Abordagem
Em países com hanseníase endêmica, o diagnóstico é feito com base no exame clínico. Entretanto, ferramentas laboratoriais são úteis para confirmar o diagnóstico e obter uma classificação precisa.
História
Familiares com hanseníase, morar em país endêmico, histórico de viagens recentes e contato com indivíduos com hanseníase não tratada são elementos importantes a serem considerados. Acredita-se que o período médio de incubação seja de 3 a 5 anos, embora tenha sido relatado um período mínimo de apenas algumas semanas, com base na ocorrência de hanseníase entre lactentes jovens.[31] O período máximo de incubação já relatado é de ≥30 anos, conforme observado entre veteranos de guerra conhecidos por terem sido expostos por períodos curtos em áreas endêmicas, mas que moram em áreas não endêmicas.
Exame físico
As lesões cutâneas podem ser únicas ou múltiplas e podem ser hipopigmentadas ou eritematosas. Pode-se observar uma variedade de lesões cutâneas, mas máculas, pápulas ou nódulos são comuns. A doença também pode ocorrer com diversas placas infiltradas ou com uma infiltração cutânea difusa. A perda sensitiva é uma característica típica da hanseníase; a lesão cutânea mostra perda de sensibilidade à dor e/ou sensibilidade tátil.
O exame físico deve incluir palpação dos nervos periféricos. Podem estar presentes sensibilidade, parestesias ou espessamento de um nervo. Os mais comumente envolvidos são os nervos ulnar, cutâneo radial, mediano, poplíteo, tibial e auricular magno. Dormência dos membros e perda da função do nervo (evidenciado por mãos em garra, pé caído, paralisia facial) também podem estar presentes.
A hanseníase neural pura é uma apresentação rara da hanseníase e é encontrada em 5% a 20% dos pacientes.[32] Os pacientes apresentam neuropatia sem evidências de lesões cutâneas.[33]
[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Hanseníase paucibacilar (PB; tuberculoide dimorfa)OMS [Citation ends].[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Hanseníase multibacilar (MB) inicialOMS [Citation ends].
[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Hanseníase paucibacilar (PB): tuberculoide (TT)OMS [Citation ends].
[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Nódulos de hanseníase multibacilar (MB)OMS [Citation ends].
Investigações
O exame baciloscópico do raspado intradérmico (baciloscopia) com coloração de Wade-Fite pode ser realizado, quando disponível. Bacilos de hanseníase em formato de bacilo e coloração vermelha podem ser observados nos pacientes multibacilares. Sempre que possível, a histopatologia por meio de uma biópsia de pele pode ser valiosa para se obter um diagnóstico diferencial e uma classificação detalhada da doença. A biópsia de nervo pode ser realizada nos casos de hanseníase neural pura.
A reação em cadeia da polimerase pode ser usada para detectar o DNA do Mycobacterium leprae no tecido. Ela é útil para diagnosticar hanseníase lepromatosa (LL), mas é menos sensível para diagnosticar hanseníase tuberculoide (TT) ou hanseníase dimorfa-tuberculoide (BT).
Reações imunológicas
Dois tipos de reações afetam 30% a 50% dos pacientes com lepra: reação do tipo 1 (reação reversa) e reação do tipo 2 (eritema nodoso hansênico). Essas reações são, muitas vezes, incorretamente consideradas complicações da terapia polimedicamentosa. As reações são emergências médicas que podem aumentar a morbidade relacionada à hanseníase. Por isso, é importante reconhecê-las especificamente e tratá-las para reduzir o ônus da incapacidade na hanseníase.
Uma terceira reação, conhecida como fenômeno de Lúcio, é relativamente rara. Reações imunológicas podem ocorrer a qualquer momento, antes, durante ou após o tratamento.[5]
Reação do tipo 1 (reação reversa)
Ocorre mais comumente na hanseníase dimorfa-tuberculoide (BT), na dimorfa-dimorfa (BB), na dimorfa-lepromatosa (BL) e na lepromatosa (LL)
As lesões cutâneas existentes tornam-se eritematosas e edematosas
Sintomas sistêmicos são incomuns
Neurite: dor espontânea nos nervos, sensibilidade, parestesias e/ou perda da função do nervo (evidenciada por mão em garra, pé caído, paralisia facial) também podem estar presentes.
Reação do tipo 2 (eritema nodoso hansênico)
Ocorre com mais frequência na BL e na LL
Rápido aparecimento de grupos de nódulos subcutâneos eritematosos doloridos que podem sofrer ulceração
Febre, mal-estar, anorexia
Artralgias
Orquite, epididimite, irite
Neurite.
Fenômeno de Lúcio
Ocorre na hanseníase lepromatosa difusa não nodular (lepra bonita); foi associada a uma espécie diferente denominada M lepromatosis[4]
Grupos de infartos hemorrágicos na pele e placas, que se tornam necróticas e ulceradas
Cicatrizes atróficas remanescentes
Sintomas sistêmicos são incomuns.
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