Etiologia
A exposição ao tabaco continua a ser a causa mais importante de câncer pulmonar e na Europa e nos EUA até 90% dos casos de câncer pulmonar são atribuíveis diretamente ao tabagismo.[11] A fumaça do tabaco contém diversos carcinógenos, inclusive hidrocarbonetos aromáticos polinucleares, aminas aromáticas, N-nitrosaminas e outros compostos orgânicos e inorgânicos.[12] Entretanto, por ser um tumor tão comum, é alto o número absoluto de pacientes que desenvolvem câncer pulmonar sem nunca terem fumado.
O câncer pulmonar também já foi relacionado ao gás radônio, um produto radioativo do decaimento do urânio.[13][14] O radônio pode se infiltrar nas residências, a partir do solo abaixo delas. O radônio em si não é perigoso; no entanto, as progênies do seu decaimento emitem partículas alfa que podem danificar o DNA, causando a indução do câncer pulmonar.[12] Menos comumente, fatores ocupacionais, especialmente exposição a asbesto, desempenham um papel significativo na etiologia, e recentemente a poluição do ar mostrou representar algum risco.[15][16][17]
Fisiopatologia
Existem três tipos principais de câncer pulmonar de células não pequenas (CPCNP).
Carcinoma de células escamosas: comumente envolve as vias aéreas centrais e acredita-se que apresente metástases mais tarde na evolução da doença do que o adenocarcinoma; constitui aproximadamente 25% dos cânceres pulmonares.[18]
Adenocarcinoma: tende a se localizar perifericamente no pulmão; o adenocarcinoma é a histologia mais comum do CPCNP e a frequência está aumentando; compreende aproximadamente 39% dos cânceres pulmonares.[18][19]
Carcinoma de grandes células: tumores indiferenciados sem características histológicas típicas de células escamosas ou adenocarcinoma e tendem a surgir centralmente; é responsável por cerca de 8% dos cânceres pulmonares.[18]
O carcinoma sarcomatoide representa um subconjunto raro de CPCNP pouco diferenciado.[20] Em certos casos de CPCNP, não é possível classificar detalhadamente o tumor.
A classificação do adenocarcinoma esclarece a terminologia para lesões pré-malignas e invasivas precoces.[21] A hiperplasia adenomatosa atípica (HAA) é uma lesão pré-maligna que geralmente tem menos de 5 mm de diâmetro e pode aparecer como nódulo em padrão de vidro fosco puro (pGGN) na tomografia computadorizada (TC) ou pode não estar aparente na TC. A HAA é um achado relativamente comum e incidental, presente no tecido pulmonar adjacente para adenocarcinomas removidos em até 23% dos casos. Algumas lesões da HAA podem evoluir (em geral lentamente) para adenocarcinoma in situ (ACIS), e o ACIS pode progredir e se tornar um adenocarcinoma invasivo. O ACIS é uma lesão pré-invasiva que pode medir até 30 mm de diâmetro e aparece tipicamente como pGGN na TC. O primeiro estádio do ACIS para se tornar adenocarcinoma invasivo é denominado adenocarcinoma minimamente invasivo (AMI). O AMI é definido como uma lesão de ACIS dentro do qual há uma área de adenocarcinoma invasivo que mede 5 mm de diâmetro ou menos. O AMI pode estar correlacionado com aspecto de opacidade em vidro fosco na TC dentro do qual há uma área sólida medindo menos de 5 mm.
