Epidemiologia

Os estudos epidemiológicos do uso de BZDs variam conforme a amostra da população. O estudo Epidemiology of Vascular Aging (EVA) na França mostrou que a taxa de incidência do uso de BZDs em idosos era de 4.7/1000 pessoas-meses.[3] Cerca de 10% da população de idosos dos EUA usa BZDs regularmente, na maioria das vezes para finalidades sedativas e ansiolíticas.[4] Isso representa até 36% de adultos que recebem tratamento para depressão em contexto de cuidados de saúde mental.[5] Os BZDs são prescritos para 30% a 74% dos pacientes com transtorno do estresse pós-traumático (TEPT), a despeito de haver pesquisas mostrando que os BZDs são ineficazes na prevenção e no tratamento do TEPT.[6]

O uso de BZDs é maior entre os brancos que em outros grupos étnicos. O número de mulheres que usam BZDs é o dobro do número de homens. Sedativos, ansiolíticos e hipnóticos são comumente prescritos para pessoas na sexta e sétima décadas de vida. Relatou-se uma prevalência de uso de BZDs com variação de 3.9% em adultos de meia-idade e idosos no Brasil até 35.9% em pessoas com 65 anos de idade ou mais no Canadá.[7][8] Há evidências sugerindo que, em idosos, com ou sem doença de Alzheimer, o uso de BZDs pode aumentar o risco de acidente vascular cerebral (AVC) e fratura do quadril.[9][10][11]

O uso sem recomendação médica de BZDs é mais elevado em pessoas com 18 a 25 anos de idade, com taxas de 0.7% a 1.9%.[12] São usados frequentemente por pessoas que abusam de bebidas alcoólicas; até 40% delas relatam automedicação intermitente ou concomitante com BZDs.

Com relação ao uso de substâncias ilícitas, os BZDs substituíram consideravelmente os barbitúricos, a metaqualona e a glutetimida para sedação e ansiólise, bem como para induzir o sono. Os BZDs são preferidos em relação a agentes mais antigos, tanto clinicamente quanto para fins recreativos, em virtude de um perfil de segurança muito maior e a um menor risco de toxicidade grave com superdosagem.[12]

Apesar da segurança, é comum ocorrer superdosagem de BZDs, principalmente com comportamento suicida e em conjunto com abuso de opioides.[13] Os BZDs são responsáveis por aproximadamente 31% das superdosagens fatais envolvendo medicamentos prescritos nos EUA, ao passo que 75% dessas superdosagens fatais envolvem opioides.[14] As mortes por superdosagem relacionada a substâncias estão aumentando, com mais de 106,000 pessoas nos EUA morrendo por overdose induzida por substâncias em 2021, em comparação com 52,000 em 2016.[15] Destas 106,000, aproximadamente 12,500 mortes foram associadas ao uso de BZD.[15]

Na Inglaterra, os BZDs estão relacionados, na maioria das vezes, a casos de lesões autoinfligidas intencionais em uma idade avançada.[16] Essa tendência também é observada na Austrália, onde uma associação entre prescrição de benzodiazepínicos e autointoxicação intencional foi relatada em idosos.[17]

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