Algoritmo de tratamento

Observe que as formulações/vias e doses podem diferir entre nomes e marcas de medicamentos, formulários de medicamentos ou localidades. As recomendações de tratamento são específicas para os grupos de pacientes:ver aviso legal

AGUDA

Multibacilar (MB) ou paucibacilar (PB): sem resistência à rifampicina ou fluoroquinolona

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1ª linha – 

Terapia polimedicamentosa padrão da Organização Mundial da Saúde (OMS): esquema com três medicamentos

A OMS recomenda o mesmo esquema de três medicamentos para todos os pacientes com hanseníase, independente de terem hanseníase MB (≥6 lesões) ou hanseníase PB (1-5 lesões). Os cartuchos com blíster da terapia polimedicamentosa contêm rifampicina, dapsona e clofazimina. A única diferença é que os pacientes com hanseníase PB são tratados por, pelos menos, 6 meses, enquanto os pacientes com hanseníase MB são tratados por, pelo menos, 12 meses.[34]

A infectividade se torna insignificante após o início da terapia contendo rifampicina.[30]

Se ocorrerem efeitos tóxicos ou resistência, deve-se usar um esquema alternativo. Dapsona deve ser interrompida se ocorrerem efeitos tóxicos graves; não são necessárias modificações adicionais.

Opções primárias

rifampicina: 600 mg por via oral uma vez ao mês

e

clofazimina: 50 mg por via oral uma vez ao dia associados a 300 mg adicionais uma vez ao mês

e

dapsona: 100 mg por via oral uma vez ao dia

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2ª linha – 

esquema antibiótico alternativo como parte do esquema de terapia polimedicamentosa

Os pacientes que não podem tomar algum medicamento de primeira linha devido aos efeitos adversos, contraindicações ou doenças intercorrentes podem substituí-lo por uma fluoroquinolona (por exemplo, ofloxacino, levofloxacino, moxifloxacino), minociclina ou claritromicina como parte do esquema polimedicamentoso.[34][44][45][46]

As fluoroquinolonas foram associadas a efeitos adversos, inclusive tendinite, ruptura de tendão, artralgia, neuropatias, outros efeitos no sistema nervoso ou musculoesquelético, dissecção da aorta, hipoglicemia significativa e efeitos adversos relativos à saúde mental.[37][38][39]

Opções primárias

minociclina: 100 mg por via oral uma vez ao dia

ou

claritromicina: 500 mg por via oral uma vez ao dia

ou

ofloxacino: 400 mg por via oral uma vez ao dia

ou

levofloxacino: 500 mg por via oral uma vez ao dia

ou

moxifloxacino: 400 mg por via oral uma vez ao dia

Multibacilar (MB) ou paucibacilar (PB): resistência à rifampicina ± fluoroquinolona

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1ª linha – 

Terapia polimedicamentosa alternativa da Organização Mundial da Saúde (OMS): esquema com três medicamentos

Em caso de hanseníase resistente a rifampicina, a OMS recomenda o uso de dois medicamentos de segunda linha - fluoroquinolona (por exemplo, ofloxacino, levofloxacino, moxifloxacino), minociclina ou claritromicina - durante 6 meses, seguidos de um medicamento de segunda linha por mais 18 meses. Eles devem ser administrados em associação com clofazimina durante toda a duração do tratamento.[34]

Em caso de resistência à rifampicina e fluoroquinolona, os pacientes podem ser tratados com claritromicina e minociclina por 6 meses, seguidas de claritromicina ou minociclina por mais 18 meses, em associação com clofazimina durante toda a duração do tratamento.[34]

As fluoroquinolonas foram associadas a efeitos adversos, inclusive tendinite, ruptura de tendão, artralgia, neuropatias, outros efeitos no sistema nervoso ou musculoesquelético, dissecção da aorta, hipoglicemia significativa e efeitos adversos relativos à saúde mental.[37][38][39]

Opções primárias

minociclina: 100 mg por via oral uma vez ao dia

ou

claritromicina: 500 mg por via oral uma vez ao dia

ou

ofloxacino: 400 mg por via oral uma vez ao dia

ou

levofloxacino: 500 mg por via oral uma vez ao dia

ou

moxifloxacino: 400 mg por via oral uma vez ao dia

--E--

clofazimina: 50 mg por via oral uma vez ao dia

CONTÍNUA

reação do tipo 1 (reação reversa)

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1ª linha – 

prednisolona associada a terapia polimedicamentosa continuada

A reação do tipo 1 (reação reversa) é uma emergência médica que pode aumentar a morbidade relacionada à hanseníase. É importante que ela seja reconhecida e tratada para reduzir o ônus da incapacidade na hanseníase. Ela tem sido observada com mais frequência em pacientes com hanseníase dimorfa-tuberculoide (BT), hanseníase dimorfa-dimorfa (BB), hanseníase dimorfa-lepromatosa (BL) e hanseníase lepromatosa (LL). As lesões cutâneas existentes tornam-se eritematosas e edematosas. Dor espontânea nos nervos, sensibilidade, parestesias e/ou perda da função do nervo (por mão em garra, pé caído, paralisia facial) também são comumente associadas a ela. Sintomas sistêmicos são incomuns. É, muitas vezes, incorretamente considerada uma complicação da terapia polimedicamentosa.

