mostrado efetivas na prevenção da DAA, a acetazolamida é preferencial porque os efeitos colaterais da dexametasona são consideráveis.[12][17][40][73][74][75]​​ Doses regulares de acetazolamida demonstraram ser efetivas; ​​ no entanto, doses mais elevadas estão associadas a efeitos colaterais, tais como parestesias, frequentemente sentidas nas mãos e nos pés.[41][76][77][78]

Agentes profiláticos como nifedipino e dexametasona reduzem a incidência do EPGA em indivíduos com história pregressa de doença documentada radiograficamente.[45][79]​​​ O nifedipino é preferencial porque a sua eficácia e perfil de segurança são bem compreendidos.[29]​ O uso desses agentes em combinação não foi estudado. Não há evidência para apoiar o uso de agentes profiláticos na prevenção do ECGA.

Nos pacientes que desenvolvem doença relacionada a grandes altitudes, a abordagem PARAR, REPOUSAR, TRATAR e DESCER deve ser seguida. Isso envolve parar e repousar assim que os sintomas ocorrerem, iniciar o tratamento assim que o diagnóstico for feito e descer sempre que necessário. Os pacientes com DAA poderão retomar a subida assim que os sintomas remitirem, e aconselha-se usar profilaxia farmacológica antes de continuar. Não se deve tentar subir mais ou voltar a subir a uma altitude já atingida caso os sintomas persistam.[29]

Quando o diagnóstico for incerto, a abordagem PARAR, REPOUSAR, TRATAR e DESCER ainda deverá ser seguida. Nesses casos, é recomendado repousar ou descer dependendo da natureza dos sintomas.

No EPGA e no ECGA, a eficácia do tratamento clínico é muito limitada e pode apenas retardar o início da doença. A descida rápida é a única opção de tratamento confiável. Com frequência ela pode salvar a vida.

Sempre que possível, aqueles com EPGA e ECGA devem ser tratados em um ambiente hospitalar se alcançarem essas instalações antes de se recuperarem completamente.

Doença da altitude aguda (DAA)

As cefaleias são tratadas com líquidos e analgésicos simples como paracetamol. Os anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs), como a aspirina ou ibuprofeno, devem ser usados com cautela porque existem evidências anedóticas de que há um risco significativo de hemorragia digestiva a grandes altitudes.[80][81]​ Os antieméticos podem ser usados se o paciente se queixar de náuseas e vômitos.

Uma revisão Cochrane constatou que a acetazolamida ou a dexametasona podem reduzir a intensidade dos sintomas, comparadas a placebo (evidências de baixa qualidade).[82] Em pacientes refratários ao repouso e à terapia sintomática, a acetazolamida, a dexametasona e o oxigênio podem ser usados sob supervisão médica. No entanto eles podem levar várias horas para fazer efeito e inicialmente podem agravar os sintomas.[79][83][84]​ Se os sintomas persistirem a descida é o tratamento de primeira escolha.[6]

Perturbação do sono pode ser tratada com acetazolamida ou hipnóticos.

Edema pulmonar por grande altitude (EPGA)

A base do tratamento é a descida para uma altitude mais baixa. Quando a descida é protelada, uma descida simulada usando oxigênio suplementar ou uma câmara hiperbárica portátil pode ser usada. Os pacientes devem ser mantidos aquecidos e, se estiverem clinicamente desidratados, devem receber líquidos de reposição com tipo, via e volume apropriados para seu quadro clínico global e que evitem sobrecarga hídrica.

O bloqueador dos canais de cálcio nifedipino inibe a vasoconstrição pulmonar hipóxica e reduz a pressão arterial pulmonar;​​ portanto, pode ser usado tanto na profilaxia quanto no tratamento do EPGA.[3]​​[38][57]​​ Outros agentes, como a dexametasona, só demonstraram ser efetivos na profilaxia.

Deve-se notar que nos casos confirmados de EPGA em que medicamentos, oxigênio ou uma bolsa hiperbárica forem usados, seu papel é puramente ganhar tempo para a descida vital. Qualquer subida adicional não deve ser considerada.

Edema cerebral por grande altitude (ECGA)

A base do tratamento é a descida ou a descida simulada usando-se oxigênio suplementar ou uma câmara hiperbárica portátil. No ECGA, a dexametasona costuma melhorar o quadro clínico e facilitar a evacuação. Embora a duração do tratamento não seja clara, assim que um ciclo de dexametasona é iniciado, deve ser continuado até a pessoa atingir uma baixa altitude.[3][14]

Tal como acontece com o EPGA, se forem usados medicamentos, oxigênio ou uma bolsa hiperbárica, o papel deles é puramente o de ganhar tempo para organizar a descida vital. Qualquer subida adicional não deve ser considerada.

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