O carcinoma bronquíolo-alveolar (CBA) é um termo obsoleto que corresponde aproximadamente ao adenocarcinoma com padrão lepídico e é caracterizado pelo crescimento de células tumorais ao longo da superfície das paredes alveolares, chamado de padrão lepídico. O correlato na TC é um nódulo subsólido ou condensação. Quando se apresentam como nódulos subsólidos na TC, o ACIS e o MIA têm um prognóstico excelente com poucas mortes devidas a câncer pulmonar no acompanhamento em longo prazo.[22][23][24] As lesões que mostram invasão tecidual e também um componente de disseminação lepídica não devem ser chamadas de CBA e sim consideradas adenocarcinomas (com um componente lepídico). Podem ocorrer lesões multifocais que revelam um padrão de crescimento lepídico. Alguns desses pacientes apresentarão múltiplos ACIS síncronos e, em geral, pelo menos um adenocarcinoma associado.[25] Alguns casos revelam adenocarcinoma mucinoso (anteriormente conhecido como CBA mucinoso) e podem mimetizar a condensação pneumônica em vez de se apresentar como um nódulo pulmonar solitário típico ou subsólido.[21][25]
Classificação
Classificação de 2021 da Organização Mundial da Saúde para tumores pulmonares[2]
Tumores epiteliais
Papilomas
Papiloma de células escamosas, sem outra especificação (SOE)
Papiloma de células escamosas, invertido
Papiloma glandular
Papiloma misto de células escamosas e glandulares
Adenomas
Pneumocitoma esclerosante
Adenoma alveolar
Adenoma papilar
Adenoma bronquiolar/tumor papilar muconodular ciliado
Cistadenoma mucinoso
Adenoma de células mucosas
Lesões glandulares precursoras
Hiperplasia adenomatosa atípica
Adenocarcinoma in situ
Adenocarcinoma in situ, não mucinoso
Adenocarcinoma in situ, mucinoso
Adenocarcinomas
Adenocarcinoma minimamente invasivo
Adenocarcinoma minimamente invasivo, não mucinoso
Adenocarcinoma minimamente invasivo, mucinoso
Adenocarcinoma não mucinoso invasivo
Adenocarcinoma lepídico
Adenocarcinoma acinar
Adenocarcinoma papilar
Adenocarcinoma micropapilar
Adenocarcinoma sólido
Adenocarcinoma mucinoso invasivo
Adenocarcinoma invasivo misto mucinoso e não mucinoso
Adenocarcinoma coloide
Adenocarcinoma fetal
Adenocarcinoma, tipo entérico
Adenocarcinoma, SOE
Lesões escamosas precursoras
Carcinoma de células escamosas in situ
Displasia escamosa leve
Displasia escamosa moderada
Displasia escamosa grave
Carcinomas de células escamosas
Carcinoma de células escamosas, SOE
Carcinoma de células escamosas, queratinizante
Carcinoma de células escamosas, não queratinizante
Carcinoma de células escamosas basaloide
Carcinoma linfoepitelial
Carcinomas de células grandes
Carcinoma de células grandes
Carcinomas adenoescamosos
Carcinoma adenoescamoso
Carcinomas sarcomatoides
Carcinoma pleomórfico
Carcinoma de células gigantes
Carcinoma de células fusiformes
Blastoma pulmonar
Carcinossarcoma
Outros tumores epiteliais
Carcinoma NUT
Tumor torácico indiferenciado deficiente em SMARCA4
Tumores de glândulas salivares
Adenoma pleomórficos
Carcinoma adenoide cístico
Carcinoma epitelial-mioepitelial
Carcinoma mucoepidermoide
Carcinoma de células claras hialinizante
Mioepitelioma
Carcinoma mioepitelial
Neoplasias pulmonares neuroendócrinas
Lesão precursora
Hiperplasia idiopática difusa de células neuroendócrinas
Tumores neuroendócrinos
Tumor carcinoide, SOE/tumor neuroendócrino, SOE
Tumor carcinoide/neuroendócrino típico, grau 1
Tumor carcinoide/neuroendócrino atípico, grau 2
Carcinomas neuroendócrinos
Carcinoma de células pequenas
Carcinoma de células pequenas combinado
Carcinoma neuroendócrino de células grandes
Carcinoma neuroendócrino de células grandes combinado
Tumores de tecidos ectópicos
Melanoma
Meningioma
Tumores mesenquimais específicos do pulmão
Hamartoma pulmonar
Condroma
Linfangiomatose difusa
Blastoma pleuropulmonar
Sarcoma íntimo
Tumor miofibroblástico peribrônquico congênito
Sarcoma pulmonar mixoide com fusão EWSR1-CREB1
Tumores de células epitelioides perivasculares
Linfangioleiomiomatose
PEComa, benigno
PECcoma, maligno
Tumores hematolinfoides
Linfoma de tecido linfoide associado à mucosa (MALT)
Linfoma difuso de grandes células B, SOE
Granulomatose linfomatoide, SOE
Granulomatose linfomatoide, grau 1
Granulomatose linfomatoide, grau 2
Granulomatose linfomatoide, grau 3
Linfoma intravascular de grandes células B
Histiocitose das células de Langerhans
doença de Erdheim-Chester
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