Critérios

Definição e classificação universais da insuficiência cardíaca[1]

Definição

A insuficiência cardíaca é uma síndrome clínica com:

  • Sintomas e/ou sinais vigentes ou prévios de IC causada por uma anormalidade cardíaca estrutural e/ou funcional.

E corroborados por ao menos um destes itens:

  • Peptídeos natriuréticos aumentados

  • Evidência objetiva de congestão pulmonar ou sistêmica.

Estágios da insuficiência cardíaca:

  • Em risco de IC (estágio A): inclui pacientes sem sintomas ou sinais vigentes ou prévios de IC, alterações cardíacas estruturais ou biomarcadores de cardiopatia elevados, mas que apresentam risco de IC

  • Pré-IC (estágio B): inclui pacientes sem sintomas ou sinais vigentes ou prévios de IC, mas com evidências de cardiopatia estrutural, função cardíaca anormal ou peptídeo natriurético ou troponina cardíaca elevados

  • IC (estágio C): inclui pacientes com sintomas e/ou sinais vigentes ou prévios de IC causada por uma anormalidade cardíaca estrutural e/ou funcional.

  • IC avançada (estágio D): inclui pacientes com sintomas e/ou sinais graves de IC em repouso, hospitalizações recorrentes apesar de uma terapia medicamentosa orientada por diretrizes (TMOD), refratários ou intolerantes à TMOD, que precisam de terapias avançadas, como a consideração de transplante, suporte circulatório mecânico, ou cuidados paliativos.

Classificação da fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE):

  • Insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida (ICFEr): insuficiência cardíaca sintomática com FEVE <40%.

  • Insuficiência cardíaca com fração de ejeção levemente reduzida (ICFElr): insuficiência cardíaca com FEVE de 41% a 49% (previamente chamada de insuficiência cardíaca com fração de ejeção intermediária)

  • Insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada (ICFEp): insuficiência cardíaca com FEVE ≥50%

  • Insuficiência cardíaca com fração de ejeção aprimorada (ICFEa): insuficiência cardíaca com FEVE basal de ≤40%, um aumento de ≥10 pontos a partir da FEVE basal, e uma segunda medição da FEVE de >40%.

American Heart Association/American College of Cardiology/Heart Failure Society of America[3]

Estágios da insuficiência cardíaca:

  • Em risco de IC (estágio A): inclui pacientes sem sinais ou sintomas vigentes ou prévios de IC, alterações cardíacas estruturais ou funcionais, ou biomarcadores anormais, mas que apresentam risco de IC (por exemplo, hipertensão, doença cardiovascular, obesidade, história familiar ou variante genética para cardiomiopatia, exposição a agentes cardiotóxicos).

  • Pré-IC (estágio B): inclui pacientes sem sintomas ou sinais vigentes ou prévios de IC, mas com evidências de cardiopatia estrutural; aumento das pressões de enchimento; ou fatores de risco com peptídeo natriurético ou troponina cardíaca elevados, na ausência de diagnósticos alternativos.

  • IC sintomática (estágio C): inclui pacientes com sintomas e/ou sinais vigentes ou prévios de IC.

  • IC avançada (estágio D): inclui pacientes com sintomas acentuados de IC que interferem na vida cotidiana e com hospitalizações recorrentes, apesar de tentativas de se otimizar a terapia medicamentosa orientada por diretrizes (TMOD).

ICFEP: FEVE ≥50% com evidência de aumento espontâneo ou provocável das pressões de enchimento do VE (por exemplo, peptídeo natriurético elevado, medição hemodinâmica invasiva e não invasiva). Limiares sugeridos para evidências de pressões de enchimento aumentadas:

  • E/e′ Média ≥15

  • e′ Septal <7 cm/s

  • e′ Lateral <10 cm/s

  • Velocidade TR >2.8 m/s

  • Pressão arterial sistólica estimada >35 mmHg

  • BNP ≥35 nanogramas/L (≥35 picogramas/mL)*

  • NT-pro-BNP ≥125 nanogramas/L (≥125 picogramas/mL)*

*Os cortes fornecidos para os níveis de peptídeo natriurético podem ter menor especificidade, especialmente em pacientes idosos ou em pacientes com fibrilação atrial ou doença renal crônica. Normalmente, valores de corte mais altos são recomendados para o diagnóstico de insuficiência cardíaca nesses pacientes.

