Novos tratamentos

Terapias neuroestimulatórias centrais (terapia com dispositivo)

Um desenvolvimento animador no campo da dor, que vem sendo parcialmente liderado pelo trabalho na fibromialgia (FM), é a explosão de interesse e conhecimento no uso de terapias neuroestimulatórias centrais em fibromialgia e em afecções relacionadas.[177][178] [ Cochrane Clinical Answers logo ] [ Cochrane Clinical Answers logo ] ​​​ Estas terapias, que incluem a estimulação transcraniana por corrente contínua e estimulação magnética, podem reduzir a dor e melhorar diversos outros domínios da fibromialgia; em alguns casos, o efeito da terapia durou bastante após a interrupção do tratamento.[179][180]​​​[181][182] São necessárias pesquisas adicionais. 

Naltrexona em baixas doses

Quando usada em doses mais baixas, acredita-se que a naltrexona (um antagonista opioide) reduza paradoxalmente a dor devido ao aumento na liberação de opioides endógenos. Ela também pode ter propriedades anti-inflamatórias. Uma revisão sistemática concluiu que naltrexona em baixas doses pode ser um tratamento alternativo para pacientes com dor crônica derivada de doenças.[183]​ Um ensaio clínico ranbdomizado, duplo cego, controlado por placebo e cruzado, incluído na revisão especificamente para pacientes com fibromialgia, relatou que naltrexona em baixas doses reduziu consideravelmente a dor, em comparação com placebo.[184]

Canabinoides

Embora os canabinoides não sejam amplamente aprovados para uso em dor crônica, esta classe de medicamentos tem apresentado eficácia tanto na fibromialgia quanto em outras afecções com sintoma de dor crônica.[185] Evidências de revisões sistemáticas subsequentes encontraram evidências de alta qualidade insuficientes sobre o benefício da cannabis medicinal em pacientes com fibromialgia; no entanto, novos dados sugerem um efeito positivo.[186][187][188][189]​ Há incerteza em relação à dosagem e às proporções ideais de canabidiol (CBD)/tetraidrocanabinol (THC).​

Infusões de cetamina

Além dos sistemas neurotransmissores serotoninérgico e noradrenérgico, o sistema glutaminérgico também está claramente envolvido na fibromialgia e, mais amplamente, na sensação de dor, tal como evidenciado pelo fato de que uma infusão intravenosa de cetamina parecer ser preditiva de resposta subsequente ao dextrometorfano em fibromialgia, mas não é eficaz como terapia a longo prazo.[190]

Memantina

A eficácia de memantina, um antagonista do receptor N-metil-D-aspartato (NMDA), está sendo avaliada para o tratamento da dor crônica em pacientes com FM. Uma revisão sistemática relata que as evidências relativas ao uso de memantina para a dor crônica são limitadas e incertas.[191] Apesar do seu potencial, o alívio da dor alcançado em estudos clínicos é pequeno e está associado com o aumento da tontura; portanto, não é possível fazer recomendações claras sobre seu uso clínico de rotina até que sejam realizados estudos maiores e mais definitivos.[191]

Inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRSs)

Estudos constataram efeitos variados de ISRSs na dor em pacientes com FM, o que sugere que os benefícios dos inibidores de recaptação de noradrenalina seletivos (IRSNs) podem ser derivados da noradrenalina elevada, em vez da serotonina. Os ISRSs não são recomendados para o tratamento da dor, perturbação do sono ou fadiga nas diretrizes da EULAR. No entanto, houve relatos de que o uso de um ISRS associado a um antidepressivo tricíclico pode ser útil para a fibromialgia.[149]

Esreboxetina

Um inibidor da recaptação da noradrenalina altamente seletivo, que tem sido estudado em modelos pré-clínicos de dor e está sendo investigado para utilização na fibromialgia. Um estudo cego, controlado por placebo, de 267 pacientes mostrou que o grupo da esreboxetina teve uma melhora estatisticamente significante em relação ao placebo no que diz respeito à média semanal de dor, e que a maioria dos pacientes no grupo de tratamento relatou uma redução >30% da dor (37.6% vs. 22.4%). Também foram observadas melhoras na qualidade de vida e nas medidas funcionais.[192]

Mirtazapina

Mirtazapina, um antidepressivo tetracíclico, demonstrou uma redução clinicamente relevante da dor (30% ou mais), redução da intensidade média da dor e de problemas do sono, em comparação com placebo, em adultos com fibromialgia.[193] Sonolência, ganho de peso e alanina aminotransferase elevada foram mais frequentes com mirtazapina do que com placebo.[193]

Melatonina

Melatonina, um neuro-hormônio, demonstrou ter vários efeitos positivos em pacientes com FM, inclusive melhora na qualidade do sono, dor e impacto da doença.[194] Em comparação com outros agentes, como duloxetina, nenhum evento adverso importante foi relatado após o tratamento com consumo de melatonina.[194] São necessárias pesquisas adicionais

