Abordagem

O diagnóstico correto das lesões de apresentação do SK será facilitado pelo reconhecimento da categoria clínica do paciente (clássico [esporádico]; endêmico [observado na África Subsaariana]; associado ao HIV [anteriormente conhecido como epidêmico ou relacionado à AIDS]; iatrogênico [relacionado ao transplante]) e pela aparência das lesões. O diagnóstico é confirmado por biópsia e histopatologia.[2][4][5][Figure caption and citation for the preceding image starts]: Fotomicrografia da histopatologia do sarcoma de Kaposi mostrando fascículos de células tumorais fusiformes vasoformadoras (coloração de hematoxilina e eosina)Do acervo do Dr. Liron Pantanowitz; usado com permissão [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@25163683

História

Os pacientes podem relatar ocorrências de lesões cutâneas frequentemente acompanhadas por estresse psicológico (ansiedade). As lesões cutâneas geralmente são indolores e não pruriginosas e, portanto, também podem ser assintomáticas.[4] Os tumores no membro inferior podem afetar a marcha. O linfedema nas pernas, genitália e rosto pode ser desfigurante e, às vezes, doloroso. As lesões orais podem sangrar, ulcerar e afetar a mastigação, a fala e a deglutição.

O SK do trato gastrointestinal pode causar perda de peso, dor abdominal, náuseas e vômitos, íleo paralítico, sangramento do trato gastrointestinal superior ou inferior, má absorção, obstrução intestinal e, pouco frequentemente, diarreia.[4] O SK pulmonar pode se manifestar com dispneia, febre, tosse, hemoptise ou dor torácica.[4] O SK também pode ser um achado incidental em pessoas que apresentam ou que estão sendo investigadas para uma afecção subjacente, como infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) ou transplante de órgãos.

A infecção existente por herpes-vírus humano tipo 8 (HHV-8) é necessária para o desenvolvimento de SK. Pessoas com outras doenças relacionadas ao HHV-8, como doença de Castleman multicêntrica e linfoma de efusão primária (LEP), também apresentam risco de desenvolver SK concomitante.[26][Figure caption and citation for the preceding image starts]: Nódulos múltiplos do sarcoma de Kaposi de coloração rosa-arroxeada no membro inferiorDo acervo de Dr. Bruce J. Dezube; usado com permissão [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@1ad5c3b2

Exame

A avaliação inicial de um paciente com SK inclui um exame físico completo com atenção especial a áreas frequentemente afetadas por lesões, como os membros inferiores, face, mucosa oral e genitália.[4][5] Linfonodos devem ser examinados.[2][5] As lesões mucocutâneas e o linfedema podem ser extensos e devem ser documentados.

As lesões cutâneas do SK tipicamente apresentam as seguintes características:[3]

  • Multifocal

  • Distribuição assimétrica

  • Tamanho variado

  • Coloração variada (rosa, vermelha, roxa, marrom ou azul)

  • Nodular

  • Papular

  • Tipo placa

  • Tipo bolhosa

  • Endurecida (lenhosa)

  • Verrucosa

  • Vegetante

  • Ulcerada

  • Infectada.

[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Nódulos múltiplos do sarcoma de Kaposi de coloração rosa-arroxeada no membro inferiorDo acervo de Dr. Bruce J. Dezube; usado com permissão [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@1a59afb5[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Placa marrom-arroxeada do sarcoma de Kaposi no péDo acervo de Dr. Bruce J. Dezube; usado com permissão [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@282efdc

O comprometimento visceral, com ou sem lesões mucocutâneas, deve ser determinado com atenção especificamente direcionada aos linfonodos, trato gastrointestinal e sistema respiratório.

Investigações

Se a sorologia para HIV for desconhecida, um teste de HIV deve ser realizado nos indivíduos que se apresentam com SK.[2][3][5]​ Se o paciente for HIV-positivo, a celularidade de CD4+ T e a carga viral do HIV devem ser obtidas.

Lesões cutâneas clinicamente suspeitas devem ser confirmadas por uma biópsia por punch pequeno de 2-4 mm com histopatologia. Biópsias por punch cutâneo são fáceis de serem realizadas e prontamente ajudam a descartar condições com sintomas semelhantes. A histopatologia revela células fusiformes atípicas características.[36] Técnicas de imuno-histoquímica podem ser usadas para detectar os seguintes marcadores expressos por células lesionais do sarcoma de Kaposi: antígeno nuclear associado a latência-1 (LANA-1, um marcador substituto para HHV-8); CD31/CD34 (imunomarcadores de células endoteliais vasculares) e D2-40 (um imunomarcador de células linfáticas).[37][38] Uma coloração positiva para LANA-1 pode estabelecer o diagnóstico de SK; o CD31 e o CD34 podem ser úteis se não estiver claro se o tumor tem origem vascular.[2][5][38]​​​ A determinação de HHV-8 (reação em cadeia da polimerase) e ensaios para anticorpos contra HHV-8 não costumam ser necessários na prática clínica de rotina, mas podem estar disponíveis de maneira individual.[3][5]

A função da medula óssea, e as funções hepática e renal, deverão ser avaliadas nos pacientes que necessitarem de quimioterapia sistêmica. Obter um hemograma completo e um perfil metabólico abrangente completo faz parte da investigação inicial.[2]

Exames de imagem e investigações subsequentes

A imagem pulmonar com radiografia torácica é útil para rastrear o SK pulmonar nos pacientes com doença avançada ou sintomas respiratórios.[2][5]​​​ A infecção pulmonar concomitante precisa ser descartada. A tomografia computadorizada (TC) do tórax e a broncoscopia podem ser usadas para estabelecer um diagnóstico de SK pulmonar nos pacientes com radiografia torácica anormal.[2][5]​​​ A biópsia das lesões do trato respiratório é relativamente contraindicada devido ao risco de sangramento.[39][40][41]

A linfadenopatia deve ser examinada histologicamente se houver suspeita de um distúrbio coexistente (por exemplo, infecção, linfoma, doença de Castleman multicêntrica).[2][42]​ O exame de sangue oculto nas fezes é útil para rastrear a doença no trato gastrointestinal, se houver suspeita de envolvimento visceral.[2] A endoscopia gastrointestinal e a TC do abdome/pelve em indivíduos sintomáticos não são recomendadas como parte da avaliação de rotina na ausência de deficiência de ferro, sangramento gastrointestinal ou sintomas gastrointestinais.[2][4]​​​​​ A TC, a tomografia por emissão de pósitrons (PET) e a ressonância nuclear magnética (RNM) podem ser úteis para avaliar o SK visceral e nodal profundo, além de lesões ósseas. As lesões ósseas são mais facilmente detectadas por TC e RNM, pois elas frequentemente passam desapercebidas nas radiografias simples ou cintilografias ósseas.[43]

​Se a quimioterapia ou a radioterapia estiverem planejadas, deve-se realizar um exame de gravidez nas pacientes com potencial para engravidar.[5]

[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Fotomicrografia da histopatologia do sarcoma de Kaposi mostrando fascículos de células tumorais fusiformes vasoformadoras (coloração de hematoxilina e eosina)Do acervo do Dr. Liron Pantanowitz; usado com permissão [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@32906d18[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Tomografia computadorizada (TC) do tórax mostrando um padrão reticular devido ao comprometimento pulmonar por sarcoma de KaposiDo acervo de Dr. Bruce J. Dezube; usado com permissão [Citation ends].com.bmj.content.model.Caption@42dff2d7

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