Abordagem
Todos os pacientes com hipotireoidismo primário evidente devem ser tratados. O objetivo do tratamento é a redução dos sintomas e a prevenção das complicações em longo prazo.[1][8] O tratamento é iniciado ao estabelecimento do diagnóstico e deve ser administrado por toda a vida. O tratamento é realizado com levotiroxina. Não há evidências de que o extrato de tireoide "natural" ou de porco proporcione uma terapia clinicamente confiável.[42]
Terapia com levotiroxina
Indicações:
O tratamento é indicado em todos os pacientes sintomáticos com hipotireoidismo primário evidente
Muitos especialistas também recomendam o tratamento do hipotireoidismo subclínico (assintomático com tiroxina livre [T4] sérica normal) se o hormônio estimulante da tireoide (TSH) estiver >10 mUI/L, já que o risco teórico de progressão para hipotireoidismo manifesto é alto.[2][8][43] Dados observacionais indicam que o risco de doença coronariana e a mortalidade a ela relacionada são maiores nos indivíduos com hipotireoidismo subclínico se o TSH estiver >10 mUI/L.[44] Apesar da ausência de boas evidências, alguns especialistas recomendam tratar os seguintes grupos de pacientes com hipotireoidismo subclínico e hormônio estimulante da tireoide (TSH) <10 mUI/L:
Dose:
A dose inicial depende da idade e da presença de cardiopatia coexistente.[1][8] Os pacientes adultos saudáveis e com 65 anos de idade ou menos devem iniciar uma dose completa de reposição de levotiroxina.[1][42][46]
A terapia com levotiroxina pode exacerbar a angina nos pacientes com doença arterial coronariana.[42] Recomenda-se uma dose inicial mais baixa da levotiroxina, com titulação em pequenos incrementos a cada 4-6 semanas até uma dose terapêutica total, e atenção especial ao desenvolvimento de sintomas isquêmicos.[42]
Os pacientes com mais de 65 anos de idade, sem cardiopatia, são menos tolerantes às doses iniciais de reposição total.[42] É também recomendável uma dose inicial baixa nesses pacientes, com uma titulação em pequenos incrementos a cada 4-6 semanas.
A principal complicação do tratamento é a reposição excessiva de hormônio tireoidiano, que aumenta o risco de osteoporose e de fibrilação atrial.[1]
Considerações especiais:
A gestação aumenta a necessidade de hormônio tireoidiano, e a dose necessária de levotiroxina pode aumentar. Pode ser necessário aumentar a dose de levotiroxina em 25% a 30% no primeiro trimestre.[29] O TSH deve ser medido a cada 4-6 semanas em gestantes que recebem terapia com levotiroxina até a metade da gestação e, em seguida, uma vez no segundo e uma vez no terceiro trimestres.[29][47]
A síndrome nefrótica, que aumenta a depuração do hormônio tireoidiano, e a má absorção (por exemplo, doença celíaca), que prejudica a absorção do hormônio, podem aumentar a necessidade de levotiroxina.[1][42]
Ferro, colestiramina, cálcio e sucralfato reduzem a absorção da levotiroxina.[1][8] Anticonvulsivantes (por exemplo, fenitoína, fenobarbital e carbamazepina) aumentam sua capacidade de ligação à proteína. Rifampicina e sertralina aumentam seu metabolismo.[1][8] O uso concomitante desses medicamentos pode ocasionar a necessidade de aumento de posologia.
Alguns pacientes atingem um TSH normal, mas ainda apresentam sintomas. Isso deve ser reconhecido, e causas alternativas devem ser consideradas. Embora não haja evidências de boa qualidade para a recomendação de terapia combinada com levotiroxina e liotironina, há pesquisas em andamento nessa área.[48]
Monitoramento:
A dose é aumentada ou reduzida em pequenos incrementos para normalizar o TSH, o que constitui o objetivo químico da terapia. Alguns especialistas defendem consistentemente o uso de uma preparação de levotiroxina com nome de marca, sustentando que fornece uma dose mais confiável que as preparações genéricas.[8]
Em virtude da meia-vida longa da levotiroxina (1 semana), o TSH deve ser medido 4-6 semanas após o início da terapia ou uma alteração na posologia.[8][42] O TSH dos pacientes estáveis com TSH sérico normal deve ser medido a cada 12 meses.[1]
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