Etiologia
A maioria dos casos de esporotricose é causada pelo complexo Sporothrix schenckii, que engloba um grupo de fungos dimórficos, incluindo o S schenckii sensu stricto, S pallida, S globosa, S mexicana e S brasiliensis. Ele é encontrado abundantemente no solo, madeira, musgo esfagno, espinhos, vegetação em decomposição e feno.[1][2] Animais (zoonóticos: gatos, tatus, cães, roedores, insetos) também podem ser a fonte do organismo infeccioso. No ambiente, a temperaturas de 25 °C a 30 °C (77 °F a 86 °F), o S schenckii é um bolor dematiáceo com conídios hialinos ou negros arranjados ao longo de delicadas estruturas hifais com aparência semelhante à de buquês. In vivo nos tecidos de pacientes, em temperaturas de 37 °C (98.6 °F), o S schenckii existe na forma de levedura com formato oval ou de bastão com 3 a 5 micrômetros.
S luriei, S cyanescens e S globosa foram relatados como causa de apenas uma minoria de casos de esporotricose.[2][16] O S brasiliensis é notável por ser a única espécie de Sporothrix com reservatório animal (gatos), ao invés do reservatório em plantas e por sua capacidade de ser transmitido de animal para animal. Milhares de casos em gatos e humanos ocorreram no Brasil, começando na região sudeste do país.[17] O sequenciamento do DNA é necessário para distinguir o S. brasiliensis de outras espécies de Sporothrix.[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Forma de bolor de Sporothrix schenckii que exibe conídios arranjados em uma aparência característica semelhante a um "buquê" ao longo de delicadas estruturas hifais, tipicamente encontrada no ambiente a 25 °C a 30 °C (77 °F a 86 °F)Do acervo do Dr. Mihalis Lionakis e do Dr. John E. Bennett [Citation ends].[Figure caption and citation for the preceding image starts]: Forma de levedura de Sporothrix schenckii em formato oval ou de bastão tipicamente encontrada in vivo em tecidos de pacientes a 37 °C (98.6 °F)Do acervo do Dr. Mihalis Lionakis e do Dr. John E. Bennett [Citation ends].
Fisiopatologia
O Sporothrix schenckii tem fatores virulentos, como a melanina (para a captação de radicais livres), proteases extracelulares (para invasão de tecido) e a capacidade de se multiplicar em altas temperaturas de 37 °C (98.6 °F) (termotolerância).[13] Algumas cepas de S schenckii não crescem a temperaturas maiores que 35 °C (95 °F). Essas cepas termointolerantes parecem ser incapazes de causar comprometimento linfático e visceral e, portanto, foram encontradas apenas em pacientes com esporotricose cutânea fixa, mas não naqueles com a doença extracutânea ou linfocutânea.[18]
Neutrófilos, monócitos/macrófagos, células dendríticas, mastócitos e ceratinócitos parecem atuar na apresentação de respostas imunes anti-Sporothrix; a sinalização mediada por receptores do tipo Toll 2 e 4 (TLR-2 e TLR-4) parece importante nos ceratinócitos e macrófagos.[19][20][21][22] Além disso, as respostas imunes mediadas por células T CD4+ são importantes na limitação da extensão da infecção, já que os pacientes com HIV tipicamente desenvolvem doença linfocutânea ou extracutânea de forma mais grave e extensiva.[1][23] A função dos linfócitos T CD4+ na defesa do hospedeiro contra a esporotricose também é ilustrada pela formação de granuloma nas lesões da esporotricose que contêm linfócitos T auxiliares do tipo 1 (TH1) produtores de gamainterferona.[24] Dessa forma, por causa da natureza granulomatosa da resposta imune, casos de esporotricose ocasionalmente foram diagnosticados de maneira errônea como sarcoidose.[25] Por outro lado, a imunidade humoral não parece conferir proteção contra a esporotricose.
A maioria das infecções humanas surge quando o S schenckii é traumaticamente inoculado na pele. Em ocasiões raras, os conídios de Sporothrix podem ser aerossolizados do solo ou de vegetação seca e inalados, causando esporotricose pulmonar isolada. O fungo também pode se disseminar por via hematogênica e causar doença meníngea ou osteoarticular isoladamente (a doença osteoarticular também pode se desenvolver secundariamente à disseminação contígua a partir de uma infecção linfocutânea sobrejacente), em hospedeiros normais, ou infecção disseminada extensiva, em indivíduos imunocomprometidos.[1][2]
Classificação
Local de infecção/manifestação clínica[1][2][3]
Esporotricose cutânea
Esporotricose linfocutânea
Esporotricose cutânea fixa (placa).
Esporotricose extracutânea
Esporotricose osteoarticular
Esporotricose pulmonar
Esporotricose meníngea
Esporotricose disseminada
Outras apresentações menos comuns (por exemplo, laríngea, ocular).
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