História e exame físico

Principais fatores diagnósticos

comuns

hematêmese

A apresentação clássica da laceração de Mallory-Weiss consiste em um pequeno e autolimitado episódio de hematêmese (manchas ou estrias de sangue misturadas ao conteúdo gástrico e/ou muco, enegrecidas ou em "borra de café") após um episódio de esforço para vomitar, tosse, esforços, traumatismo contuso ou qualquer outro fator que aumente a pressão no nível da junção gastroesofágica.[1] Os pacientes também podem apresentar vômitos com sangue vermelho vivo.

No entanto, essa apresentação clássica é obtida em apenas 29% dos pacientes.[55] Outro estudo relatou a presença de sangue na primeira êmese em apenas 50% dos pacientes.[14] Um alto índice de suspeita é imperativo nessas circunstâncias. Já foi descrita hemorragia maciça com necessidade de transfusão sanguínea, levando, inclusive, à morte, mas este é um evento raro na laceração de Mallory-Weiss.[3][4]​​[55]​​

Outros fatores diagnósticos

comuns

vertigem/tontura

Pode ser devido a uma queda súbita da pressão arterial causada por sangramento.

hipotensão postural/ortostática

Observada em até 45% dos adultos com laceração de Mallory-Weiss.[14]

Incomuns

disfagia

Considerada um sintoma alarmante em pacientes acima de 50 anos com um novo episódio de disfagia, naqueles que fumam e consomem bebidas alcoólicas regularmente, naqueles com uma longa história de refluxo esofágico e quando ela é progressiva (primeiro para alimentos sólidos, depois sólidos e líquidos) em um período curto de tempo (semanas ou meses). Esses pacientes necessitam de uma avaliação imediata a fim de determinar a causa exata (que pode ser uma neoplasia do trato gastrointestinal superior) e iniciar a terapia apropriada.

odinofagia

Dor na deglutição de alimentos e líquidos (odinofagia) é possível na laceração de Mallory-Weiss devido à laceração ou ruptura do esôfago.

dor

Grau, localização (retroesternal, epigástrica ou dorsalgia) e característica da dor devem ser obtidos do paciente. A hematêmese na laceração de Mallory-Weiss é, algumas vezes, acompanhada por dor.

O principal diagnóstico diferencial nesse grupo de pacientes é com a síndrome de Boerhaave (ruptura espontânea do esôfago), que pode ter uma apresentação similar.

melena

Geralmente associada à hemorragia digestiva alta proximal ao ligamento de Treitz. Os fatores de confundimento para melena incluem produtos contendo bismuto (por exemplo, Pepto-Bismol) e suplementos de ferro.

hematoquezia

A hematoquezia é rara.

A hematoquezia na laceração de Mallory-Weiss pode ser observada em uma lesão com sangramento ativo em que a rapidez do trânsito impede qualquer digestão de sangue. Portanto, um paciente instável com hematoquezia e outros fatores sugerindo hemorragia digestiva alta necessita de um diagnóstico e tratamento urgentes.

choque

Na maioria dos pacientes, o choque hipovolêmico é secundário ao sangramento rápido. Choque na laceração de Mallory-Weiss é raro.[1]

O choque pode sugerir uma patologia subjacente mais grave, como varizes esofágicas, lesão de Dieulafoy, úlcera péptica com sangramento ativo ou fístula aortoentérica.

sinais de anemia

Raros na laceração de Mallory-Weiss aguda.

Baixa Hb na apresentação pode indicar comorbidades coexistentes. Os sinais de anemia incluem palidez, taquicardia, dispneia e fadiga.

Fatores de risco

Fortes

afecções que predispõem ao esforço para vomitar, vômitos e/ou esforços

As afecções que podem induzir vômitos incluem intoxicação alimentar, gastroenterite ou qualquer doença gastrointestinal que acarrete obstrução; hepatite, cálculos biliares e colecistite; hiperêmese gravídica; infecção do trato urinário, insuficiência renal e obstrução ureteropélvica; tumores cerebrais, hidrocefalia, doença congênita, trauma, meningite, pseudotumor cerebral, cefaleias enxaquecosas e convulsões; anorexia nervosa, bulimia e síndrome dos vômitos cíclicos.[12][17]​​[18][19] Toxinas, lavagem com polietilenoglicol, agentes quimioterápicos e pós-anestesia ou pós-cirurgia também são causas.[20][21][22]

tosse crônica

Pode estar associada à coqueluche, bronquite, bronquiectasia, enfisema, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) ou câncer de pulmão.[23]

hérnia hiatal

Constatou-se a presença de hérnia hiatal em 40% a 100% dos pacientes com laceração de Mallory-Weiss, sendo ela considerada um fator desencadeante.[4][15][16]

esforço para vomitar durante endoscopia ou outra intervenção

A laceração ou ruptura da mucosa no decorrer de uma endoscopia de rotina é um evento raro (0.0001% a 0.4% dos casos).[24][25] No entanto, considera-se ser a causa mais comum de laceração iatrogênica.

Outros procedimentos envolvendo intervenções que podem estar associadas à laceração ou ruptura esofágicas incluem a colocação de sonda nasogástrica ou orogástrica, ligadura endoscópica com banda, colangiopancreatografia retrógrada endoscópica e ultrassonografia endoscópica.[26]

consumo significativo de bebidas alcoólicas

A história de consumo significativo de bebidas alcoólicas e vômitos é comum em pacientes que se apresentam com laceração de Mallory-Weiss. O consumo de bebidas alcoólicas é relatado em 40% a 80% dos pacientes.[11][16][27]

instrumentação prévia

As lacerações de Mallory-Weiss iatrogênicas são raras e geralmente têm uma evolução benigna. Elas tendem a ocorrer principalmente em pacientes que experimentaram esforço para vomitar excessivo, que tiveram dificuldades durante a endoscopia, que estiveram expostos ao endoscópio durante mais tempo e ao influxo de ar excessivo. Elas tendem a acontecer em pacientes do sexo feminino, idosos e com hérnia hiatal.[28][29]

Fracos

idade entre 30 e 50 anos

A maioria dos pacientes tem entre 30 e 50 anos de idade, embora a doença tenha sido relatada em bebês de apenas 3 semanas bem como em idosos.[10][24][30]

sexo masculino

Mais comum em homens que em mulheres em uma proporção de 3:1.[11]

uso de aspirina ou outros anti-inflamatórios não esteroidais

A ingestão de aspirina ou outros anti-inflamatórios não esteroidais foi associada à laceração de Mallory-Weiss.[31][32]

soluços

Soluços têm sido associados a laceração de Mallory-Weiss.[33][34]

trauma abdominal contuso

Um aumento súbito da pressão intraluminal contra uma glote fechada tem sido sugerido como o principal mecanismo para o desenvolvimento da laceração de Mallory-Weiss, embora a patogênese seja incerta.[35] Trauma abdominal contuso é um dos mecanismos pelos quais a pressão intraluminal pode aumentar.

ressuscitação cardiopulmonar

A patogênese exata é incerta, embora a compressão do esôfago entre o esterno e as vértebras seja provavelmente a explicação mais correta.[36]

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