2021 European Society of Cardiology Diretrizes para diagnóstico, avaliação e tratamento da insuficiência cardíaca aguda e crônica[4]

Critérios de diagnóstico da ICFEp:

  1. Sintomas e sinais de insuficiência cardíaca

  2. Uma FEVE ≥50%*

  3. Evidência objetiva de anormalidades cardíacas estruturais e/ou funcionais consistentes com a presença de disfunção diastólica do ventrículo esquerdo/aumento das pressões de enchimento do ventrículo esquerdo, incluindo peptídeos natriuréticos elevados.

    • Índice de massa VE ≥95 g/m² (mulheres), ≥115 g/m² (homens)

    • Espessura relativa da parede >0.42

    • Índice de volume do AE >34 mL/m² (ritmo sinusal)

    • Relação E/e' em repouso >9

    • NT-pro-BNP >125 (ritmo sinusal) ou >365 (fibrilação atrial) nanogramas/L (>125 ou >365 picogramas/mL)

    • BNP >35 (ritmo sinusal) ou >105 (fibrilação atrial) nanogramas/L (>35 ou >105 picogramas/mL)

    • Pressão arterial sistólica estimada >35 mmHg

    • Velocidade TR >2.8 m/s

    *Pacientes com uma história de FEVE manifestamente reduzida (≤40%), que mais tarde apresentam FEVE ≥50%, devem ser considerados como recuperados da ICFEr ou "insuficiência cardíaca com melhora da FEVE" (em vez de ICFEp).

Classificação funcional da New York Heart Association[59]

Fornece uma maneira fácil de classificar pacientes dependendo de suas limitações físicas e tem sido documentado como preditor de prognóstico.[75]

  • Classe I: doença cardíaca sem limitação de atividade física; atividade física habitual não causa fadiga, palpitações nem dispneia indevidas

  • Classe II: doença cardíaca resultando em limitação de atividade física leve; confortável ao repouso; atividade física habitual resulta em fadiga, palpitações ou dispneia

  • Classe III: doença cardíaca resultando em limitação de atividade física acentuada; confortável ao repouso; atividade física suave causa fadiga, palpitações ou dispneia

  • Classe IV: doença cardíaca resultando em incapacidade de realizar qualquer atividade física sem desconforto; sintomas de insuficiência cardíaca no repouso; se qualquer atividade física for realizada, o desconforto aumenta.

Critérios de Framingham para o diagnóstico de IC congestiva[76]

Os critérios de Framingham para o diagnóstico de IC congestiva foram determinados antes do uso disseminado da avaliação das disfunções sistólica e diastólica por ecocardiografia. Há mais de 40 anos, os critérios clínicos de Framingham têm sido extremamente úteis para a identificação de pacientes com IC, na prática clínica e nos estudos epidemiológicos. No entanto, como a sua especificidade é maior que a sua sensibilidade, sabe-se que provavelmente casos leves de IC passarão despercebidos. Para se chegar a um diagnóstico definitivo de IC congestiva o paciente precisa ter dois critérios maiores ou uma combinação de um critério maior e dois critérios menores.

Critérios primários:

  • Distensão jugular

  • Estertores

  • Edema pulmonar agudo

  • B3 em galope

  • Pressão venosa aumentada acima de 16 cm de água

  • Tempo de circulação acima de 25 segundos

  • Refluxo hepatojugular

  • Cardiomegalia

  • Dispneia paroxística noturna ou ortopneia.

Critérios secundários:

  • Edema de tornozelo

  • Tosse noturna

  • Dispneia ao esforço

  • Hepatomegalia

  • Derrame pleural

  • Menos de um terço da capacidade vital máxima

  • Taquicardia (frequência cardíaca >120 bpm).

Critério primário ou secundário:

  • Perda de peso maior que 4.5 kg em 5 dias em resposta ao tratamento.

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