Prevenção primária
A prevenção primária é importante para os pacientes com risco de insuficiência cardíaca (IC; estágio A) e para aqueles com pré-IC (estágio B).[3]
A IC é a via final para uma ampla variedade de processos fisiopatológicos. As intervenções que reduzem o risco de desenvolvimento de qualquer doença cardiovascular irão, consequentemente, reduzir a incidência da IC.[52][53] Portanto, as principais metas da saúde pública são a prevenção do desenvolvimento de causas subjacentes e comorbidades: hipertensão, diabetes, dislipidemia, obesidade (isto é, síndrome metabólica) e cardiopatia isquêmica.
Espera-se que as modificações no estilo de vida, como o aumento da atividade física, a redução do tabagismo e do consumo de bebidas alcoólicas e do uso recreativo de medicamentos, bem como a redução da ingestão de sal diária e o tratamento clínico adequado de doenças consagradas como hipertensão, diabetes e doença arterial coronariana reduzam a insuficiência cardíaca incidente.[3][52][53][54][55]
A US Preventive Services Task Force recomenda que adultos com aumento do risco de doença cardiovascular recebam intervenções de orientação comportamental para promover a adoção de uma dieta saudável e a prática de atividades físicas; os indivíduos que não apresentam alto risco também podem ser considerados para intervenções de orientação comportamental.[56][57]
Prevenção secundária
A modificação dos fatores de risco e o manejo das comorbidades que puderem contribuir para os sintomas são essenciais para prevenir ou protelar o início de insuficiência cardíaca clínica evidente. Os médicos são orientados a:
Monitorar a pressão arterial (PA) tão rigorosamente quanto necessário para cumprir as diretrizes. As diretrizes do American College of Cardiology/American Heart Association recomendaram uma meta de PA de <130 mmHg para pacientes com ICFEP, evitando o uso de nitratos.[152]
Monitorar a volemia (pesagem diária e ajuste da dose do diurético, se necessário).
Buscar a revascularização nos pacientes com doença arterial coronariana (DAC), quando apropriado; aconselha-se tratamento clínico agressivo da isquemia.
Manter controle da frequência cardíaca adequada em pacientes com taquiarritmias (por exemplo, fibrilação atrial); se houver dificuldade na obtenção do controle da frequência cardíaca ou a intensidade dos sintomas relacionados à arritmia for substancial, o controle do ritmo e a manutenção do ritmo sinusal devem ser considerados. A anticoagulação deve ser considerada em todos os pacientes com fibrilação atrial (com base no escore de risco clínico validado, como CHA2DS2-VASc), salvo se contraindicada. O controle muito agressivo da frequência cardíaca (especialmente com betabloqueadores) deve ser evitado, pois os pacientes podem apresentar disfunção significativa do AE com baixo volume sistólico e incapacidade de aumentar o volume sistólico durante o exercício.
Em pacientes com diabetes mellitus do tipo 2, a meta de HbA1c é <7.0% a 7.5% para aqueles com menor carga de comorbidades ou IC menos grave, com metas mais altas para pacientes mais velhos com maior carga de comorbidades ou IC avançada. Inicie o inibidor de SGLT2 como terapia de primeira linha. O agonista do receptor do peptídeo semelhante ao glucagon 1 é uma opção se o paciente tiver obesidade ou alto risco de doença cardiovascular aterosclerótica. Evite o uso de alogliptina, saxagliptina e tiazolidinedionas.[2]
Em pacientes com doença renal crônica, os bloqueadores do sistema renina-angiotensina-aldosterona e os inibidores de SGLT2 podem retardar a progressão da doença renal.[2]
Tratar a apneia obstrutiva do sono, se presente.
Promover a perda de peso nos pacientes com sobrepeso. A perda de peso induzida cirurgicamente pode ser considerada nos pacientes com obesidade mórbida (IMC de 40 ou superior).
Incentivar a interrupção do tabagismo e do consumo de bebidas alcoólicas.
Incentivar o exercício aeróbico regular e considerar a reabilitação cardíaca, quando apropriada. Já se demonstrou que o treinamento físico melhora a capacidade para o exercício, assim como a qualidade de vida, em pacientes com ICFEp.[157]
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