Estimulação elétrica transcutânea do nervo (TENS)

Uma revisão Cochrane concluiu que não há evidências de alta qualidade suficientes para apoiar ou refutar o uso da estimulação nervosa elétrica transcutânea (TENS) para a fibromialgia.[195] Um ensaio clínico randomizado e controlado (ECRC) subsequente relatou que, em mulheres com fibromialgia que recebiam um esquema medicamentoso estável, 4 semanas de TENS ativa melhorou significativamente a dor derivada do movimento, em comparação com placebo com TENS ou sem TENS.[196]

Estimulação do nervo vago (ENV)

Um ensaio clínico de prova de conceito de fase 1/2, realizado com pacientes com fibromialgia refratária ao tratamento, relatou que, dos 12 pacientes que concluíram o estudo, cinco pacientes alcançaram a medição de eficácia (uma medição composta; redução da dor, melhora do bem-estar geral e da função física) em 3 meses, e dois pacientes obtiveram o desfecho secundário de não apresentar mais os critérios de dor disseminada ou sensibilidade necessários para o diagnóstico de fibromialgia.[197]​ O efeito pareceu aumentar com o tempo, e um número maior de pacientes obtiveram ambos os critérios em 11 meses. 

Acupuntura

Uma revisão de ensaios clínicos randomizados sobre medicina tradicional chinesa (MTC) para o tratamento da fibromialgia (incluindo não apenas a acupuntura, mas também outras modalidades da MTC com medicamentos fitoterápicos e ventosas) sugeriu que estas terapias parecem ser eficazes, mas os ensaios são limitados por falta de rigor metodológico.[198]​ Uma revisão sistemática subsequente relatou que técnicas invasivas (inclusive acupuntura e agulhamento a seco) reduziram significativamente a dor, melhoraram o limiar de pressão da dor e a qualidade de vida.[199] Uma revisão Cochrane constatou que o uso de eletroacupuntura pode ser mais eficaz do que a acupuntura manual (sem envolver eletroestimulação).[200]

Biofeedback

Alterações do sistema nervoso autônomo têm sido propostas para explicar alguma da sintomatologia em pacientes com fibromialgia. O treinamento de biofeedback da variabilidade da frequência cardíaca (VFC), que ensina o paciente a respirar em uma frequência de ressonância, pode ajudar a diminuir a estimulação do nervo simpático e, talvez, reduzir a dor. Há uma quantidade muito pequena de evidências que sugerem que houve diminuição da dor e da depressão e aumento da capacidade funcional depois de 10 sessões semanais de treinamento de biofeedback VFC.[201] Demonstrou-se que o biofeedback por eletromiografia (EMG) é modestamente útil na redução da dor em um pequeno estudo com deficiências em sua concepção.[202]​ Mais pesquisas se fazem necessárias.

Medicamentos fitoterápicos/suplementos

Algumas evidências sugerem um benefício potencial de magnésio, L-carnitina, coenzima Q10 e S-adenosilmetionina, embora conclusões definitivas não possam ainda ser tiradas sobre os benefícios destes ou de outros suplementos.[203][204]​​​[205]

Homeopatia

Uma revisão sistemática sobre estudos de homeopatia para redução dos sintomas da fibromialgia encontrou três ensaios clínicos randomizados e controlados por placebo que sugerem um benefício do uso da homeopatia, porém são necessárias pesquisas adicionais.[206]

Hidroterapia

Mais comumente utilizada em países europeus, a hidroterapia, ou o uso de água para fins terapêuticos, vem sendo estudada para a fibromialgia em pequenos ensaios. Balneoterapia (banhos em água medicinal morna ou fria ou lama) ou terapia de spa (banho em água mineral) são formas de hidroterapia. Uma metanálise concluiu que os estudos sobre hidroterapia na fibromialgia são pequenos e de baixa qualidade, mas sugeriu que a hidroterapia pode resultar em reduções modestas da dor, a curto prazo, em pacientes com fibromialgia.[207]​ Uma revisão adicional do tratamento por hidrologia concluiu que as evidências são limitadas, e são necessários ensaios clínicos adicionais para cada aplicação relevante.[208]

Terapias manuais

Há evidência moderada para massagem terapêutica e evidência limitada de baixa qualidade para a manipulação vertebral para ajudar pacientes com fibromialgia.[209][210][211][212]

Qi Gong

Qi Gong é uma terapia de arte marcial que faz parte da medicina tradicional chinesa. Pouca evidência está disponível mas, em um estudo, os pacientes demonstraram reduções significativas na dor e melhoras na capacidade funcional.[213]

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