Cefaleia tensional

A etiologia e a fisiopatologia das cefaleias tensionais não são totalmente compreendidas. No entanto, há evidências que sugerem o envolvimento de fatores periféricos, principalmente dos músculos pericranianos. Estudos demonstraram a proeminência da sensibilidade pericraniana em pacientes com cefaleia tensional episódica e crônica. Além disso, modelos experimentais humanos demonstraram que a sensibilidade pericraniana pode preceder o início dos sintomas de cefaleia.[3]

Fatores genéticos têm sido implicados na etiologia da cefaleia tensional, mas os genes específicos envolvidos são desconhecidos e difíceis de identificar devido à herança multifatorial.[7] Dados de estudos com gêmeos sugerem que a enxaqueca e a cefaleia tensional têm etiologias parcialmente compartilhadas, levantando a possibilidade de uma predisposição genética compartilhada. Fatores genéticos parecem ter uma influência mais importante na cefaleia tensional episódica e crônica frequente em comparação com a cefaleia tensional episódica.[8] Um estudo revelou que parentes de primeiro grau de probandos com cefaleia tensional crônica apresentavam um risco significativamente aumentado de 2.1 a 3.9 vezes de cefaleia tensional crônica em comparação com a população em geral, enquanto os cônjuges não apresentavam aumento do risco.[9] Um estudo com gêmeos de cefaleia tensional episódica concluiu que a influência ambiental é de grande importância para a cefaleia tensional episódica, e um fator genético, se existir, é menor.[10]

O estresse psicológico é um fator desencadeante comum para cefaleia tensional, embora seja mais provável que desencadeie enxaqueca do que a cefaleia tensional. Períodos prolongados de tensão mental ou estresse psicológico podem influenciar a sensibilização central e o desenvolvimento da cefaleia tensional crônica. Padrões de sono perturbados podem desencadear a cefaleia do tipo tensional episódica e insônia, e outros distúrbios do sono estão associados à cefaleia tensional crônica.[11] Pessoas com cefaleias tensionais podem apresentar ansiedade e depressão, mas estas são comórbidas, sem implicar relação de causa e efeito.

A fisiopatologia da cefaleia tensional não é completamente compreendida. Acredita-se que, assim como na enxaqueca, a liberação e a ativação de agentes inflamatórios leva à sensibilização dos aferentes periféricos trigeminais e, finalmente, à hipersensibilidade central.[12] Sugere-se que o principal nociceptor na cefaleia tensional seja a musculatura pericraniana enquanto, na enxaqueca, sejam os vasos sanguíneos e os nociceptores meníngeos. Este conceito ajuda a explicar por que os pacientes frequentemente relatam enxaqueca e cefaleia tensional.[13] Aqueles com cefaleia tensional crônica apresentam estado de hiperalgesia generalizada, sugerindo sensibilização central; estímulos que normalmente são indolores são mal interpretados como dor.[14] Além da sensibilização periférica e central, foi relatado que a modulação descendente da dor comprometida ou alterada desempenha um papel significativo na cefaleia tensional crônica. Fatores periféricos como aumento da sensibilidade, rigidez muscular, possível isquemia local e inflamação também foram implicados. Além disso, descobriu-se que vários neuropeptídeos, óxido nítrico e serotonina estão envolvidos na fisiopatologia. Vale ressaltar que foi demonstrado que a infusão de óxido nítrico desencadeia a cefaleia tensional, enfatizando ainda mais seu papel potencial na doença.[3]

Classificação internacional das cefaleias (ICHD): cefaleia tensional - ICHD-3 (adaptada)[1]

2.1 Cefaleia tensional episódica infrequente
- Associada a sensibilidade pericraniana
- Não associada a sensibilidade pericraniana
2.2 Cefaleia tensional episódica frequente
- Associada a sensibilidade pericraniana
- Não associada a sensibilidade pericraniana
2.3 Cefaleia tensional crônica
- Associada a sensibilidade pericraniana
- Não associada a sensibilidade pericraniana
2.4 Cefaleia tensional provável
- Provável cefaleia tensional episódica infrequente
- Provável cefaleia tensional episódica frequente
- Provável cefaleia crônica tensional

Etiologia

Fisiopatologia

Classificação