Etiologia
A etiologia mais comum da colangite aguda é a colelitíase, que causa coledocolitíase e obstrução biliar.[10] A lesão iatrogênica do ducto biliar, mais comumente causada por meio de uma lesão cirúrgica durante uma colecistectomia, pode causar estenoses benignas, que podem, por sua vez, causar obstrução (com ou sem colangite esclerosante secundária).[10][12]
As outras causas de estenose biliar benigna incluem a pancreatite crônica (com estenose do ducto colédoco distal, que tem um percurso intrapancreático), lesão biliar induzida por radiação ou lesão biliar como complicação de quimioterapia sistêmica (por exemplo, fluorodeoxiuridina).[12][13]
A colangite esclerosante (primária e secundária) causa até 24% de casos de colangite aguda.[14] As causas menos comuns de colangite aguda são a pancreatite aguda, a entrada de parasitas para os ductos biliares (Ascaris lumbricoides ou Fasciola hepatica), compressão extrínseca da árvore biliar em decorrência de adenopatia, fibrose do músculo papilar, coágulos sanguíneos e síndrome Sump (uma complicação rara que pode se desenvolver após a criação de uma coledocoduodenostomia, na qual o ducto colédoco distal pode reter partículas de alimentos e se tornar uma fonte de infecção biliar).[13]
É muito menos provável que as estenoses malignas estejam associadas ao desenvolvimento de colangite aguda, mas isso também pode ocorrer, sobretudo se tiver ocorrido instrumentação prévia da árvore biliar. As estenoses biliares malignas mais comuns surgem em decorrência de tumores biliares primários (colangiocarcinoma), câncer da vesícula biliar primário, câncer ampular, câncer de pâncreas e, raramente, câncer do intestino delgado primário.[12][13]
Fisiopatologia
A obstrução do ducto colédoco inicialmente resulta em inoculação bacteriana da árvore biliar, possivelmente através da veia porta e, quando combinada com contaminação bacteriana, pode causar colangite aguda.[10] Além disso, sedimentos se formam, fornecendo um meio de crescimento para bactérias. Conforme a obstrução evolui, a pressão no ducto biliar aumenta. Isso forma um gradiente de pressão que promove extravasamento das bactérias para a corrente sanguínea.[10] Caso isso não seja reconhecido e tratado, pode causar sepse.[10][15]
Classificação
Colangite
Em 1877, Charcot foi o primeiro a descrever a tríade da dor no quadrante superior direito, febre e icterícia (chamada tríade de Charcot) como resultado de obstrução biliar e crescimento bacteriano na árvore biliar. Quando a tríade de Charcot está associada a choque e a um estado mental alterado, ela é chamada de pêntade de Reynold, em homenagem a Benedict Reynolds.
Colangite com sepse
Uma forma mais grave de colangite, resultando na tríade de Charcot associada a evidências de sepse. Hipotensão, choque (hipotensão e disfunção orgânica) e alterações do estado mental podem acompanhar a colangite com sepse. Esses achados são resultado da elevação na pressão intraductal decorrente da obstrução, o que causa refluxo de bactérias e, por fim, sepse. Deve-se observar que a apresentação da colangite pode ser muito variável e muitos pacientes, no início da evolução da doença, podem apresentar dor inespecífica no quadrante superior direito e alterações nos testes da função hepática, sem sinais exuberantes de sepse.
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