História e exame físico

Principais fatores diagnósticos

comuns

presença de fatores de risco

Os fatores de risco importantes incluem anestesia geral, doença vascular cerebral, história de trauma cranioencefálico, história de disfagia, idade >70 anos e sexo masculino.

tosse intratável

Observada em 36% dos pacientes com aspiração de conteúdo gástrico.[40]

febre

Extremamente comum depois de aspiração de conteúdo gástrico, ocorrendo em 94% dos casos.[40]

dispneia

Extremamente comum depois de aspiração de conteúdo gástrico, observada em 78% dos casos.[40] Nos casos graves, a insuficiência respiratória pode resultar de edema pulmonar não cardiogênico.

sibilância

Ocorre em 32% dos pacientes depois de aspiração de conteúdo gástrico.[40]

estertores

Presença na ausculta pulmonar é comum depois de aspiração de conteúdo gástrico, ocorrendo em 72% dos casos.[40]

Fatores de risco

Fortes

nível de consciência reduzido (escore na escala de coma de Glasgow <9)

Associado a trauma, uso de sedativos, bebidas alcoólicas, anestesia geral ou transtornos neurológicos (por exemplo, tumores cerebrais, convulsões, doença de Parkinson, retardo mental, acidentes vasculares cerebrais). Prejudica os mecanismos de proteção das vias aéreas e aumenta o risco de aspiração de objetos estranhos.[17][11]

doença mais grave

A classificação de risco mais elevado (definido como classe III, IV ou V no sistema de classificação de risco da American Society for Anesthesiology, que se baseia no estado físico) indica risco mais elevado de aspiração.[5][22]

anestesia geral

O nível reduzido de consciência resulta na perda dos reflexos de proteção. Os medicamentos anestésicos podem diminuir os tônus dos esfíncteres esofágico inferior e superior, aumentando o risco de refluxo gastrolaríngeo. A posição supina aumenta o risco de refluxo.[4]

idade >70 anos

O risco de aspiração é mais alto em pacientes mais velhos, especialmente durante e após a sétima década, provavelmente decorrente de uma maior prevalência de distúrbios cerebrovasculares e neurológicos degenerativos associados ao envelhecimento, que provocam disfagia e/ou reflexo de tosse deficiente.[17][15][22] Mais de 50% dos pacientes com asfixia aguda por alimentos têm entre 71 e 90 anos.[23]

trauma cranioencefálico

Pode resultar em estado mental alterado e comprometimento dos reflexos das vias aéreas. Também aumenta o risco de aspiração do conteúdo gástrico, porque a hipertensão intracraniana que pode resultar do trauma cranioencefálico retarda o esvaziamento gástrico.[24]

doença cerebrovascular

Mais de um terço dos pacientes com acidente vascular cerebral (AVC) agudo apresenta aspiração documentada em estudos radiológicos.[15] A deglutição anormal aumenta o risco de aspiração.[15] Pacientes com disfagia apresentam acionamento tardio da resposta motora faríngea e diminuição da elevação laríngea, resultando em coordenação e sincronização inadequadas dos eventos orais, faríngeos e laríngeos durante a deglutição.[25]

tubo endotraqueal ou de traqueostomia

A colocação de um tubo endotraqueal ou de traqueostomia aumenta o risco de aspiração. Os tubos com manguito não são uma proteção completa[22][26][27] e interrompem mecanicamente o fechamento da glote ou o esfíncter cardíaco.[28] A intubação endotraqueal que dura >8 horas pode resultar em complicações laringotraqueais, que aumentam o risco de aspiração após a extubação.[29]

A aspiração tem sido documentada em até 45% dos pacientes com trauma grave após a extubação. Os mecanismos são vários e incluem alterações na anatomia da glote causadas por ulceração das pregas vocais e edema laríngeo, e interrupção do reflexo de deglutição causada por atrofia muscular, má coordenação e diminuição das habilidades sensoriais da laringe.[30] As intubações traumáticas (sangue no tubo endotraqueal, intubação esofágica e várias tentativas de intubação) aumentam o risco de aspiração após a extubação.

