Prevenção primária

Os métodos de prevenção são muito efetivos para deter a mortalidade e a morbidade associadas a golpes de calor.[13] Populações vulneráveis devem ser aconselhadas a manter hidratação adequada, evitar exposição ao calor, vestir roupas soltas e de cor clara e monitorar seu nível de esforço físico. Os atletas devem ser aconselhados a se aclimatar por pelo menos 3 a 4 dias antes de se exercitar no calor. Como uma lesão por calor libera uma cascata inflamatória que pode aumentar o risco nos dias subsequentes, os pacientes devem minimizar a exposição ao calor por 24 a 48 horas após uma lesão leve.

Medidas baseadas na comunidade

  • Médicos e outros funcionários da saúde pública devem tomar medidas para instruir seus pacientes, especialmente aqueles com pouco acesso a ar-condicionado ou que apresentam obstáculos cognitivos para o autocuidado. A maioria das pessoas que sofrem golpe de calor nos EUA são idosos que residem em ambientes urbanos. Estudos demográficos identificaram fatores de risco para morte, incluindo condições médicas preexistentes, como cardiopatia, doença pulmonar ou transtorno mental. Em um estudo de caso-controle de mortes durante uma onda de calor em Chicago, EUA, o isolamento social foi o fator de risco mais importante.[14] Mesmo pacientes que mantinham contato regular com agências de saúde domiciliar tinham um aumento do risco. Fatores de proteção fundamentais incluíam acesso a ar-condicionado.

  • Recomendações e programas para proteger populações vulneráveis do calor podem estar inadequados. Por exemplo, embora muitas cidades nos EUA deem ventiladores a populações em risco a fim de evitar mortes por calor, eles são inadequados em extremos de calor e umidade, pois a ausência de um gradiente temperatura/umidade sob condições extremas impede o resfriamento evaporativo e convectivo.[14] Embora médicos rotineiramente defendam o consumo adequado de fluidos, pacientes em maior risco têm obstáculos cognitivos e farmacológicos significativos para alcançar um equilíbrio hídrico positivo. Portanto, nos EUA, foi proposto que sejam instalados abrigos térmicos baseados na comunidade e que enfermeiros recrutem ativamente pacientes vulneráveis para ocupar os abrigos durante períodos perigosamente quentes.[15] Centros comunitários, museus e locais de culto também podem atuar como refúgios térmicos.

  • A divulgação de informações sobre os perigos do calor também é crucial. Sistemas de alerta precoce usando emissões de rádio e jornais locais reduziram as mortes relacionadas ao calor nas cidades dos EUA.[16]

Prevenção secundária

Os pacientes com uma história de golpe de calor podem ter mais probabilidade de ter golpe de calor novamente. O teste de estresse térmico pode ajudar a quantificar os riscos.[44] Adultos com golpe de calor devem adiar quaisquer esforços físicos até realizarem um teste de tolerância ou calor, com recomendações baseadas no resultado do teste.[44] Essa abordagem é mais útil em pacientes jovens após um episódio de golpe de calor por esforço.

O teste de tolerância ao calor faz parte do protocolo das Forças de Defesa de Israel (Israeli Defense Force) para manejo e prevenção do golpe de calor e pode ser útil para avaliar pacientes com risco de outros episódios. Os pacientes são submetidos aos seguintes protocolos:

  • A tolerância ao calor é testada por 2 horas em condições de carga térmica (40 °C [104 °F], 40% de umidade relativa).

  • O paciente caminha em uma esteira a 5 km/h (3 mph), com inclinação de 2%.

  • As temperaturas da pele e retal, bem como a frequência cardíaca, são monitoradas continuamente.

  • A taxa de sudação é determinada a partir da perda de peso, levando em conta a ingestão de líquidos e a produção de urina.

Resultados normais do teste são definidos como:

  • Temperatura retal não excedendo 38 °C (100 °F) após a primeira hora do teste.

  • Temperatura retal alcançando um platô de <38.5 °C (<101 °F) no final da segunda hora.

  • Alcançar um platô de frequência cardíaca <160 bpm durante o teste.

  • Taxa de sudação >500 mL/h após 2 horas.

Quando alguma das condições não for cumprida, há suspeita de que o paciente seja intolerante ao calor e recomenda-se a realização de um segundo teste de tolerância ao calor para confirmação.

Atletas profissionais e soldados precisam fazer o teste com um protocolo avançado.[45] Até 67% das mulheres podem ser diagnosticadas como intolerantes ao calor, de acordo com esse protocolo. Pode ser necessário um critério único a ser desenvolvido para estas pacientes.[46]

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