A prednisolona proporciona rápido alívio sintomático e ajuda a reverter o comprometimento funcional do nervo. O esquema deve ser adaptado individualmente com base na presença ou não de sensibilidade no nervo ou deficits motores ou sensitivos. Os sintomas devem ser reavaliados a cada 2 semanas. Se a função dos nervos melhorar, a dose poderá ser reduzida lentamente ao longo dos próximos 3 meses.[42]

Opções primárias

prednisolona: 0.5 a 1 mg/kg por via oral uma vez ao dia

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Considerar – 

ciclosporina ou metotrexato

Tratamento adicional recomendado para ALGUNS pacientes no grupo de pacientes selecionado

O uso de corticosteroides em longo prazo envolve o risco de efeitos adversos, exigindo o uso de agentes poupadores de corticosteroides, como o metotrexato ou a ciclosporina.[43] A monoterapia com metotrexato ou ciclosporina pode ser uma opção alternativa.[41]

Opções primárias

ciclosporina: consulte um especialista para obter orientação quanto à dose

ou

metotrexato: consulte um especialista para obter orientação quanto à dose

reação do tipo 2 (eritema nodoso hansênico)

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1ª linha – 

talidomida ou prednisolona ou clofazimina ou metotrexato associados a terapia polimedicamentosa continuada

A reação do tipo 2 (eritema nodoso hansênico) é uma emergência médica que pode aumentar a morbidade relacionada à hanseníase. É importante que ela seja reconhecida e tratada para reduzir o ônus da incapacidade na hanseníase. É observada com maior frequência em pacientes com BL e LL. É caracterizada pelo rápido aparecimento de grupos de nódulos subcutâneos eritematosos doloridos que podem sofrer ulceração. Pode ocorrer desenvolvimento de neurite. Características sistêmicas são comuns (febre, mal-estar, anorexia), bem como artralgias, orquite, epididimite e irite. É, muitas vezes, incorretamente considerada uma complicação da terapia polimedicamentosa.

O tratamento de primeira escolha atual, a talidomida, é extremamente efetivo na melhora dos sintomas. No entanto, devido à sua teratogenicidade, a talidomida deve ser evitada nas mulheres que puderem engravidar. O tratamento dessa população específica continua a ser um desafio. Pode-se usar a prednisolona. O uso de corticosteroides em longo prazo envolve o risco de efeitos adversos, exigindo o uso de agentes poupadores de corticosteroides, como o metotrexato.[43] Embora a combinação de talidomida e prednisolona esteja aprovada para o tratamento do eritema nodoso hansênico associado à neurite, ela deve ser evitada por conta do aumento do risco de trombose venosa profunda.

Doses mais altas de clofazimina como parte de um esquema polimedicamentoso podem ser uma opção para pessoas que não podem tomar talidomida, mas seu efeito completo não é observado até 4 a 6 semanas após o início do tratamento. [ Cochrane Clinical Answers logo ]

O metotrexato em monoterapia pode ser uma opção alternativa.[41]

Opções primárias

talidomida: 100-400 mg por via oral uma vez ao dia

Opções secundárias

prednisolona: 0.5 a 1 mg/kg por via oral uma vez ao dia

ou

prednisolona: 0.5 a 1 mg/kg por via oral uma vez ao dia

e

metotrexato: consulte um especialista para obter orientação quanto à dose

Opções terciárias

clofazimina: 300 mg por via oral uma vez ao dia por 1 mês, reduzidos gradualmente para 100 mg por via oral uma vez ao dia ao longo dos 12 meses seguintes como parte de um esquema polimedicamentoso

ou

metotrexato: consulte um especialista para obter orientação quanto à dose

Fenômeno de Lúcio

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1ª linha – 

prednisolona associada a terapia polimedicamentosa

O fenômeno de Lúcio é uma reação imunológica relativamente rara. Ele ocorre na hanseníase lepromatosa difusa não nodular (lepra bonita). Foi associado a uma espécie diferente denominada Mycobacterium lepromatosis.[4] É caracterizado por grupos de infartos cutâneos hemorrágicos, assim como placas, que se tornam necróticas e ulceradas, deixando cicatrizes atróficas. Sintomas sistêmicos são incomuns.

Se ainda não estiverem sob terapia polimedicamentosa, os pacientes deverão começar a tomar medicações para hanseníase lepromatosa. Além disso, deve-se iniciar corticosteroides e reduzi-los gradualmente durante meses.

Opções primárias

prednisolona: 0.5 a 1 mg/kg por via oral uma vez ao dia

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