disfagia

A deglutição anormal aumenta o risco de aspiração.[15] Pacientes com disfagia apresentam acionamento tardio da resposta motora faríngea e diminuição da elevação laríngea, resultando em coordenação e sincronização inadequadas dos eventos orais, faríngeos e laríngeos durante a deglutição.[25]

As condições de alto risco que resultam em disfagia orofaríngea incluem transtornos neurológicos (doença vascular cerebral, trauma cranioencefálico, traumatismo cranioencefálico fechado, lesão da coluna cervical, anoxia, transtorno convulsivo, paralisia das pregas vocais, doença de Parkinson, esclerose lateral amiotrófica, doença de Alzheimer), certas cirurgias (para neoplasias da cabeça e pescoço, cirurgia da coluna cervical anterior e posterior, cirurgia cerebral, enxerto coronariano, esofagogastrectomia), anomalias estruturais (tumores orofaríngeos, fístula traqueoesofágica), transtornos gastrointestinais (refluxo laringofaríngeo), traqueostomia e efeitos adversos de sedativos e antipsicóticos.

dificuldades nas vias aéreas

Dificuldade de intubação e laringoespasmo são fatores de risco de aspiração registrados durante o período perioperatório.[5][8]

refeição de bário

Pode ser aspirada durante um exame radiográfico de bário.[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Broncoscopia mostrando aspiração de bário para o brônquio principal direito depois de um estudo de esofagografia baritada em um paciente com pulmão transplantadoDo acervo de Dr. Kamran Mahmood [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@7aaa9f53

Fracos

sexo masculino

O risco de aspiração em homens é quase duas vezes maior que em mulheres, provavelmente por causa dos maiores índices de distúrbios neurológicos e cardiovasculares em homens.

doença do refluxo gastroesofágico

Fator de risco independente de aspiração em pacientes gravemente doentes e durante o período perioperatório em pacientes que recebem anestesia geral.[4][11] As condições que aumentam o risco de refluxo gastroesofágico incluem doença esofágica (doença vascular do colágeno, câncer, acalasia, alteração da motilidade), hérnia de hiato, úlcera péptica, gastrite, obstrução intestinal, íleo paralítico e hipertensão intracraniana.[22]

tubos de alimentação

Os tubos de alimentação nasoentérica podem estimular a faringe e aumentam o risco de aspiração diminuindo o tônus do esfíncter esofágico inferior.[31] A colocação gástrica de tubos de alimentação aumenta o risco de aspiração, e a colocação pós-pilórica do tubo pode ter um efeito protetor.[11] Tubos de alimentação grandes aumentam o risco, especialmente em bebês e crianças pequenas. Não se sabe ao certo se os tubos de alimentação de gastrostomia têm risco menor para aspiração que a alimentação nasogástrica.[24]

posição supina

A posição supina durante procedimentos odontológicos, médicos ou radiológicos, transporte e anestesia geral alinha a traqueia e a orofaringe, e facilita o fluxo gravitacional do conteúdo gástrico na orofaringe. Também associada à dificuldade de deglutição. A sedação e a anestesia aumentam o risco de aspiração obnubilando os reflexos de proteção.[19]

retardo do esvaziamento gástrico

Alto volume residual gástrico é comum em pacientes gravemente doentes que recebem nutrição enteral. Isso aumenta o risco de vômitos ou regurgitação de alimentos e deixa os pacientes suscetíveis a aspiração.[24] Os fatores associados incluem cirurgia abdominal, medicamentos (propofol, morfina e dopamina), sepse, anormalidades metabólicas (hiperglicemia, diabetes mellitus, hipocalemia), insuficiência renal e pressão intracraniana elevada.

obesidade

Fator de risco independente para aspiração relacionado à anestesia geral.[32]

medicamentos que reduzem o tônus dos esfíncteres esofágicos

Os medicamentos usados na anestesia e na unidade de terapia intensiva podem reduzir o tônus dos esfíncteres esofágicos inferior e superior e aumentam o risco de aspiração. Os medicamentos incluem atropina, glicopirrolato, dopamina, nitroprusseto de sódio, bloqueadores ganglionares, tiopental, estimulantes beta-adrenérgicos, halotano, enflurano e propofol. Os antidepressivos tricíclicos também têm esse efeito.[4]

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