Etiologia
Embora geralmente seja idiopática, a doença de lesão mínima (DLM) pode ser secundária a determinadas condições, como linfoma de Hodgkin, leucemia e, raramente, infecção por hepatite B ou C. Além disso, é importante considerar o papel da DLM em relação à síndrome nefrótica (SN). Em um estudo internacional de 1967 e 1974, a DLM foi a lesão histopatológica mais frequentemente observada da SN infantil.[13] Alguns estudos sugeriram que há uma prevalência global cada vez maior de glomeruloesclerose segmentar focal como uma causa de SN em crianças (18% a 22%). Outros investigadores acreditam que a DLM continua sendo a causa principal.[12][14][15][16][17]
Fisiopatologia
Embora a patogênese exata da doença de lesão mínima (DLM) não seja conhecida, a fisiopatologia da síndrome nefrótica (SN) é indiretamente responsável pelos mecanismos que estão por trás da DLM.
Na SN, um aumento na permeabilidade glomerular às proteínas é o principal processo patológico que resulta na proteinúria intensa. Embora a patogênese da SN primária não seja clara, algumas evidências sugerem que a disfunção do sistema imunológico desempenha um papel importante no desenvolvimento.[18] A observação de que uma doença viral (com exceção do sarampo) pode preceder a manifestação inicial ou, em muitos casos, uma recidiva em pacientes previamente diagnosticados com síndrome nefrótica e a associação da SN a distúrbios imunológicos primários como linfoma e leucemia apoiam essa hipótese.[19][20] Por outro lado, observou-se que o sarampo suprime a imunidade celular e, ao fazê-lo, induz a remissão de SN.[21] Além disso, administrar agentes imunossupressores como corticosteroides e inibidores de calcineurina pode resultar em remissão.[1]
Na DLM, nenhuma alteração estrutural é observada na unidade de filtração à microscopia óptica. No entanto, com a microscopia eletrônica observa-se obliteração dos processos podais das células epiteliais (podócitos).
Nos últimos anos, vários genes dos podócitos foram identificados como uma causa de defeitos glomerulares primários decorrentes de mutações genéticas. As mutações em podócitos ou proteínas do diafragma da fenda (por exemplo, CD2AP, podocina e nefrina) são encontradas nas formas hereditárias de SN congênita, infantil ou resistente a glicocorticoides.[22] Uma revisão de dados de biópsia renal ao longo de um período de 10 anos provenientes de um único centro aponta para variações regionais e étnicas nas doenças glomerulares com influência genética ou ambiental na patogênese.[23]
Classificação
Síndrome nefrótica
Não existe nenhuma classificação específica para a doença de lesão mínima (DLM), mas, por ser a forma mais comum de síndrome nefrótica (SN) em crianças, a classificação de SN é considerada importante.
Primária (idiopática)[1][2]
A lesão glomerular patológica é limitada aos rins. Esse grupo é dividido em pessoas que têm sedimento benigno na urina e nenhuma inflamação glomerular na biópsia e pessoas com sedimento ativo na urina e inflamação glomerular na biópsia renal:
Condições primárias com sedimento urinário benigno
DLM
Glomeruloesclerose segmentar focal (GESF)
Nefropatia membranosa.
Condições primárias com inflamação glomerular e sedimento urinário ativo
Glomerulonefrite membranoproliferativa
Nefropatia por imunoglobulina A (IgA).
Secundária[1][2]
Associada a doenças sistêmicas ou secundária a outro processo que causa lesão glomerular.
Condições secundárias com sedimento urinário benigno
Malignidade (nefropatia membranosa)
Doença falciforme (GESF)
Cicatrização renal ou hipoplasia (GESF).
Condições secundárias com inflamação glomerular e sedimento urinário ativo
Lúpus eritematoso sistêmico (nefropatia membranosa mais comum)
Glomerulonefrite pós-infecciosa.
Condições secundárias associadas a uma vasculite
Púrpura de Henoch-Schönlein
Granulomatose com poliangiite
Poliangiite microscópica.
Causas secundárias associadas a infecções
Hepatite B, C
Infecção por vírus da imunodeficiência humana (HIV)-1.
Causas secundárias associadas a doença maligna
Linfoma (DLM)
Leucemia.
Genética[1][2]
Grupo de doenças hereditárias que têm defeitos do complexo proteico do diafragma da fenda dentro da membrana basal e, portanto, estão associadas à SN.
SN congênita do tipo finlandês
GESF
Síndrome de Denys-Drash (esclerose mesangial difusa).
Outra[1][2]
Adaptação à redução de néfrons com hiperfiltração glomerular
Oligomeganefronia
Obesidade.
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