Etiologia
A etiologia continua desconhecida. No entanto, alguns vírus, medicamentos, toxinas exógenas e distúrbios metabólicos foram implicados. Elas incluem:[8]
Infecções virais: gripe (influenza) B (e, menos comumente, gripe [influenza] A), varicela-zóster, parainfluenza, adenovírus, vírus de Coxsackie, citomegalovírus, vírus do herpes simples, ecovírus 2 e vírus Epstein-Barr. Dados do CDC, nos EUA, indicam que, entre pacientes com história de doença viral prévia no período de três semanas antes do início da síndrome de Reye, 73% tiveram gripe, 21% tiveram infecção por varicela-zóster, 14% tiveram gastroenterite viral e 5% tiveram exantema viral.[5]
Medicamentos: ácido acetilsalicílico, antieméticos, ácido valproico, tetraciclinas fora da validade, zidovudina, didanosina e paracetamol. A aspirina é o medicamento classicamente associado à síndrome de Reye, e foi o mais estudado até o momento.[5][13] No entanto, estudos não apoiam claramente nem refutam uma relação de causa e efeito em crianças.[8]
Toxinas: aflatoxina, óleo de margosa, hipoglicina (encontrada no ackee não maduro), diversos pesticidas, polietileno e diversos inseticidas.
Uma resposta atípica a uma infecção viral inicial: nos indivíduos predispostos geneticamente, postula-se que a exposição a certos agentes exógenos desencadeia uma sequência de eventos que causam disfunção mitocondrial.[6]
Erros inatos do metabolismo podem mimetizar a síndrome de Reye. Estes incluem distúrbios do ciclo da ureia, doença de depósito de glicogênio, acidemias orgânicas, deficiência primária de carnitina, intolerância hereditária à frutose e defeitos da oxidação dos ácidos graxos.[4]
Fisiopatologia
A patogênese não está clara, mas uma infecção viral precedente parece ser um fator inicial envolvido na maioria dos casos.[5][14] Em certos indivíduos predispostos geneticamente, essa infecção perturba a função mitocondrial e o metabolismo de lipídeos em diversos órgãos, particularmente o fígado, mas também os rins, o cérebro e os tecidos dos músculos esqueléticos.[6] Células danificadas liberam citocinas e outros mediadores que facilitam as alterações metabólicas e possivelmente sensibilizam os tecidos para outras lesões por fatores exógenos.[6]
Especificamente no fígado, essa insuficiência metabólica causa diminuição da gliconeogênese com aumento da produção de ácidos graxos e amônia. Esse processo pode ser agravado pela introdução de fatores ambientais adicionais, ou por algum distúrbio metabólico subjacente. A hipoglicemia e hiperamonemia resultantes podem causar edema cerebral e aumentar a pressão intracraniana.
Classificação
Sistema Nacional de Vigilância da Síndrome de Reye (EUA) (modificado a partir de Hurwitz)[2]
Estágio 1: letárgico, vômitos
Estágio 2: irritável, delirante, hiper-reflexivo, sinal de Babinski positivo, pupilas dilatadas/lentas, com resposta à dor
Estágio 3: posição decorticada, obnubilado, sem resposta à dor
Estágio 4: posição descerebrada, comatoso, pupilas dilatadas/fixas
Estágio 5: arreflexia, paralisia flácida, pupilas sem resposta, convulsões, insuficiência respiratória
Estágio 6: o paciente não pode ser classificado, pois foi tratado com curare ou outra medicação que altera o nível de consciência.
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