Abordagem

Embora os sintomas pré-menstruais sejam comuns entre a maioria das mulheres, um diagnóstico de SPM ou de TDPM é menos comum. A SPM é caracterizada por sintomas repetitivos, cíclicos, comportamentais e físicos ocorrendo na fase lútea do ciclo menstrual (o período entre a ovulação e o início da menstruação). O TDPM é uma variante mais grave que inclui pelo menos um sintoma afetivo. O American College of Obstetricians and Gynecologists descreve os transtornos pré-menstruais como um diagnóstico de exclusão, aconselhando que os médicos devem descartar outras causas potenciais de sintomas pré-menstruais, como outros transtornos do humor ou afecções clínicas gerais.[1]

Anamnese e exame físico

Uma história menstrual é de suma importância. Ciclos regulares e irregulares podem estar associados com SPM/ TDPM, desde que sejam ovulatórios.[7] Mulheres na peri-menopausa, mulheres na pré-menopausa submetidas a histerectomia ou mulheres com contraceptivos intrauterinos contendo progestágeno ou implantes contraceptivos podem apresentar ciclos menstruais irregulares ou ausentes, mas ainda apresentam SPM/TDPM. Em todos os casos, a ciclicidade dos sintomas deve ser avaliada, bem como o seu efeito no trabalho, na escola, na vida familiar e nas relações interpessoais da mulher.

Os profissionais da saúde devem esclarecer a convicção da mulher sobre a causa dos sintomas, os tratamentos anteriores utilizados e se os sintomas melhoraram com o tratamento. Uma história médica completa, incluindo medicamentos, história contraceptiva e uso de drogas recreativas e álcool, deve fazer parte da avaliação. Uma história de abuso sexual deve ser explorada com todas as mulheres, já que algumas evidências sugerem uma relação entre abuso anterior e maior sensibilidade a alterações hormonais e transtornos do humor.[54] Em qualquer mulher com história atual ou anterior de abuso, aconselhamentos adicionais podem ser necessários.

O exame físico deve ser realizado conforme indicado pela idade da paciente e recomendações ginecológicas e médicas de rotina. Não há sinais físicos específicos no exame para SPM/TDPM.

Diário de sintomas

Fundamental para o diagnóstico de SPM/TDPM é a lembrança da paciente de que os sintomas estiveram presentes durante a maioria dos ciclos menstruais no ano anterior, juntamente com um diário prospectivo dos sintomas, recomendado por pelo menos 1 ciclo, mas idealmente em de 2 a 4 ciclos.[1][7]​​​ A mulher deve registrar e avaliar seus sintomas todos os dias. Vários aplicativos e calendários de sintomas estão disponíveis, mas o formulário de registro diário da gravidade de problemas (Daily Record of Severity of Problems, DRSP), consistindo em 17 sintomas comuns, incluindo os 11 listados no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, quinta edição, texto revisado (DSM-5-TR), avaliado a cada dia em uma escala de 1 a 5, é a mais usada. O DRSP foi validado como um questionário autoadministrado de maneira prospectiva.[56] Cada mulher também deve identificar seu sintoma mais penoso, que pode ou não ter a maior pontuação no DRSP.

Para confirmação de SPM/TDPM, o diário dos sintomas deve revelar sintomas durante a fase lútea, que se resolvem com o início da menstruação, com pelo menos 1 semana livre de sintomas. O diário diferenciará SPM/TDPM de exacerbações pré-menstruais de outras condições e pode identificar transtornos crônicos não relacionados ao ciclo menstrual.[1]

Testes adicionais para depressão ou ansiedade com questionários validados, como o Questionário sobre a saúde do(a) paciente (PHQ-9), a Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HAD) ou o Inventário de Depressão de Beck devem ser utilizados se esses transtornos forem sugeridos por história ou sintomas.

Se o diagnóstico permanecer inconclusivo após a avaliação com um diário de sintomas, um estudo de 3 meses com um agonista do hormônio liberador de gonadotropina (GnRH) pode ser útil, com a resolução dos sintomas após a supressão ovariana considerada diagnóstica para o transtorno.[1][7]​​​ Esta abordagem é inferida como sendo eficaz com base na evidência do uso de GnRH para tratamento, mas é uma indicação off-label e não é baseada em evidências. O início de outras terapias, como inibidores seletivos de recaptação de serotonina, pode ser considerado antes dessa intervenção diagnóstica.

Exames laboratoriais e de imagem

Os testes laboratoriais na ausência de achados físicos geralmente não são recomendados. O rastreamento tireoidiano pode ser uma exceção, pois a doença tireoidiana pode causar transtornos de humor. Mulheres com ciclos irregulares podem precisar de avaliação adicional para causas de sangramento anormal, conforme indicado pela prática ginecológica geral. Caso a dor seja um sintoma significativo, a ultrassonografia pélvica pode ser considerada.

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