Epidemiologia

Historicamente, a pneumonia por Pneumocystis (PPC) foi uma das doenças definidoras de AIDS mais comuns entre crianças, adolescentes e adultos em países de alta renda.[1]

Na era na terapia antirretroviral (TAR) combinada, a incidência de infecções oportunistas (incluindo a PPC) diminuiu.[2][3][4][5][6]​​​​​ O estudo EuroSIDA acompanhou uma coorte de mais de 8500 pacientes HIV-positivos na Europa e constatou que a incidência da PPC caiu de 4.9 casos por 100 pessoas-ano, antes de março de 1995, para 0.3 caso por 100 pessoas-ano, depois de março de 1998.[7] Da mesma forma, o estudo NA-ACCORD, que acompanhou 16 coortes de mais de 80,000 pacientes HIV-positivos dos EUA e Canadá, observou uma diminuição na incidência da PCP de 0.92 caso por 100 ano, de 2000 a 2003, para 0.39, de 2008 a 2010.[8] No entanto, a infecção por PPC continuam sendo um diagnóstico comum nos pacientes com infecção por HIV admitidos para cuidados intensivos.[9] Em um hospital de nível terciário agudo da cidade de Nova York (com um programa de tratamento de HIV ambulatorial abrangente), 4.8% das mortes relacionadas à AIDS entre 2004 e 2008 decorreram de PPC.[10] Em adultos HIV-positivos, o maior fator de risco de desenvolvimento da PPC é uma celularidade CD4 <200 células/microlitro, sendo que o risco aumenta à medida que a celularidade CD4 cai abaixo desse nível.[11][12]​ O risco de PPC diminuirá se os pacientes mantiverem um aumento contínuo na celularidade CD4 a mais de 200 células/microlitro com o uso da TAR. Assim, atualmente, a maioria dos casos de PPC ocorre em pacientes que não estão cientes de que estão infectados pelo HIV, que não procuram tratamento clínico para HIV ou não utilizam a TAR ou a profilaxia da PPC devido à não adesão terapêutica ou a alguma intolerância, e aqueles com imunossupressão avançada (isto é contagem de CD4 <100 células/microlitro).[2][5][13][14][15]​​​​ Entre 2000 e 2013, um estudo europeu relatou um aumento na idade e na proporção de pacientes nos quais um episódio de PPC precedeu o diagnóstico de HIV (de 34 para 44 anos de idade, e de 48% para 67%, respectivamente).[16]

Nos EUA, a prevalência da infecção por HIV pode ser subestimada e, portanto, a incidência do primeiro episódio de PPC também pode ser subestimada, principalmente em grupos com pouco acesso a serviços de saúde.[17] Outro grupo de pacientes com risco de contrair PPC são os refugiados HIV-positivos oriundos de países de renda baixa e média, nos quais é difícil diferenciar a PCP de uma infecção por tuberculose pulmonar ou infecção dupla.[18]

Em crianças, a incidência geral de PPC diminuiu desde o início da era do HIV, parcialmente por causa dos avanços nos exames pré-natais para HIV e do tratamento do HIV para prevenir a transmissão vertical do vírus, mas também devido à TAR.[2][19]​ No Perinatal AIDS Collaborative Transmission Study, a incidência da PPC em crianças HIV-positivas caiu de 5.2 casos por 100 pessoas-ano, durante a era pré-TAR, para 0.3 caso por 100 pessoas-ano, na era pós-TAR.[20] Em crianças HIV-positivas, as taxas mais altas de PPC ocorrem em lactentes de 3 a 6 meses de idade. O risco da PPC não está relacionado às contagens de células CD4 nas crianças com menos de 6 anos de idade, mas está relacionado à porcentagem de CD4. Em crianças com mais de 6 anos de idade, a contagem de células CD4 está relacionada ao risco de PPC, semelhante ao de adultos.[3][21][22]

A PPC é uma importante infecção oportunista em crianças e adultos HIV-positivos de países de renda baixa e média, embora a identificação do patógeno definitivo possa ser desafiadora devido aos recursos limitados.[23]

Em pacientes HIV-negativos, a incidência geral de PPC é baixa e ocorre quase exclusivamente em pacientes com outras causas de imunocomprometimento.[24][25][26][27][28]​​​ Embora a incidência de PPC em pacientes HIV-positivos tenha diminuído na Inglaterra entre 2000 e 2010 e na França entre 2005 e 2013, a PPC em pacientes HIV-negativos aumentou no mesmo período.[29] Nessa população, a PPC ocorre principalmente em receptores de transplante de órgãos (7% a 43%), pessoas com neoplasias hematológicas (23% a 39%), pessoas com neoplasias sólidas (18% a 27%) e pessoas com condições inflamatórias (11% a 27%).[26][27]​​​ Um estudo de base populacional longitudinal retrospectivo realizado na Alemanha constatou que a incidência geral de PPC aumentou entre 2014 e 2019, de 2.3 casos por 100,000 indivíduos para 2.6 casos por 100,000 indivíduos. Mais de 80% dos casos de PPC ocorreram em pacientes HIV-negativos. Embora o número de casos entre pacientes com HIV, neoplasias hematológicas e transplantes tenha diminuído ao longo do tempo, os pacientes com neoplasias sólidas apresentaram aumento do número anual de casos, o que indica que a distribuição de doenças imunossupressoras subjacentes entre casos incidentes de PPC mudou com o tempo. Tendências similares foram identificadas para mortes relacionadas a PPC.[6]​ A PPC foi relatada em pacientes usando antagonistas do fator de necrose tumoral alfa ou o anticorpo monoclonal antiCD20, rituximabe.[30][31]​​​ A PPC na população HIV-negativa é um processo mais fulminante e está associada com maior morbidade e mortalidade que em pacientes HIV-positivos.[6][27]​​​

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